Livros /Estudos Doutrinários
O ESTUDO DOUTRINÁRIO E SEUS EFEITOS
Podemos enumerar os efeitos do estudo doutrinário? Que tipo de consequências ele o estudo, traria para o espírita em particular e para as sociedades espíritas envolvidas com a preocupação de seriamente conhecer a Doutrina Espírita através do estudo? Apenas para efeito didático do presente trabalho, que pode receber acréscimos do leitor, enumeremos os principais efeitos do estudo doutrinário, considerando individualmente o espírita e também a Sociedade Espírita:
1. Unidade de Princípios – Para ser entendida como a concordância advinda do estudo na mesma fonte. No caso, a Codificação Espírita. Natural que onde quer que se encontre um grupo ou pessoa que estude o Espiritismo, encontre-se a consciência dos princípios fundamentais, embora é claro respeite-se as diferenças de entendimento, pela questão da diversidade de maturidade e visão de conjunto. Porém, sem prejuízo do todo, há que se encontrar uma identidade ou semelhança de prática e estudo espírita;
2. Prática Mediúnica – Com o estudo espírita, desaparecem os conceitos de privilégio, dispensa de estudo, misticismo ou endeusamento de médiuns. O estudo espírita faz entender os médiuns como criaturas normais, apenas dotadas da sensibilidade mediúnica. Convidando ao estudo permanente de seus postulados, o Espiritismo demonstra a todos (inclusive aos médiuns) a importância e necessidade do estudo, para evitar vaidades ou auto-endeusamento, bem como a formação de conceitos, de privilégios ou uso de recompensas. Para quem estuda a Mediunidade, haverá sempre a compreensão da contínua necessidade de estudar, e a absoluta derrocada para quaisquer tentativas de transformar a mediunidade em algo místico ou espetacular, para espetáculos públicos e sensacionalistas. Ao contrário, demonstra a responsabilidade da tarefa em benefício do semelhante;
3. Compreensão do Evangelho – Com o estudo espírita, haveremos de compreender melhor os ensinos do Mestre, procurando aplicá-los na própria vida. Muitas passagens incompreendidas terão seu entendimento e aplicação facilitados, à luz da Doutrina Espírita. Entenderemos com mais facilidade o pensamento do Mestre;
4. Reforma Íntima – A tão falada reforma íntima, tema de estudos e lições trazidas pelos espíritos, deixa de ser algo constrangedor ou como exigência de conquista do dia para a noite, para ser entendida como algo que conquistaremos gradativamente, através do esforço pessoal que a Doutrina vai aos poucos interiorizando nos corações. Aos poucos, pela própria absorção dos ensinamentos, nos tornaremos mais calmos, menos exigentes, mais ponderados...;
5. Multiplicadores da Mensagem – Outro efeito extraordinário: Com o bem que a Doutrina proporciona a quem a estuda, surgirá naturalmente um desejo de fomentar a divulgação, daí advindo o surgimento de multiplicadores da mensagem, com o esforço pela escrita, oratória e outras iniciativas de divulgação. Lembrando, porém, que um comentário bem fundamentado com um vizinho ou colega de trabalho torna-se também uma tarefa de divulgação. Daí a importância de estudar para conhecer e transmitir conceitos com fidelidade doutrinária;
6. Crescimento Mental e Inteletual – Engana-se quem pensa que a Doutrina somente trata de espíritos. O estudo espírita proporciona amplo crescimento mental e intelectual, pois que tratando de todos os temas humanos, tem o mérito de fazer crescer a visão de mundo, com melhor compreensão dos fatos e acontecimentos que envolvem a vida humana;
7. Caridade – Melhor entendimento do tema. Saberemos da amplitude desta questão, não nos prendendo à superficialidade da esmola, mas compreendendo-a em toda sua amplitude de convivência com fraternidade;
8. Profilaxia – O estudo espírita é profilático, evita doenças. Isto pela própria mensagem de fé raciocinada que transmite, eliminando medos e preocupações descabidas, neuroses ou violências que minam as defesas orgânicas. Convidando à ação no bem, à permanente ocupação dos braços e da mente, cria defesas naturais contra a invasão de enfermidades provindas da mente vazia ou do estado doentio da falta de confiança em Deus ou da ausência da esperança construtiva;
9. Adepto esclarecido – Neste ponto, vale destacar, a ação espírita propriamente dita, que está distante do misticismo ou das distorções provocadas pela ignorância dos verdadeiros princípios da Doutrina. Todas as distorções, os desvirtuamentos e práticas incoerentes e distantes da Doutrina, devem-se à ignorância de seus princípios. O estudo espírita forma o espírita consciente, o adepto esclarecido, do ponto de vista de prática. Isto sem falar na moral espírita, outro fator vital.
É importante destacar que em O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo VI, item 5, no subtítulo Advento do Espírito de Verdade, este num convite/advertência, pondera:
“Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento, instruí-vos, eis o segundo.” Nesta análise da instrução, pois que o amai-vos abre outras perspectivas de análise, percebemos a importância de estudar e suas conseqüências, tanto em nível pessoal, como coletivo, nos grupos formados por espíritas. Em todos, o estudo produz seus sadios efeitos de fraternidade e trabalho consciente, ponderado, coerente. Nada de personalismos, de disputas medíocres ou melindres que colocam esforços a perder. Quando se estuda verdadeiramente, percebe-se os altos objetivos da Doutrina, procurando aplicá-los para progresso pessoal e de terceiros, inclusive da entidade a que nos vinculamos sem egoísmo, pois que entendemos que a Causa é maior que a Casa.
Na verdade, precisamos saber o que fazemos, como fazemos, para que fazemos. Isto indica coerência. E esta convida à superação dos obstáculos que tanto mal tem feito ao Movimento: desentendimentos internos, distância do Movimento, Casas isoladas, espíritas desunidos. Tudo isto é fruto da ausência de estudo.
Quando estudarmos, compreenderemos o quanto se pode realizar com a união. Saberemos que o estudo nos faz progredir e então já não leremos somente romances, mas estudaremos a Doutrina nas fontes cristalinas da Codificação.
Iniciação ao Conhecimento da Doutrina Espírita
O Que é o Espiritismo?
Espiritismo é uma doutrina revelada pelos Espíritos Superiores através de médiuns, e organizada (codificada) por um educador francês, conhecido por Allan Kardec, em 1857. Surgiu, pois, na França, há mais de um século.
O Espiritismo é Ciência
Dizemos que o Espiritismo é ciência, porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos, isto é, fenômenos provocados pelos espíritos e que não passam de fatos naturais. Não existe o sobrenatural no Espiritismo: todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica. São, portanto, de ordem natural.
O Espiritismo é Filosofia
O Espiritismo é uma filosofia porque, a partir dos fenômenos espíritas, dá uma interpretação da vida, respondendo questões como "de onde você veio", "o que faz no mundo", "para onde vai, após a morte". Toda doutrina que dá uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é uma filosofia.
O Espiritismo é Religião
Dizemos, também, que o Espiritismo é religião, porque ele tem por fim a transformação moral do homem, retomando os ensinamentos de Jesus Cristo, para que sejam aplicados na vida diária de cada pessoa. Revive o Cristianismo na sua verdadeira expressão de amor e caridade.
O Sentido da Religião Espírita
O Espiritismo não é uma religião organizada dentro de uma estrutura clerical. Neste sentido, ele é profundamente diferente das religiões tradicionais. Não tem sacerdotes, nem chefes religiosos. Não tem templos suntuosos. Não adota cerimônias de espécie alguma, como batismo, crisma, "casamentos", etc. Não tem rituais, nem velas, nem vestes especiais, nem qualquer simbologia. Não adota ornamentação para cultos, nem gestos de reverência, nem sinais cabalísticos, nem benzimentos, nem talismãs, nem defumadores, nem cânticos cerimoniosos (ladainhas, danças ritualísticas, etc.), nem bebida, nem oferendas, etc.
O culto espírita é feito no próprio coração. É o culto do sentimento puro, do amor ao semelhante, do trabalho constante em favor do próximo. Somente o pensamento equilibrado no bem nos liga a Deus e somente a prática das boas ações nos fazem seus verdadeiros adoradores. Assim, o Espiritismo procura reviver os ensinamentos de Jesus, na sua simplicidade e sinceridade, sem luxo, sem convencionalismos sociais, sem pompas, sem grandezas, pois, como nos recomendou o Mestre de Nazaré, Deus deve ser adorado "em espírito e verdade".
O Espiritismo é o consolador prometido por Jesus.
"Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei ao meu Pai, e ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: O Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, por que não O vê e não O conhece. Mas, quanto a vós, vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará, em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenho dito." (Jesus) - Evangelho de João, capítulo XIV, versículos 15 a 17 e 26.
Princípios Básicos do Espiritismo
Existência de Deus
Deus existe. É a origem e o fim de tudo. É o criador, causa de todas as coisas. Deus é a Suprema Perfeição, com todos os atributos que a nossa imaginação possa imaginar, e muito mais. Não podemos conhecer sua natureza, porque somos imperfeitos. Como uma inteligência limitada e imperfeita como a nossa poderia abranger o conhecimento ilimitado e perfeito, que é Deus?
Imortalidade da Alma
Antes de sermos seres humanos filhos de nossos pais, somos, na verdade, espíritos, filhos de Deus. O Espírito é o princípio inteligente do Universo, criado por Deus, simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços.
Como espíritos, já existíamos antes de nascermos e continuaremos a existir, depois da morte física.
Quando o espírito está na vida do corpo, dizemos que é uma alma ou espírito encarnado. Quando nasce, dizemos que reencarnou; quando morre, que desencarnou. Desencarnado, volta para o Plano Espiritual ou Espiritualidade, de onde veio ao nascer.
Os espíritos são, portanto, pessoas desencarnadas que, presentemente, estão na Espiritualidade.
Reencarnação
Criado simples e ignorante, o espírito é quem decide e cria o seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal. Desse modo, ele tem possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma série para outra, através dos diversos cursos. Essa evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcançá-la encarnando no mundo e reencarnando, quantas vezes forem necessárias, para adquirir mais conhecimentos, através das múltiplas experiências de vida.
O progresso adquirido pelo espírito, pelas experiências vividas nas inúmeras existências, não é somente intelectual, mas, também, o progresso moral, que vai aproximá-lo cada vez mais de Deus.
Mas, assim como o aluno pode repetir o ano escolar - uma, duas ou mais vezes - o espírito que não aproveita bem a sua existência na Terra pode permanecer estacionário por muito tempo, conhecendo maiores sofrimentos, e atrasando, assim, sua evolução.
Não sabemos quantas encarnações já tivemos, e muito menos quantas temos pela frente. Sabemos, no entanto, que, como espíritos atrasados, teremos muitas e muitas encarnações, até alcançarmos o desenvolvimento moral necessário para nos tornarmos espíritos puros.
Todavia, nem todas as encarnações se verificam na Terra. Existem mundos superiores e inferiores ao nosso. Quando evoluirmos muito, poderemos renascer num planeta de ordem elevada. O universo é infinito e "na casa de meu Pai há muitas moradas", já dizia Jesus. A Terra é um mundo de categoria moral inferior, haja vista o panorama lamentável em que se encontra a humanidade. Contudo, ela está sujeita a se transformar numa esfera de regeneração, quando os homens se decidirem a praticar o bem e a fraternidade reinar entre eles.
Esquecimento do Passado
Não lembramos das vidas passadas e nisso está a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente. Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são nossos filhos, nossos irmãos, nossos pais, nossos amigos, que presentemente se encontram junto de nós para a reconciliação. Por isso, existe a reencarnação.
Certamente, hoje estamos corrigindo erros praticados contra alguém, sofrendo as conseqüências de crimes perpetrados, ou mesmo sendo amparados, auxiliados por aqueles que, no pretérito, nos prejudicaram. Daí a importância da família, onde se costumam reatar os laços cortados em existências anteriores.
A reencarnação, desta forma, é a oportunidade de reparação, como é também, oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando nossa evolução espiritual. Quando reencarnamos, trazemos um "plano de vida", compromissos assumidos perante a Espiritualidade e perante nós mesmos, e que dizem respeito à reparação do mal e à prática de todo o bem possível. Dependendo de nossas condições espirituais, podemos ou não ter escolhido as provas, os sofrimentos, as dificuldades que provarão nosso desenvolvimento espiritual.
A reencarnação, portanto, como mecanismo perfeito da Justiça Divina, explica‑nos porque existe tanta desigualdade de destino das criaturas na Terra.
A finalidade da vida na Terra é, portanto:
1ª) para expiarmos o mal praticado, reparando nossos erros;
2ª) para provarmos ou medirmos nosso grau de evolução, ante as dificuldades da vida;
3ª) para ajudarmos a humanidade e exemplificarmos o bem diante dos outros;
4ª) para desempenharmos missão especial, no caso de espíritos elevados que prestam grandes serviços à humanidade.
Pelo mecanismo da Reencarnação, verificamos que Deus não castiga. Somos nós os causadores dos próprios sofrimentos, pela lei de "ação e reação".
Comunicabilidade dos Espíritos
Os espíritos são seres humanos desencarnados. Eles são o que eram quando vivos: bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, sinceros ou mentirosos.
Eles estão por toda parte. Não estão ociosos. Pelo contrário, eles têm as suas ocupações, como nós, os encarnados, temos as nossas.
Não há lugar determinado para os espíritos. Geralmente os mais imperfeitos estão junto de nós, por causa de nossas imperfeições. Não os vemos, pois se encontram numa dimensão diferente da nossa, mas eles podem ver-nos e até conhecer nossos pensamentos.
Os espíritos agem sobre nós, mas essa ação é quase que restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a matéria. Para isso, eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos especiais: essas pessoas são chamadas médiuns.
Pelo médium, o espírito desencarnado pode comunicar-se, se puder e se quiser. Essa comunicação depende do tipo de mediunidade ou de faculdade do médium: pode ser pela fala (psicofonia), pela escrita (psicografia), por batidas (tiptologia), etc. Mas, toda e qualquer comunicação não deve ser aceita cegamente; precisa ser encarada com reserva, examinada com o devido cuidado, para não sermos vítimas de espíritos enganadores. A comunicação depende da conduta moral do médium. Se for uma pessoa idônea, de bons princípios morais, oferece campo para a aproximação e manifestação de bons espíritos. Chico Xavier, por exemplo, é um bom médium, pelas qualidades morais de que é portador.
A Doutrina Espírita alerta as pessoas muito crédulas contra as mistificações e contra os falsos médiuns, que tentam iludir o público menos avisado em troca de vantagens materiais. Por isso, é importante que, antes de ouvir uma comunicação, a pessoa se esclareça a respeito do Espiritismo.
Fé Raciocinada
Para podermos crer na verdade, antes de mais nada, precisamos compreender aquilo em que devemos crer. A crença sem raciocínio não passa de uma crença cega, de uma crendice ou mesmo de uma superstição. Antes de aceitarmos algo como verdade, devemos analisa-lo bem. O mal de muita gente é acreditar facilmente em tudo que lhe dizem, sem cuidadoso exame.
"Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade". Allan Kardec.
Lei da Evolução
Cada um de nós é um espírito encarnado a caminho de Deus. A vida na Terra é sempre uma oportunidade de reajustamento no caminho do bem. A escolha nos pertence. Logo, as conseqüências boas ou más são resultado de nossas próprias decisões. É a lei da "ação e reação", das causas e conseqüências. Se, agora, estamos sofrendo, podemos concluir que a causa do sofrimento advém de erros anteriores. Se, portanto, fizermos o mal, cedo ou tarde, sofreremos a sua conseqüência "A cada um segundo as suas obras" - disse Jesus. Isso explica a razão de tanto sofrimento no mundo.
Por isso, um caminha mais depressa que o outro, como os diferentes alunos de uma mesma classe escolar. Quanto melhor nossa conduta, mais depressa nos libertaremos dos sofrimentos, encurtando o caminho da evolução.
Não há céu nem inferno, conforme pintam as religiões tradicionais. Existem, sim, estados de alma que podem ser descritos como celestiais ou infernais. Não existem também anjos ou demônios, mas apenas espíritos superiores e espíritos inferiores, que também estão a caminho da perfeição - os bons se tornando melhores e os maus se regenerando. Deus não quer que nenhum de seus filhos se perca, e a Vontade de Deus, a Suprema Vontade, é a Lei.
Se a sorte do ser humano fosse inapelavelmente selada após a morte, todos estaríamos perdidos, visto termos sido muito mais maus do que bons e quase ninguém, hoje em dia, mereceria ir para o céu de bem-aventuranças, onde só caberiam os puros.
Por outro lado, uma vida, por mais longa que seja, não é suficiente para nos esclarecera respeito dos planos de Deus. Muitos não têm sequer como garantir a própria sobrevivência e muito menos ainda oportunidade de uma boa educação. Muitos nunca foram orientados para o bem. Outros, morrem cedo demais, antes mesmo de se esclarecerem sobre o melhor caminho a seguir.
Para medirmos o quanto de absurdo existe na idéia do céu e o inferno, como penas eternas, basta que formulemos as seguintes perguntas:
- "Como é que Deus, sendo o Supremo saber, sabendo inclusive o nosso futuro, criaria um filho, sabendo que ele iria para o inferno para toda a eternidade? Que Deus seria esse? Onde a sua bondade e a sua misericórdia?"
- "E, como ficaria no céu uma mãe amorosa, sabendo que seu filho querido está ardendo no fogo do inferno?"
A Lei Moral
Portanto, ninguém está perdido. Cada qual tem a oportunidade que merece. Se um pai humano, que é imperfeito e mau, não é capaz de condenar eternamente um filho, por pior que seja, quanto mais Deus, que é o Pai Misericordioso e Perfeito, que faz chover sobre os bons e os maus, que faz com que a luz do sol ilumine os justos e injustos, indistintamente.
Disse o Cristo: - "Ninguém poderá ver o Reino dos Céus se não nascer de novo". Referia-se ao nascimento do corpo e ao renascimento moral das criaturas, isto é, ao nascimento pela "água e pelo espírito". Daí sabermos que a vida é sempre uma nova oportunidade de reconciliação com os ideais superiores do bem e da verdade.
Seguir o exemplo vivo de Jesus deve ser o ideal de todo cristão sincero.
Não adianta você dizer que pertence a esta ou àquela religião. Não adianta permanecer orando o tempo todo. O importante é a prática, é a vida de todos os dias, porque,
como disse Tiago: "A FÉ SEM OBRAS É MORTA". E por falar em fé, veja como está sua vida!
- Como você vem tratando seus familiares: seu pai, sua mãe, seus irmãos, seu esposo ou sua esposa, seus filhos?
- Como você trata as pessoas estranhas?
- Como você se conduz no trabalho, na escola, no clube, na via pública em relação às outras pessoas com quem convive?
- Como você reage a uma ofensa? a um gesto de agressão? a uma calúnia? a uma ingratidão? a uma decepção na vida?
- Como você reage a um problema familiar? à perda de um ente querido? a urna doença incurável?
- E o. que você vem fazendo em favor dos outros?
“Amai-vos uns aos outros" - recomendou Jesus.
E não há outra maneira de amar, se não formos caridosos. Caridade é ser benevolente, paciente, tolerante, humilde. E fazer para os outros o que desejamos que nos façam. Como não queremos que nos façam o mal, mas todo o bem possível, assim também devemos agir para com eles: familiares, parentes, amigos, estranhos e até inimigos.
A obrigação do cristão é ser um trabalhador do bem, dando sua parte, por pequena que seja, na luta por um mundo melhor.
Podemos fazer tudo isso, cuidando melhor de nossas atitudes, vigiando nosso comportamento diário, sendo mais atenciosos e gentis, vendo, nos outros, mais suas qualidades, e finalmente, sendo mais exigentes para conosco mesmos.
Ajudar o pobre, socorrer o desesperado, assistir ao doente, orientar o desajustado, levar palavras de conforto e esperança ao aflito, divulgar e viver os ensinamentos de Jesus, tudo isso constitui as bases do verdadeiro amor por ele ensinado e exemplificado, há quase 2.000 anos.
Seguindo as pegadas de Jesus, pelo amor vivo que manifestou ao mundo, Allan Kardec proclama.
"FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO".