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Perguntas e Respostas

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Deus, o criador do Universo

O que é Deus? Como sabemos se Ele existe?
É a causa primária de todas as coisas, inteligência suprema que a tudo criou. Conhecemos Deus através da sua criação, observando a natureza e a perfeição existente nas leis naturais, no encadeamento lógico de tudo o que existe.

Deus sabe antecipadamente que vamos falhar em nossas provações?
Deus não nos enviaria para situações que estariam antecipadamente condenadas ao fracasso. As provas e expiações são proporcionais à necessidade do Espírito. É claro que Ele conhece a todas as suas criaturas e sabe de suas tendências e potencialidades. Sabe que um poderá falhar em áreas onde outro terá sucesso. Mas se o Espírito pede determinada prova ou expiação, evidentemente é porque sabe que tem condições para suportá-las. Poderá falhar, como poderá sair vitorioso, dependendo da melhor disposição para vencer as más inclinações. Em tudo a Sabedoria Divina nos encaminha para vivenciar as situações necessárias ao avanço do Espírito. A beleza das leis está justamente na possibilidade que se têm de refazer o trabalho, caso se tenha falhado em algum ponto.

Qual a natureza de Deus?
A natureza de Deus difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma Ele seria mutável. Não existe na linguagem humana, palavras que possam definir a verdadeira natureza da Divindade. Quando o Espírito atinge o estágio de pureza, ele compreende o Criador de modo mais amplo. Até lá, sua idéia a respeito do Pai é apenas relativa ao seu grau de adiantamento.

 






 

Espírito, perispírito e mundo espírita

O que é Espírito?
O Espírito é o princípio inteligente da Criação. São criados todos da mesma forma, simples e ignorantes, sujeitos à Lei da Evolução. Progridem em tempo que varia conforme as condições e necessidades de cada um, dentro de uma trajetória que vai das sensações à angelitude, passando pelos caminhos do instinto, inteligência e razão. Através de milhares de encarnações no plano físico, a evolução do Espírito se consolida no campo da sabedoria e da moralidade. Nos estágios inferiores, são conhecidos como demônios ou diabos. No estágio de pureza, que adquirem depois de inúmeras reencarnações, são os anjos, os arcanjos e os serafins.

O que é perispírito?
É o corpo astral do Espírito, para usarmos uma linguagem mais popular. É o elo que liga o Espírito (ser abstrato) à matéria. Deriva do fluido universal e sua textura varia de acordo com o ambiente do planeta onde o Espírito habita. É o intermediário entre o corpo e o Espírito. Morfologicamente seria como uma cópia do corpo físico, só que menos denso, pois feito de uma matéria diferente, imponderável e imperceptível aos nossos sentidos físicos normais. O apóstolo Paulo chamou-o "corpo espiritual". Quanto mais evoluído for o Espírito, mais etéreo será o corpo espiritual.

O que é um Espírito errante?
É o Espírito que permanece no mundo espiritual, no intervalo entre uma encarnação e outra, aprendendo e se preparando para novas experiências. O tempo de erraticidade depende do grau evolutivo do Espírito e de suas necessidades de aprendizado. Só os Espíritos puros não são errantes, pois não mais necessitam reencarnar.

Podemos ser influenciados pelos Espíritos?
Sim, podemos. A Doutrina Espírita nos instrui que somos guiados pelos Espíritos muito mais do que podemos supor. Uns nos inspiram a seguir o caminho do Bem e das boas realizações. Outros, nos influenciam sugestionando-nos para o mal. Pela nossa vontade e livre arbítrio podemos resistir ou ceder a essas influências. Entendendo a dinâmica da relação entre os fluidos espirituais e nosso corpo espiritual, podemos compreender como se dá essa influenciação.

O que é e como se procede uma lavagem do perispírito? O conceito desse procedimento está expresso no livro "Consciência" de Luiz Sérgio.
Conceitos estranhos podem ser encontrados em muitos livros psicografados, por isso torna-se necessário que se proceda ao estudo sério das obras de Allan Kardec, que traduziu os pensamentos dos Espíritos superiores, a fim de que não se absorvam ensinamentos falsos e fantasiosos. O perispírito é o corpo astral do Espírito e varia segundo a moralidade deste. Pode-se energizar o perispírito de alguém, derramando sobre ele fluidos salutares, o que o tornará mais limpo. Porém, tal procedimento é apenas passageiro. A única forma de "limpar" o perispírito definitivamente é moralizando o Espírito, tornando o seu envoltório mais leve e diáfano, à medida que atinge estágios mais avançados de evolução.

Como é a constituição do perispírito em função da moralidade do Espírito?
O perispírito é uma condensação do fluido cósmico universal em torno de um foco de inteligência ou alma. É formado pelos fluidos ambientais, sendo, portanto, diferentes de acordo com os mundos habitados. Nos mundos mais atrasados o perispírito é mais grosseiro e denso; nos mundos mais adiantados ele é mais leve e etéreo, pois habitam ali Espíritos mais evoluídos, favorecendo, evidentemente, ambiente energético melhor e mais purificado. Percebe-se, então, que a natureza do corpo espiritual está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito, sendo mais grosseiro nos atrasados e mais diáfano nos adiantados. Será tanto mais tênue quanto mais elevado for o Espírito.

Uma alma que atingiu a perfeição não volta a reencarnar? Nesse estado tem perispírito?
Os Espíritos que atingem a perfeição são os chamados Espíritos Puros. Eles reencarnam apenas em missão, com o objetivo de fazer progredir a humanidade. Segundo Allan Kardec, são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal. O perispírito, como sabemos, é o envoltório da alma. É a forma de manifestação do Espírito e sua natureza fluídica está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Portanto, os Espíritos puros possuem perispírito, mas de uma matéria tão etérea que, para nós que habitamos os planos mais próximo da matéria, é como se não existisse.

Onde está a memória do Espírito? Alguns livros dizem que é no perispírito. O que diz a Codificação?
A sede da memória, ou seja o patrimônio adquirido pela individualidade, não pode estar no perispírito e sim na Alma ou Espírito. O perispírito também é matéria, embora de uma natureza diferente da que conhecemos. É o corpo do Espírito e por onde ele se manifesta em plenitude. Cada perispírito é formada das substâncias fluídicas do ambiente onde o indivíduo habita. Portanto, o Espírito ao mudar de mundo também muda de perispírito, como se trocasse de roupa. Se admitíssemos que a sede da memória estivesse no perispírito, neste ato toda experiência acumulada ficaria no mundo anterior, o que certamente a razão repudia. Portanto, a sede da memória, ou seja, toda a história e patrimônio moral e intelectual do ser encontra-se no "sensorium comune" do Espírito, como um arquivo de onde o indivíduo retira de lá os dotes acumulados durante toda a sua trajetória evolutiva.

Relata o espírito "André Luiz" em um dos livros psicografados por Chico Xavier, que após período de trabalho na Terra, retorna à colônia Nosso Lar e, em repouso deixa seu corpo (perispiritual), indo ao encontro de sua Genitora. Pergunto: Com que corpo? O Espírito tem mais de um perispírito?
É necessário levar em consideração que a tese abordada pelo Espírito André Luiz não recebeu a chancela do Controle Universal dos Espíritos, mecanismo que, segundo Allan Kardec, deveria aferir as novas revelações vindas da Espiritualidade. Por alguns equívocos dos espíritas, tal mecanismo nunca foi criado. A projeção astral de André Luiz a um plano superior ao que se encontrava, durante o repouso, fundamenta-se na hipótese de que o corpo de manifestação do Espírito no mundo exterior se divide em sete camadas. A mais interior seria o próprio Espírito e a exterior, o corpo carnal. Desse modo, estando estacionado nas regiões onde os Espíritos estariam de posse do seu sexto veículo fluídico, André teria se projetado num plano onde as entidades espirituais (mais desmaterializadas) usariam seu quinto corpo astral. Ambas as revelações, no entanto, só devem ser admitidas como hipóteses de estudos, até que possam se submetida ao Controle Universal dos Espíritos, se é que ele um dia vai ser criado.

Se o nosso arquivo desta vida e das vidas passadas se encontram gravadas em nosso perispírito e ele tende a desaparecer com a nossa evolução, como e onde ficam estes arquivos?
Já dissemos em perguntas anteriores que a memória do Espírito não se encontra no perispírito. Este é um conceito retirado de livros psicografados (que não foram submetidos ao Controle Universal - inexistente) e não do pensamento dos Espíritos superiores responsáveis pela Codificação. A teoria contraria as Obras Básicas e evidentemente não encontra fundamento lógico que possa explicá-lo. A memória da individualidade se encontra na intimidade do Espírito, em seu arquivo permanente, no que se chama "sensorium comune". O perispírito é matéria. Seria uma incoerência acreditar que a coisa mais importante para Espírito, que são suas experiências vividas, pudesse estar atrelada e confinada à matéria. Veja mais sobre o assunto em perguntas anteriores, nesta mesma página.

Há inferno, céu e purgatório?
O céu ou o inferno, como lugar circunscrito, não existe. Allan Kardec, em "O Céu e o Inferno", nos diz que o céu, o purgatório e o inferno são estados de consciências e não um lugar físico. Evidente que através das afinidades de pensamentos, os Espíritos agrupam-se em determinadas regiões do mundo astral, dando origem a ambientes agradáveis, de sofrimento ou conturbados, que caracterizaram e deram origem aos termos usados no catolicismo.

Existem anjos e demónios?
Deus que é soberanamente justo e bom, não poderia ter criado criaturas destinadas infinitamente a permanecer no mal, como também ter criado Espíritos perfeitos desde sua origem, sem que eles fizessem nenhum esforço para isso. Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e, através das experiências, vai adquirindo saber e moralidade até atingir a perfeição. Em sua trajetória evolutiva permanece na ignorância por algum tempo, vivendo as experiências do bem e do mal, dependendo de seu livre arbítrio. Os demônios é a denominação que foi dada para Espíritos que ainda não evoluíram moralmente, e que se comprazem no mal, mas que um dia perceberão seus erros. Os anjos são Espíritos puros, que já evoluíram moral e intelectualmente, através de seus esforços desde a sua criação. Só assim se explica a bondade e a justiça de Deus.

Os Espíritos, que não necessitam mais da matéria continuam com o perispírito no plano espiritual?
Sim, continuam a necessitar dele. Aprendemos com a Doutrina Espírita que o corpo espiritual se eteriza na medida em que o Espírito evolui na senda do progresso. O perispírito é necessário à manifestação da individualidade no mundo espiritual. Na encarnação é elo entre o Espírito e matéria. Quando desencarnados podemos dizer que é o próprio Espírito se manifestando plenamente. Mais subsídios podem ser encontrados em A Gênese, capítulo XIV, itens 7 a 12.

Como os Espíritos se locomovem?
Os Espíritos esclarecidos se locomovem através do pensamento. Movimentam-se mais ou menos rápido dependendo da evolução de cada um. Os Espíritos pouco adiantados se movem no mundo invisível, como o fazem os homens na Terra.

Os Espíritos podem nos visitar?
Freqüentemente o fazem. Nunca estamos sozinhos. Os bons Espíritos procuram nos ajudar através da intuição, e os maus nos trazem influências que nos perturbam o equilíbrio (obsessões). O hábito da oração e vigilância constantes nos faz menos sujeitos às más influências.

Todos os Espíritos podem se comunicar logo após sua morte?
Sim, pelo menos teoricamente, todos os Espíritos podem se comunicar após a morte do corpo físico. Porém, a Doutrina Espírita nos ensina que o Espírito sofre uma espécie de perturbação (que nada tem ver com desequilíbrio) que pode demorar de horas até anos, dependendo do tipo de vida que tenha tido na Terra e do gênero de sua morte. Os Espíritos que são desprendidos da matéria desde a vida terrena, tomam consciência de que estão fazendo parte da vida espírita bem cedo, porém aqueles que viveram preocupados apenas com seu lado material permanecem no estado de ignorância por longo tempo. Dado o pouco adiantamento espiritual dos habitantes do planeta, pode-se concluir que as mensagens mediúnicas creditadas a pessoas famosas que desencarnam precocemente, não merecem credibilidade.

O que acontece com o nosso Espírito quando dormimos?
No descanso do corpo físico, o Espírito desprende-se e aproveita para retomar parcialmente sua relativa liberdade, permanecendo ligado ao corpo físico por um cordão fluídico/energético. Dependendo de seus interesses e evolução poderá aproveitar estes momentos para visitar outras esferas espirituais onde terá oportunidade de aprender e trocar idéias com seres que com ele se afinizam. Pode também visitar amigos que estão no plano físico ou no plano espiritual. Se são Espíritos excessivamente apegados a matéria, poderão buscar ambientes mundanos para se satisfazerem. Se ao despertar sentimos paz e alegria, é que estivemos em boas companhias, mas se acordamos de mau humor, cansados e oprimidos, é porque estivemos com Espíritos ignorantes. Portanto devemos ter como hábito, antes de dormir, orar a Deus e aos bons Espíritos para que, durante o sono, nossa Alma possa estar em sintonia com os planos elevados da Criação.

Os Espíritos fazem sexo após a morte? Eles conservam suas vontades sexuais?
Normalmente não há relação sexual após a morte, pois este é um ato ligado à experiência no plano carnal. O que pode acontecer no mundo invisível, é que o Espírito desencarnado ainda obcecado pelo sexo, envolva-se com outros da sua mesma natureza e se mantenham alimentando-se mentalmente dos hábitos e costumes que cultivaram em vida. É comum ligarem-se a pessoas encarnadas, cujas tendências lhes são afins, para satisfazerem suas necessidades sexuais. Nos planos espirituais onde habitam os Espíritos esclarecidos não há qualquer atividade no campo da sexualidade.

Existem almas gémeas?
Não existem almas gêmeas no sentido que normalmente se dá a esse termo. Não há um homem criado especialmente para uma mulher ou vice-versa. Essa idéia, usada para justificar paixões transitórias, é puramente humana e nada tem a ver com as informações dadas pelos Espíritos superiores que revelaram a Doutrina Espírita. O objetivo de todos os Espíritos é atingir a perfeição e nesse estado todos se reconhecerão como verdadeiros irmãos.

Os Espíritos podem ler nossos pensamentos? É certo dizer que deve-se orar sempre com a mente, e nunca com os lábios, falando?
Os Espíritos podem ler nossos pensamentos sim, dependendo de seu grau de afinidade para conosco ou de sua condição evolutiva. Quanto à prece, você pode fazer com o pensamento, mas acima de tudo com o sentimento sincero de respeito e gratidão a Deus. As preces altas e longas são feitas


 mais para serem vistas pelos homens do que para serem ouvidas por Deus.

 

Gostaria de saber, no que diz respeito ao estado de perturbação espiritual, o que se passa com Espíritos que quando encarnados não tiveram a oportunidade de se esclarecerem quanto ao seu estado futuro nos seguintes casos: por ocasião de seu enterro; em caso de cremação de seu corpo; em caso de doação de órgãos?
Em todos os casos referidos, o Espírito que não tenha a compreensão da vida após a morte sofre muito. Pode ver seu enterro e se angustia. Pode ver seus órgãos sendo retirados e é um desespero por sentir-se ainda vivo. Pode sentir-se queimando, pela mesma razão. Mas o seu sofrimento depende do nível moral dele, da forma como encarou a vida, da sua condição evolutiva. Mesmo que ele não tenha a compreensão da vida verdadeira (espiritual) se ele foi uma pessoa digna, justa e se preocupou com o outro, será atendido mais prontamente e poderá compreender rapidamente o que se passa com ele. Neste caso, não passará por essas provações acima ditas. O que importa não é conhecimento que ele tem da vida espiritual, mas o que ele tem no coração. Tem pessoas que tinham um grande conhecimento da Doutrina Espírita e depois que desencarnam sofreram grandes decepções e sofrimentos.

 






 

Os fluidos e o passe

Que são fluidos?
Os fluidos são o veículo do pensamento dos Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Todos estamos mergulhados no fluido cósmico universal, substância básica da Criação, que varia da imponderabilidade até a ponderabilidade. Os fluidos espirituais estão impregnados dos pensamentos dos Espíritos, portanto varia de qualidade ao infinito. A atmosfera fluídica é formada pela qualidade dos pensamentos nela predominantes.

O que é o Passe?
É a transferência de fluidos de uma pessoa a outra, através da prece e imposição de mãos, procedimento largamente usado nos centros espíritas. As energias são oriundas dos fluidos humanos (do passista) e fluidos espirituais (dos Espíritos que trabalham com a equipe de médiuns). Existem três tipos de magnetismo: o humano, o espiritual e o misto. O tipo de magnetismo utilizado nas casas espíritas é o misto, pois à ação dos encarnados soma-se a ajuda benéfica dos Espíritos que trabalham na área, qualificando, direcionando e potencializando os fluidos.

O que é um passe anímico?
Animismo é um termo usado para designar a ação oriunda do próprio médium. Passe anímico é aquele em que se utiliza o magnetismo humano (do médium). Allan Kardec nos ensina que os fluidos oriundos do magnetizado sempre recebe a ação espiritual, mesmo que ele não acredite nisso, pois todos possuem anjos guardiães ou guias espirituais. Além do mais, estando mergulhado no fluido cósmico universal, o passista sofre a ação do mundo espiritual sobre ele. Nos centros espíritas, onde teoricamente os Espíritos estarão trabalhando em muito maior escala, não se concebe que tenha um passe sem a ajuda deles. Seria um contra-senso. Os passes aplicados nos centros espíritas não são, portanto, anímicos. Algumas técnicas e conceitos sobre o passe foram divulgadas no Movimento Espírita por Edgar Armond (um esoterista que converteu-se ao Espiritismo) orientada no passado por ele. É daí que vem as teorias dos passes anímicos e outros tantos que vemos nas casas espíritas. Mais instruções sobre o assunto podem ser encontradas na apostila Espiritismo para Iniciantes, no capítulo "O Passe".

Existe passe especial?
O passe especial foi uma denominação inadequada dada ao passe ministrado às pessoas em tratamento nos centros espíritas. Logo foi visto como sendo "diferente" e as pessoas querem recebê-lo a todo custo. Na maioria das vezes é desnecessário, pois o passe convencional atende às necessidades gerais. A diferença entre os passes está na equipe espiritual que secunda os passistas no momento do atendimento, no tempo de imposição das mãos sobre o paciente e nas diversas fases do processo terapêutico utilizado nas casas. E, é claro, depende das condições morais de quem o aplica. De nada adiantam técnicas, formas ou teorias especiais se o passista for pessoa de má índole ou não trabalhar por sua depuração moral.

Qual diferença entre passe magnético e passe espiritual?
O passe magnético é aquele onde a energia utilizada provém apenas do encarnado, ou seja, é utilizado o magnetismo humano. No passe espiritual são utilizados os fluidos dos Espíritos, que do mundo invisível agem sobre os indivíduos. No passe misto existem os dois tipos de fluidos, o humano e o espiritual, sendo largamente utilizado nos centros espíritas na cura das doenças físicas e psíquicas.

Existem milagres?
O milagre é fenômeno que não se consegue explicação racional e nos parece sobrenatural. Na verdade é apenas a manifestação intencional (provocada por agentes conscientes) ou espontâneas (causadas por agentes inconscientes) de determinadas leis da natureza, ainda desconhecidas pelo homem. Deus criou leis perfeitas e imutáveis. Se o milagre existisse seria uma transgressão a estas leis. O que existe é a ignorância dos princípios que regem as leis de Deus. O que pode parecer milagre para uns, é perfeitamente explicável para outros. Por exemplo um índio selvagem que visse um eclipse do sol, acharia aquilo um milagre, mas estudando astronomia, percebe que um astro se sobrepõe a outro com um fenômeno natural. A ciência ajuda na desmistificação dos milagres. Chegará o dia em que em todos conhecerão as leis que regem os fluidos, a mediunidade, a influência do mundo espiritual sobre o mundo físico, a ação dos Espíritos sobre a matéria etc.

Com relação à água fluidificada, a quantidade de um recipiente pode ser tomada por todos os membros de uma família, ou teria que ser um recipiente para cada membro da família?
A água fluidificada é considerada magnetizada pelos Espíritos, contendo portanto alterações ocasionadas pelos fluidos salutares ali colocados para o equilíbrio de alguma enfermidade física ou espiritual. Deve ser usada como um medicamento. Manda o bom senso que não se usem remédios sem necessidade, portanto só deve usar a água fluidificada quem estiver necessitando dela. O hábito de levar para casa litros e litros de água fluidificada para ser usada por toda a família todos os dias, não faz sentido, quando a prevenção energética ou reposição de fluidos do corpo espiritual é feito através do passe regular.

Por que fechar o vaso que contém a água a ser fluidificada?
O frasco que contém a água a ser fluidificada tanto pode estar aberto quanto fechado. Por uma questão de higiene certamente que será muito melhor que ele esteja com tampa. Isto não influi no resultado da magnetização, pois as substâncias colocadas na água pelos Espíritos que trabalham na fluidoterapia, através da imposição das mãos dos encarnados, atravessam os campos da matéria tangível com facilidade.

Qualquer pessoa pode aplicar passes?
Sim qualquer pessoa pode doar de suas energias, mas nem todos devem fazê-lo, pois a condição moral do indivíduo influencia diretamente na qualidade dos fluidos doados. A tarefa do passista, como qualquer outra que se desempenha no campo religioso, carece de preparo moral e esforço constante para vencer as más inclinações. Só a boa vontade não basta. Os Espíritos superiores ensinam que os fluidos espirituais podem ser alterados quando passam pela estrutura do encarnado e que apenas a moralização deste pode dar a garantia de bons resultados. Daí a razão pela qual nem sempre as pessoas se beneficiam com os passes a que se submetem por anos a fio nas casas espíritas que não primam pela boa qualidade espiritual de suas práticas.

A atividade do princípio vital está condicionada ao trabalho dinâmico dos órgãos? Ou seja, os órgãos são a causa geradora do princípio vital?
É o contrário. Allan Kardec diz que o princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos, mas uma coisa depende da outra, ou seja o princípio vital não existe sem a matéria e a matéria não tem vida sem o princípio vital. Os Espíritos afirmam que uma das modificações mais importantes do fluido universal é o fluido vital. Ele é o responsável pela força motriz que movimenta os corpos vivos. Sem ele, a matéria é inerte. Podemos dizer que ele é responsável pela animalização da matéria, pois, segundo os Espíritos, a vida é resultado da ação de um agente sobre a matéria. Esse agente é o fluido vital. É ele que dá vida a todos os seres que o absorvem e assimilam. A matéria sem ele não tem vida assim como ele sem a matéria não é vida. Quando os seres orgânicos perdem a vitalidade, por ocasião da morte, a matéria se decompõe formando novos corpos e o fluido vital volta à massa, ao todo universal, para novas combinações e utilizações no Universo.

No caso dos vegetais e animais como funciona o princípio vital?
Da mesma maneira, ou seja, produzindo energia, como uma força motriz.

O princípio vital absorvido pelo corpo humano é o mesmo que anima os animais e vegetais?
O princípio vital é o mesmo, mas sofre modificações segundo as necessidades das espécies.

O fluido animalizado do médium, nome dado por alguns autores, é o mesmo que ectoplasma?
É a mesma coisa. Apenas uma questão de forma.

No caso da escrita direta, com ou sem utilização do lápis pelo Espírito, é necessário o fornecimento do ectoplasma para se dar o fenômeno?
Sim, em todos os fenômenos, inclusive de cura, é necessário o ectoplasma.

O que é água fluidificada?
É a água magnetizada por fluidos espirituais e humanos, realizada com as preces e imposição das mãos.

 







 

A prece

O que é a prece?
A prece é uma evocação das forças espirituais. É um ato de comunhão dos nossos pensamentos com os Espíritos superiores e atitude de submissão a Deus. Através da prece entramos em sintonia com o plano espiritual, e somos assistidos por Espíritos bons. A prece feita com sinceridade de sentimentos atrai o concurso dos amigos espirituais ou do anjo da guarda que nos assistem, dando-nos sustentação em nossas dificuldades.

Quando realizamos uma oração direcionada aos bons Espíritos até mesmo a Jesus, nesse mesmo instante estaremos sendo ouvidos por Eles?
A prece feita com sinceridade e fervor é sempre ouvida pelos Espíritos superiores encarregados de fazer cumprir a vontade de Deus. São esses Espíritos que nos assistem, dependendo do nosso merecimento, não importando muito a quem estamos endereçando o pedido. Sugerimos a leitura do Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, itens 5 a 15.

Qual a importância da oração Pai Nosso?
Colocaremos aqui a opinião de Allan Kardec, encontrada em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 28, item 2, por acharmos de importância que se conheça a opinião dele sobre o assunto, já que no movimento espírita, infelizmente, não se têm o hábito de valorizá-la por acharem tratar-se de prece católica. Diz o mestre o seguinte: "De todas as preces é a que eles (os Espíritos superiores – grifo nosso) consideram em primeiro lugar, seja porque vem do próprio Jesus (Mateus, VI:9-13), seja porque ela pode substituir a todas as outras, conforme a intenção que se lhe atribua. É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade, na sua simplicidade. Com efeito, sob a forma mais reduzida, ela consegue resumir todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra ainda uma profissão de fé, um ato de oração e submissão, o pedido das coisas necessárias à vida terrena e o princípio da caridade. Dizê-la em intenção de alguém é pedir para outro o que desejaríamos para nós mesmos".

 








 

O fenómeno da morte

O que acontece com o nosso Espírito quando morremos?
Continuamos com nossa individualidade, isto é, teremos os mesmos conhecimentos, qualidades e defeitos que tivemos em vida. A morte não nos livra das imperfeições. Seguiremos pensando da mesma forma. Nosso Espírito será atraído vibratoriamente para regiões astrais com que se afiniza moralmente. Se formos excessivamente apegados à vida material, ficaremos presos ao mundo terreno, acreditando que ainda estamos fazendo parte dele. Essa situação perdurará por certo tempo, até que ocorra naturalmente um descondicionamento psíquico. A partir desse ponto, o Espírito será conduzido às colônias espirituais, onde receberá instrução para mais tarde retornar à carne.

Todos os Espíritos podem se comunicar logo após sua morte?
Sim, pelo menos teoricamente, todos os Espíritos podem se comunicar após a morte do corpo físico. Porém, a Doutrina Espírita nos ensina que o Espírito sofre uma espécie de perturbação (que nada tem ver com desequilíbrio) que pode demorar de horas até anos, dependendo do tipo de vida que tenha tido na Terra e do gênero de sua morte. Os Espíritos que são desprendidos da matéria desde a vida terrena, tomam consciência de que estão fazendo parte da vida espírita bem cedo, porém aqueles que viveram preocupados apenas com seu lado material permanecem no estado de ignorância por longo tempo. Dado o pouco adiantamento espiritual dos habitantes do planeta, pode-se concluir que as mensagens mediúnicas creditadas a pessoas famosas que desencarnam precocemente, não merecem credibilidade.

O que acontece com os recém-nascidos que logo morrem? E por que isto acontece?
O Espírito de criança morta em tenra idade recomeça outra existência normalmente. O desencarne de recém-nascidos, freqüentemente, trata-se de prova para os pais, pois o Espírito não tem consciência do que ocorre. A maioria dessas mortes, entretanto, é por conta da imperfeição da matéria.

Se uma criança desencarna de acidente na idade de 11 anos, ela é socorrida pelos Espíritos na mesma hora?
Os desencarnes súbitos, de uma forma geral, são muito traumáticos para o Espírito. Allan Kardec diz que no processo de desencarne, todos sofrem uma espécie de "perturbação espiritual", que pode variar de algumas horas a anos, dependendo da evolução de cada um. Nos desencarnes convencionais geralmente os Espíritos permanecem sem consciência do que lhe aconteceu por um certo tempo e, se têm merecimento, são recolhidos às colônias socorristas existentes próximas da crosta terrena. Ali são devidamente atendidos. Nos casos de desencarne de crianças, suspeita-se que sejam atendidas de imediato pela Espiritualidade, em função de estarem num estado psíquico especial, próprio da infância. Não estando de posse de todas as suas faculdades, não seria lógico admitir que ficassem em estado de sofrimento por causa dos atos da vida. Claro, a responsabilidade aumenta na medida em que a maturidade avança, criando condições para o Espírito ficar em estado de sofrimento por um tempo mais longo, se for necessário. Não há uma idade definida, que marque o início da fase adulta, assim como não há um ponto definido que separe o dia da noite. Em determinado período se confundem, mas acabam se definindo a seguir. De uma maneira geral, pode-se concluir que todos os Espíritos que desencarnam em fase infantil são imediatamente atendidos pela Espiritualidade.

Porque pessoas jovens, boas, desencarnam prematuramente, enquanto há pessoas más que vivem por muitos anos?
Se olharmos as coisas dentro da ótica materialista, certamente não encontraremos resposta para esta delicada questão. Se, no entanto, partirmos do princípio que somos seres imortais e que estamos em uma escalada evolutiva em direção à perfeição, compreenderemos com facilidade que a vida terrena é apenas parte desse processo. A verdadeira vida é a espiritual e quando encarnados cumpre-se as etapas necessárias ao aprimoramento do Espírito imortal. As diferenças existentes entre as pessoas são as várias etapas em que o Espírito se encontra em termos de evolução. O viver muitos anos, portanto, é muito relativo. A vida terrena é a escola que a criatura precisa para se aprimorar e o tempo que deve demorar aqui depende de sua necessidade. Os Espíritos bons, geralmente necessitam mesmo de menos tempo.

Uma criança, quando desencarna, seu Espírito terá a mesma idade que ela tinha, quando era encarnada?
Sim, dependendo no entanto de sua maturidade espiritual. O Espírito, quando desencarna, permanece com os mesmos condicionamentos mentais que tinha na Terra, até que se conscientize de sua real situação. Permanecerá em estado de criança ou de adolescente, por um determinado tempo, dependendo de sua evolução, ou seja, de seu grau de entendimento, até que adquira plena consciência de sua condição e de suas necessidades. Isso, geralmente acontece com Espíritos que ainda estão em situação de pouca evolução espiritual. Por isso, nas colônias socorristas próximas à crosta terrestre, encontram-se Espíritos em condição de crianças e adolescentes. Deve-se saber, entretanto, que esta situação perdura apenas por um determinado período.

Quando uma pessoa morre de morte acidental, por exemplo por afogamento, e ainda é muito jovem (18 anos) como fica o seu Espírito?
Todas as pessoas, ao desencarnarem, passam por um período mais ou menos longo de perturbação espiritual, podendo durar de algumas horas a anos, dependendo de seu grau evolutivo. Quando o Espírito é muito jovem, e certamente experimenta uma vida de muita atividade, pode permanecer sem entender sua situação por um tempo, como pode ser logo socorrido pelos Espíritos amigos que trabalham nessa área. Isso vai depender do seu merecimento. Se permanecer revoltado por ter retornado cedo, criará para si um ambiente vibratório ruim, que o levará a experimentar grandes dores morais nas zonas de sofrimento.

Os Espíritos ao desencarnarem conservariam intactas suas auras externas ? Seriam ainda emanações de seu perispírito?
Aura é um termo utilizado no meio espírita, originada do esoterismo, e se refere à atmosfera fluídica criada em torno da pessoa pelas emanações energéticas do seu corpo espiritual. Allan Kardec não deu atenção a isso na Codificação, por se tratar de assunto de pouca importância para a compreensão da ciência dos fluidos. A "aura" nada mais é do que um efeito, causado pela irradiação íntima do Espírito. Não, a "aura" não é uma emanação do perispírito que, por si mesmo, nada é, a não ser uma massa fluídica estruturada pelo Espírito com sua projeção interior, para se manifestar no mundo exterior.

Quando desencarnamos, sendo levados para as colónias socorristas, teria como nossos entes queridos ficarem sabendo em qual delas nos encontramos?
Se forem entes desencarnados, isso dependerá da afinidade espiritual existente entre o nosso Espírito e os deles. Também se deverá levar em conta a condição evolutiva de cada um. Se são pessoas muito diferentes em moralidade, certamente irão para lugares distintos. Os mais atrasados podem desconhecer onde estão os mais adiantados. Os que nos precederam, dependendo de suas condições espirituais, poderão nos amparar no momento do desencarne e, evidentemente, saber para onde vamos.
Se a informação refere-se aos entes que ficaram no mundo material, eles poderão saber as condições do Espírito desencarnado, ou o lugar onde se encontra, evocando-o numa sessão prática de Espiritismo feita por grupos sérios.

O que acontece ao nosso anjo da guarda quando desencarnamos?
O anjo de guarda é um Espírito protetor de uma ordem elevada que Deus, por sua imensa bondade, coloca ao nosso lado, para nos proteger, nos aconselhar e nos sustentar nas lutas da vida. Cumprem uma missão que pode ser prazerosa para uns e penosa para outros, quando seus protegidos não os ouvem seus conselhos.
Quando desencarnamos, ele também nos ampara e freqüentemente o reconhecemos, pois, na verdade, o conhecemos antes de mergulhar na carne. Claro que tudo depende da condição evolutiva da pessoa em questão. O anjo da guarda poderá também nos guiar em outras experiências, por muitos e muitos tempos.

Todos os Espíritos sem exceção, mesmo os sofredores, podem conhecer a intimidade dos nossos pensamentos?
Para os Espíritos nada há que seja escondido. O pensamento é a forma de comunicação no plano invisível. Quando se emite um pensamento, ele impregna o ambiente e logicamente os que estão na dimensão espiritual o captam com facilidade. Quanto a conhecer na intimidade o que vai na alma de cada um, depende do estado mais ou menos lúcido do desencarnado em questão e ainda de suas condições morais. Como regra geral, pode-se afirmar que uma natureza má simpatiza com uma natureza má que lhe conhece a intimidade. Assim também é com os bons Espíritos. Os Espíritos sofredores podem estar passando por um período de perturbação (mais ou menos longo, conforme o caso) e não se encontrarem em condições de sondar a intimidade daqueles com quem tinham relações. Porém, não deixam de sofrer as influências vibratórias das coisas boas ou ruins que forem feitas por essas pessoas.

É possível, mesmo a pessoas menos esclarecidas, a comunicação com entes desencarnados a que foram intimamente ligados na Terra, e dos quais sentem muitas saudades?
Sim é possível, pois o intercâmbio entre os dois mundos é muito fácil e comum. Mas deve-se ter muito cuidado com as comunicações ditas de parentes desencarnados, pois como se sabe, embora a mediunidade seja um fator ligado à potencialidade orgânica, o uso que se faz dela depende da moral do médium. Muitas vezes não há como identificar se aquela comunicação é autêntica, principalmente se é dada por médiuns sem preparo para a tarefa. Freqüentemente ligam-se a esses, Espíritos enganadores que se comprazem em brincar com a dor alheia, ou então que querem estimular o ego do médium, emprestando a este uma importância que não tem.

 







 

A reencarnação

O que é a Reencarnação? Para que serve?
Reencarnar é voltar a viver num novo corpo físico. É uma nova oportunidade de aprendizado, como prova do amor de Deus para seus filhos. Só através da reencarnação se prova a justiça e a bondade de Deus, pois é a única explicação racional para as desigualdades sociais existentes no mundo. Como explicar o fato de crianças que morrem em tenra idade, enquanto outras criaturas vivem quase 100 anos? Como explicar os que nascem com saúde perfeita, enquanto outros nascem com deficiências físicas grosseiras? Somente a reencarnação nos dá a chave desse "mistério". Com as múltiplas experiências na carne, temos a chance de adquirir e aprimorar conhecimentos que ainda nos faltam nos campos do intelecto e da moral. Além de reatar as amizades com nossos inimigos e reparar erros do passado. Quando estivermos evoluídos moral e intelectualmente, não mais necessitaremos reencarnar.

Quantas reencarnações tivemos e teremos?
Não se pode precisar o número de reencarnações que uma pessoa já teve, pois isso depende do estado evolutivo em se encontra o Espírito. Uns evoluem mais rápido por seu maior esforço, portanto necessitam de passar menor número de vezes na carne, outros são mais lentos permanecendo mais tempo no mundo de sofrimentos. Tudo dependerá de nós. Quanto mais rápido progredirmos moral e intelectualmente, menos encarnações teremos que sofrer. Quando nosso Espírito tiver alcançado todos os graus de evolução moral e intelectual, seremos Espíritos puros. Um exemplo de Espírito puro é o Mestre Jesus.

E quando chegarmos à perfeição, o que faremos?
Seremos encarregados de cumprir os desígnios de Deus, colaborando com a manutenção da ordem universal e transformando-nos em Seus mensageiros nos mais diversos mundos habitados. O trabalho nunca acabará, pois a criação divina é incessante e há diversos mundos em faixa de evolução diferentes. Os Espíritos fazem parte do conjunto de inteligências que governam o Universo, mas, em termos de existência, estão ligados a Deus assim como as folhas em uma árvore.

O Espírito sempre reencarna no mesmo sexo?
Não, pois o Espírito necessita vivenciar as experiências específicas aos dois sexos, como aprendizado para seu aprimoramento moral e intelectual. A escolha de cada sexo, depende da prova ou expiação que se deve passar. Não é verdadeira a idéia de que a cada encarnação o Espírito mude de sexo. Às vezes, vive diversas vidas com um mesmo sexo, para só depois situar-se em outro campo da sexualidade. Também não é correto o pensamento de que a homossexualidade é produto da mudança de sexo do Espírito antes da sua encarnação. O homossexual é um ser em desequilíbrio moral ou vivencia uma vida resgatando um passado delituoso.

Por que não nos lembramos das nossas vidas passadas?
O esquecimento temporário das vidas passadas é uma necessidade. Não devemos nos lembrar das vidas passadas enquanto estamos encarnados, e nisso está a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente. Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são nossos filhos, irmãos, pais e amigos, que, presentemente, se encontram junto de nós para a reconciliação. Por isso a reencarnação é uma bênção de Deus para seus filhos. As lembranças de erros passados certamente trariam desequilíbrios de toda ordem, uma vez que estamos muito mais perto do ponto de partida do que do ponto de chegada, em termos de caminhada evolutiva. Depois de desencarnado, normalmente nos lembramos de parte desse passado, conforme o grau evolutivo em que nos situamos.

Como posso saber das minhas outras encarnações?
Convém, por enquanto, não saber. Allan Kardec nos mostra com coerência e bom senso, que não devemos buscar saber o que fomos noutras vidas. Os Espíritos estão todos sujeitos à lei de evolução e, por isso, quando se remonta ao passado, depara-se com situações morais bem piores do que aquela em que atualmente se encontra. Ao recordarmos experiências infelizes de outras vidas, certamente ficaríamos perturbados mentalmente. Seria muito difícil para alguém viver uma encarnação, sabendo que fora noutras existências um assassino cruel, ou alguém que tivesse tirado a própria vida. Assim, o esquecimento das vidas passadas ajudaria, por exemplo, um rei que agira com irresponsabilidade no passado, e que foi condenado a viver encarnado numa favela. Ele aproveitaria sua encarnação, sem que as lembranças da boa vida que tivera o perturbasse. Do mesmo modo, um antigo inimigo poderia reencarnar como nosso filho, facultando assim as condições de reparar erros e extinguir mágoas. A lembrança de outras vidas seria um tormento para a vida de relação e impediria a ação inteligente da Lei, contribuindo para a melhoria do Espírito. Mas, não podemos nos esquecer que o esquecimento do passado é apenas momentâneo. Na vida espiritual as recordações voltam à mente do Espírito com naturalidade, segundo as condições evolutivas de cada um. Só em casos excepcionais Deus permite que durante a vida carnal, o homem saiba de alguns fatos ligados ao seu passado.

Qual o tempo que separa as encarnações?
Não há tempo definido, pois depende da necessidade do Espírito em depurar-se, expandindo seus conhecimentos intelectuais e morais, passando por provas e expiações. Quanto mais endividado com a Lei de Deus, menos tempo permanece o Espírito no mundo espiritual. Digamos que aqui seja o local onde se pagam as contas e se conseguem novas oportunidades de crédito. Se tem muitas dívidas e deseja novos créditos, ele vem mais freqüentemente e em menor espaço de tempo, pois quer se ver livre dos débitos e abrir novas possibilidades para sua felicidade como filho do Altíssimo. Portanto, o tempo que separa as encarnações depende da condição evolutiva do Espírito.

Os líderes umbralinos também organizam encarnações?
As encarnações dos Espíritos obedecem, como tudo, a uma lei. É evidente que tudo se fundamenta em uma ordem universal e seria acreditar no caos e na desordem pensar que coisas tão importantes como a programação da vida de um ser imortal pudesse ser feito por entidades sem nenhum compromisso com o Bem, com a lei de Deus. As encarnações obedecem a um projeto divino, mesmo que aparentemente possa parecer o contrário, em algumas situações. Nada acontece sem que o Criador de todas as coisas o queira. Os Espíritos superiores trabalham em Seu nome e realizam todas as suas obras, desde os planos mais primitivos até os mais elevados.

Uma alma que atingiu a perfeição, não volta a reencarnar?
A reencarnação é uma necessidade da alma imperfeita que, através das experiências na matéria, aprende o que necessita para sua definitiva libertação da ignorância e conquista do direito de viver na Vida Eterna. Os Espíritos puros não necessitam mais dessa experiência, pois já atingiram seu objetivo. Só reencarnam nos mundos materiais para cumprirem missões de grande importância, nas regiões onde houver necessidade. O maior exemplo de encarnações missionárias é Jesus.

Se o nosso arquivo desta vida e das vidas passadas se encontram gravadas em nosso perispírito e ele tende a desaparecer com a nossa evolução, como e onde ficam estes arquivos?
Já dissemos em perguntas anteriores que a memória do Espírito não se encontra no perispírito. Este é um conceito retirado de livros psicografados (que não foram submetidos ao Controle Universal - inexistente) e não do pensamento dos Espíritos superiores responsáveis pela Codificação. A teoria contraria as Obras Básicas e evidentemente não encontra fundamento lógico que possa explicá-lo. A memória da individualidade se encontra na intimidade do Espírito, em seu arquivo permanente, no que se chama "sensorium comune". O perispírito é matéria. Seria uma incoerência acreditar que a coisa mais importante para Espírito, que são suas experiências vividas, pudesse estar atrelada e confinada à matéria. Veja mais sobre o assunto em perguntas anteriores, nesta mesma página.

A partir de qual momento é considerada o surgimento do ser humano: fecundação, do surgimento do sistema nervoso, ou do nascimento?
A partir da fecundação já existe a ligação da alma com o corpo, embora a concretização da reencarnação se dê apenas no nascimento. O Espírito se liga ao corpo que lhe dará vida física desde o instante da concepção por um laço fluídico e entra em uma fase que Allan Kardec chamou de "perturbação", ou seja, ele vai perdendo a plenitude de sua consciência à medida que a gravidez avança, como se tivesse adormecendo. Quando nasce as lembranças de sua vida anterior estão completamente apagadas. Sobre as três últimas perguntas, sugerimos leitura das questões 344 a 360 do Livro dos Espíritos.

É verdade que a Terra passa de um mundo de expiações para um mundo de regeneração, e que este mundo praticamente começaria junto com a virada do milênio? E ainda, que muitos dos Espíritos que hoje desencarnam, se não tiverem seu campo vibratório em sintonia com esse novo mundo que se aproxima (regeneração), somente poderão reencarnar em outros planetas ainda em expiação?
Sim, a Terra passa por um processo acelerado de transformação. Suspeita-se que a profunda crise humana, chamada pelos Profetas de "A grande tribulação", esteja se aproximando do nosso tempo. Não há uma época específica para o ponto crítico dessa crise e o próprio Jesus afirmou que só Deus saberia o dia exato que isso aconteceria. Disse, no entanto, que por determinados sinais seus seguidores poderiam reconhecê-la. Veja mais detalhes nas Escrituras, Evangelho Segundo Mateus, capítulos 24 e 25. Quanto aos Espíritos que desencarnam, se não tiverem condições para viver numa sociedade de regeneração, certamente serão levados para outros mundos, conforme seu próprio grau evolutivo. Claro, isso acontecerá num tempo específico. Só em períodos distintos existem migrações de Espíritos humanos para outros orbes.

 







 

A Mediunidade

Todos somos médiuns?
Todos somos portadores da mediunidade natural que é o canal psíquico pelo qual recebemos as influências boas ou ruins que estimulam as experiências do Espírito na vida terrena. Porém, nem todos somos médiuns, conforme denominou Allan Kardec.

Então o que é um médium?
Segundo Allan Kardec, médium é todo aquele que sente a presença ostensiva dos Espíritos, seria aquele que serviria de ponte entre o mundo visível e o invisível. A prática da mediunidade é o intercâmbio entre o mundo físico e o mundo espiritual. A faculdade mediúnica liga-se a uma disposição orgânica, porém o uso que se faz.

Como sabemos se somos médiuns? E se formos, o que devemos fazer?
Allan Kardec diz que todos somos mais ou menos médiuns, pois todos possuem a mediunidade natural, canal psíquico através do qual somos estimulados ao crescimento. Entretanto, médiuns propriamente ditos são aqueles que recebem manifestações ostensivas dos Espíritos. A única forma de sabermos se temos ou não mediunidade ostensiva é nos colocando como servidores sinceros da causa de Jesus. Ou seja, deveremos primeiro fazer parte da equipe de trabalhadores de uma casa espírita e lá, através dos estudos sérios e da disciplina interior, procurarmos entender antes as nuanças do contato com os Espíritos. Allan Kardec diz em O Livro dos Médiuns, que não se deve nunca iniciar um trabalho de intercâmbio espiritual sem estudar a mediunidade. Existem algumas pessoas que sentem influências dos Espíritos, em diversos graus de intensidade, e acham que, por isso, estão prontas para trabalhar nesse campo. Geralmente não aceitam a idéia de que precisam se instruir mais e mais. Vão às casas espíritas somente para trabalhar com mediunidade e se não a aceitam naquela, buscam outra, e assim permanecem por toda a vida.

Isto pode acarretar algum problema para as pessoas?
Sim, pode. Desde perturbações leves, até obsessões graves, o que infelizmente não é pouco freqüente, pela forma com que a mediunidade é tratada no Brasil. Todos somos suscetíveis às más influências devido às imperfeições próprias dos Espíritos que habitam os planetas de provas e expiações. Em muito maior escala são os médiuns que, se não cuidam do estudo e do preparo moral, funcionam como verdadeiras antenas e situam-se como focos freqüentes de perturbações espirituais. Se os médiuns não tiverem os cuidados necessários com a sua edificação e se colocarem a serviço do intercâmbio sem o devido preparo, poderão cair presas de Espíritos pouco adiantados de que está cheia a atmosfera.

Podemos nos comunicar com outros Espíritos?
Sim. Todos somos Espíritos vivendo em planos diferentes da vida e estamos mergulhados na atmosfera fluídica que nos rodeia e serve de elemento de contato. Portanto, podemos nos comunicar com o mundo espiritual freqüentemente, seja através da mediunidade ostensiva consciente, dos fenômenos inconscientes, das preces ou intuições que recebemos constantemente do mundo espiritual.

Existe a incorporação de Espíritos?
No sentido semântico do termo não existe incorporação, pois nenhum Espírito conseguiria tomar o corpo de outra pessoa, assumindo o lugar da sua Alma. O que ocorre é que o médium e o Espírito se comunicam de perispírito a perispírito, ou seja mente a mente, dando a impressão de que o médium está incorporado. Na mediunidade equilibrada, o médium tem um maior controle de sua faculdade e o fenômeno mediúnico acontece mais a nível mental. Nos processos obsessivos graves (doenças mórbidas causadas por Espíritos inferiores), onde a mediunidade está perturbada, podem ocorrer crises nervosas. Observadores de pouco conhecimento podem achar que um Espírito mau apoderou-se do corpo do enfermo. Foi esse fenômeno que deu origem às práticas de exorcismo.

Tenho bastante dificuldade para definir a diferença entre Clarividência, Vidência, Audiência, Clariaudiência, Dupla vista.
A vidência e a clarividência são essencialmente anímicas. Trata-se da visão que o próprio Espírito encarnado tem do mundo invisível. Não há interferência de Espíritos e por isso não deveria (segundo Allan Kardec), ser considerada mediunidade. Mas, para fins de classificação, ele é tida como sendo uma mediunidade. Mesmo nos casos em que um Espírito amigo mostra um quadro projetado no ambiente astral, ainda assim, é o médium quem vê. Há ajuda na formação do quadro, mas não na visão propriamente dita. Vidência é a faculdade superficial. Clarividência, a mesma faculdade, mas com alcance mais profundo, podendo estender-se no espaço e (em alguns casos) no tempo. A dupla-vista é a clarividência, acompanhada da projeção do Espírito no mundo astral. Trata-se do chamado "desdobramento". Entendemos a mediunidade de audiência como aquela em que a voz aparece na intimidade do ser. A clariaudiência é diferente, por tratar-se de uma voz clara, exterior.

O que é ideoplastia?
Ideoplastia é um fenômeno de transfiguração que pode acontecer durante as manifestações dos Espíritos. Quando a influência do desencarnado é muito intensa junto do campo psicossomático do médium ele poderá assumir algumas feições do comunicante.

Já que não existe a incorporação, como médiuns dão passividade a Espíritos menos esclarecidos, tomando formas físicas diferentes, falando com voz alterada. Isto seria charlatanismo?
O processo de incorporação tal qual essa palavra exprime não existe, pois ninguém pode "entrar" no corpo de outro. Mas o Espírito pode, e é isso o que normalmente faz, agir no campo mental através de sintonia (e por afinidade fluídica), assumindo a personalidade e a vontade do indivíduo. Nos casos de subjugação, por exemplo, o domínio é tão intenso que dá a impressão que o Espírito toma posse do corpo da pessoa. Na prática da mediunidade, quanto maior o esclarecimento do médium menor o domínio que o Espírito terá sobre ele. Se tem pouco esclarecimento sobre essa faculdade, certamente deixará que Espíritos pouco adiantados a usem da forma que bem entenderem. No que diz respeito a mudança de fisionomia, Allan Kardec instrui que trata-se do fenômeno da transfiguração, coisa mais comum nas manifestações dos Espíritos inferiores, podendo, sem dúvida acontecer também com os superiores.

Qual o conceito e as características de médiuns curadores e médiuns pneumatógrafos?
Os médiuns curadores são aqueles que têm o dom de curar com a imposição das mãos (em alguns casos com o olhar ou com fenômenos provocados à distância), secundados pelos Espíritos que trabalham na área de cura das enfermidades físicas. Allan Kardec diz que são pessoas que possuem um fluido humano especial, que potencializado pelos fluidos do mundo dos Espíritos, podem modificar a estrutura da matéria, promovendo as curas.
Os médiuns pneumatógrafos são aqueles que têm aptidão para obter a escrita direta dos Espíritos em papel guardado em gavetas ou recipientes fechados. Ou seja, o médium doa de seu fluido especial para que os Espíritos escrevam diretamente sobre o papel. É muito rara e limita-se aos casos de comprovação da existência das potências ocultas e sua influência no mundo material.

Gostaria de saber se existe algum método para aprofundar o dom da mediunidade, se existe algum meio de "exercitar" a mediunidade.
O melhor meio para exercitar a mediunidade é ingressando nas fileiras de trabalhadores de uma casa espírita idônea, que prime pelos estudos em todos os sentidos. Sem o estudo sério, disciplinado e consequentemente a necessidade da reforma interior, a possibilidade de cair sob a influência dos Espíritos enganadores é muito grande. O exercício da mediunidade deve ser feito dentro de um sentimento de dedicação, abnegação e sinceridade, a fim de que possa-se merecer a atenção dos bons Espíritos. Desconfie sempre de quem "descobre" sua mediunidade à primeira vista. A mediunidade é estudo e prática.

Em que estado permanece o Espírito do médium quando este recebe uma entidade desencarnada? Seu Espírito continua em seu corpo ou fica à sua volta? A Codificação fala algo sobre este assunto?
O processo de influenciação do médium pelo Espírito se dá todo no campo mental. O médium é consciente de seu trabalho e quanto mais desenvolvido nas lides mediúnicas, mais consciente de sua capacidade permanece. Tudo se dá no sentido da afinidade fluídica, estimulando a mente do médium a transmitir as sensações do mundo invisível à sua volta. A influência será mais ou menos intensa, conforme o grau intensidade da faculdade. Mesmos nos casos de mediunidade sonambúlica, o médium jamais abandona seu corpo físico.

Devemos acreditar em tudo o que os Espíritos dizem?
Os Espíritos desencarnados são almas de homens que já viveram na Terra. Portanto podem ser portadores dos defeitos e qualidades que tinham quando encarnados. Podemos acreditar nas palavras dos homens bons, mas não devemos dar crédito aos conselhos daqueles de má índole. Da mesma forma deveremos proceder com o mundo dos Espíritos. Devemos analisar cada comunicação dada pelos Espíritos, qualquer que seja o nome que assinem. Os bons trazem mensagens edificantes e com algum fim útil e querem sempre o bem da humanidade. Os atrasados ou maus podem nos enganar com palavras belas e melífluas, podendo tomar emprestado nomes de pessoas conhecidas ou Espíritos iluminados para nos impressionar. Desses devemos nos precaver, conforme nos ensina Allan Kardec em O Livro dos Médiuns.

Alguém pode ser obrigado a desenvolver sua mediunidade?
Ninguém é obrigado a desenvolver a mediunidade. É errada a idéia de que a mediunidade é a causa de sofrimentos e desajustes das pessoas. Geralmente, sofre-se por ignorância e por falta de cuidados com a vida no plano material. Aqueles que quiserem dedicar-se à tarefa mediúnica deverão trabalhar para vencer suas imperfeições, além de ter que estudar a Doutrina Espírita com seriedade e disciplina. Um médium que não toma esses cuidados, poderá permanecer sob a influência dos Espíritos maus. Quem for médium e não quiser praticar sua mediunidade, deverá pelo menos esforçar-se para sua melhoria moral, procurando libertar-se dos vícios mais grosseiros (cigarro, bebida e drogas).

As cirurgias espirituais são realmente feitas por Espíritos? Nesse caso, como pode um Espírito elevado ser antiético, exercendo ilegalmente a medicina?
Sim, as cirurgias espirituais são feitas por Espíritos de médicos que atuam no corpo perispiritual, utilizando de técnicas ligadas à ciência médica, usando fluidos humanos e espirituais, nada fazendo nesse campo que fira as leis humanas. Um Espírito elevado jamais transgride qualquer lei. As curas realizadas em nome do Espiritismo praticado com seriedade, são feitas utilizando apenas a fluidoterapia. As cirurgias mediúnicas feitas com instrumentos cortantes, podem ser feitas por Espíritos superiores, mas não são consideradas trabalhos espíritas. Em alguns casos de cirurgias de corte, como os de José Pedro de Freitas (Arigó) e Edson Queiroz, existia uma missão a ser cumprida e visava chamar a atenção da comunidade científica para a realidade da vida espiritual. E parece que conseguiu, porém sem maiores conseqüências pelo próprio atraso do homem para a compreensão das coisas do Espírito. Pelo lado prático, no entanto, as cirurgias mediúnicas com instrumentos cortantes não devem ser praticadas em centros espíritas orientados pela doutrina de Allan Kardec, justamente por ferir a legislação vigente e não tratar-se de uma prática que possa ser exercitada por qualquer pessoa. As curas no Espiritismo são feitas exclusivamente com a imposição de mãos.

Gostaria de saber, se é possível uma pessoa que está estudando kardecismo não poder ajudar por não ter dons mediúnicos. E no caso, o que as pessoas devem fazer para saber se têm dons ou não?
Qualquer pessoa pode ajudar no centro espírita, desde que disponha de boa vontade e preparo moral e doutrinário adequados. Isso se consegue com estudo e boa dose de seriedade, dedicação, abnegação e disciplina. Não é necessário ter dons mediúnicos para servir. Existem inúmeras frentes de trabalho nas casas espíritas onde se pode desempenhar tarefas que não dependem da mediunidade. Para se saber dos possíveis dons mediúnicos, Allan Kardec nos diz que devemos testar as pessoas. Não existe uma fórmula e nem podemos adivinhar quem tem ou não. Os melhores servidores nesta área são aqueles formados dentro das casas espíritas que tratam o estudo da Doutrina Espírita com seriedade. Aqui entra a grande responsabilidade do dirigente que teoricamente deveria estar apto a conduzir as pessoas de forma equilibrada ao desenvolvimento e exercício desta nobre tarefa. Os médiuns ostensivos, que já demonstram algum dom desde cedo, devem ser submetidos igualmente ao estudo disciplinado e à orientação de alguém experiente dentro do centro espírita que possa dar-lhe direcionamento seguro de sua faculdade. Caso contrário, poderá desequilibrar-se.

É certo o procedimento que alguns centros espíritas têm de colocar pessoas, que estão indo pela primeira vez à casa, em trabalhos mediúnicos?
Allan Kardec diz que não se deve lidar com a mediunidade sem conhecê-la. O bom senso e a razão nos falam a mesma coisa. Em todos os departamentos da vida o homem busca aperfeiçoar-se para servir melhor. Sem conhecer o seu ofício não poderá desempenhar a tarefa a que se propõe com conhecimento de causa. Portanto, colocar pessoas para lidar com Espíritos sem se preparar para isso é o mesmo que realizar experiências químicas sem conhecer as leis da química, diz o Codificador. Seria uma insensatez. Os medianeiros devem ser preparados com muita cautela para servir nesse campo. Primeiro devem estar inseridos nos trabalhos habituais da casa, servindo com dedicação e seriedade, transformando-se em trabalhadores. Devem ser instruídos nas aulas sobre a Doutrina Espírita e depois, então, poderão ser experimentados no ministério da mediunidade. A pessoa que chega à casa espírita pela primeira vez com a intenção de servir apenas no campo da mediunidade, não entendeu ainda o papel do Espiritismo em sua vida, muito menos a oportunidade que está tendo de servir com equilíbrio no campo do Bem. Necessita de instrução nesse ponto. Se for sincero o seu desejo de servir, permanecerá no aprendizado. Se não, procurará outra casa que lhe dê o que deseja.

Há algum impedimento de mulheres grávidas participarem de reuniões mediúnicas?
Não é aconselhável. O processo reencarnatório do Espírito é uma experiência delicada que envolve muitos aspectos energéticos e psíquicos. Um deles é o estado psicológico da mãe que, sem sombra de dúvidas, se altera por alguns meses, enquanto aguarda a chegada do Espírito que lhe foi encaminhado como filho. Ela necessita de tranqüilidade, descanso e não deve se submeter a atividades que lhe exijam grandes perdas de energias de qualquer natureza. Sabe-se que, nas atividades de intercâmbio espiritual, há toda uma movimentação de fluidos energizados, podendo haver gastos que poderá ser prejudicial para a mulher em estado de gravidez. Além disso, há o aspecto do reencarnante. É sabido pela ciência oficial da extrema importância do equilíbrio e interação mãe-filho desde o ventre. Por conta disso é prudente que se isente a mulher grávida das tarefas da mediunidade. O melhor que ela poderá fazer será cuidar de ter seu bebê em paz. Ao fazê-lo, estará praticando a caridade maior, que é a de dar vida a um novo ser. Quando puder, retornará às suas atividades mediúnicas normalmente.

Pode o Espírito encarnado promover fenómenos físicos, tipo materialização ou transporte de objetos, sem o concurso dos Espíritos do mundo invisível?
O fenômeno de transporte, materialização, transcomunicação ou qualquer outro de efeitos físicos, necessita do concurso dos Espíritos desencarnados, pois segundo Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns, capítulo IV, é necessária a união do fluido animalizado perispiritual (do médium) com o fluido universal do Espírito para que aconteçam esses os fenômenos. Não pode ser isolado, ou seja sem o concurso de ambas as partes. Alguns manipuladores desses fenômenos não acreditam em Espíritos, porém, mesmo assim, estão sempre secundados por eles.

 







 

A prática da mediunidade

O público pode freqüentar as reuniões mediúnicas do Centro Espírita?
As reuniões mediúnicas são atividades íntimas da casa espírita e só devem ser freqüentadas por pessoas habilitadas para a tarefa. Allan Kardec ensina que: "a concentração e a comunhão de pensamentos sendo as condições necessárias de toda reunião séria, compreende-se que o grande número de assistentes é uma das causas mais contrárias à homogeneidade". Portanto, as reuniões mediúnicas devem ser realizadas apenas pela equipe da casa, formada por médiuns, doutrinadores, passistas e secretário. O hábito de realizar reuniões mediúnicas na presença de pessoas obsediadas ou do público estranho ao quadro de trabalhadores é completamente inadequado e não atende aos propósitos kardequianos dessa atividade. Além de não resolver nenhum problema na área desobsessiva, ainda coloca as pessoas sob risco do desequilíbrio.

Quantas reuniões mediúnicas podem existir numa Casa Espírita?
A quantidade de reuniões mediúnicas de um Centro Espírita fica a critério de cada casa, de acordo com a necessidade apresentada. Entretanto, via de regra, deveria ter, no mínimo, três sessões: uma reunião de desenvolvimento ou educação da mediunidade, uma de desobsessão e uma de psicografia.

Quais os pré-requisitos para participar de reuniões mediúnicas? E quando a pessoa que participa não se encontra bem (ex: transtorno do pânico), como proceder?
A primeira condição a ser considerada é se a pessoa faz parte do quadro de trabalhadores do centro espírita. Não se pode admitir ninguém em um trabalho dessa natureza se não fizer parte da equipe de tarefeiros, estando integrada nos ideais da casa. O simples fato de ser médium não credencia ninguém a trabalhar nas sessões espíritas de intercâmbio espiritual. Sendo trabalhador do centro espírita, ela deve estar inserida nas reuniões de estudo das Obras Básicas para que possa se instruir sobre a doutrina que professa. O trabalhador que não estuda não se instrui, estando, portanto, despreparado para desempenhar tão grave tarefa. Deve trabalhar incessantemente pela sua melhoria a fim de merecer a assistência dos bons Espíritos. Precisa participar ativamente dos trabalhos da casa, inclusive no campo da assistência social, desenvolvendo assim o sentimento de amor ao próximo, quando em contato com o sofrimento dos irmãos necessitados. Se a pessoa, quando no exercício da mediunidade, não se encontra bem psiquicamente, deve ser afastada das atividades práticas, submetendo-se à assistência dos Espíritos no tratamento que a casa espírita deve oferecer. Os transtornos do pânico são ligados a processos obsessivos e como tal devem ser tratados. As comunicações vindas de um médium sob o império da obsessão não devem ser consideradas, diz Allan Kardec.

Todo trabalho mediúnico deve ser pautado pela disciplina dos trabalhadores com relação à assiduidade e ao comprometimento com a tarefa abraçada. Quais seriam os melhores procedimentos a serem adotados no caso de trabalhadores que faltam com alguma freqüência?
Todo trabalho da casa espírita deveria ser pautado em normas que norteassem uma disciplina, o que facilitaria sobremaneira a tarefa de todos os integrantes da equipe. Entretanto, existe no movimento uma estranha aversão à disciplina devido à mentalidade de que no centro espírita tudo pode ser feito por todo mundo, bastando para isso que tenham boa vontade, mesmo que não se tenha preparo ou maturidade para a tarefa. Dizem que fazer o contrário é falta de caridade. Este procedimento tem trazido imensos prejuízos para o crescimento das casas espíritas como um todo. A tarefa mediúnica deve, mais que qualquer outra, obedecer a critérios de admissão que são os mecanismos de segurança de que fala Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns, capítulo 29, quando trata da questões das reuniões e sociedades. Trabalhadores que faltam a um trabalho dessa natureza devem ser avaliados para analisar as razões pelas quais estão faltando. Caso sejam problemas temporários, que possam ser resolvidos em breve tempo, devem ser afastados da atividade até que se organize de forma a cumprir com dedicação e afinco sua responsabilidade. Quando resolverem, voltarão para suas atividades. Se forem razões que não atendam a uma justificativa aceitável, ou seja, cada dia é por um motivo, sem uma razão específica, demonstra que esse trabalhador ainda não compreendeu a gravidade da tarefa com a qual se comprometeu. Geralmente são pessoas que acham estar fazendo uma grande caridade e que a casa espírita necessita dela, quando é o contrário. Devem ser afastadas da atividade de intercâmbio espiritual, pois causam mais prejuízos para o equilíbrio vibratório das reuniões que qualquer outra coisa.

Como estabelecer regras num trabalho de desobsessão?
As regras para um trabalho dessa natureza começam na organização da casa espírita com um todo. Passa pela admissão da pessoa como trabalhador da casa, pela sua instrução quando entra nos cursos oferecidos pela casa, e pela sua moralização que é a razão de ser do Espiritismo. Portanto não se pode falar em regras em um trabalho mediúnico sem observar essas condições básicas antes. Uma vez obedecidos esses critérios, o médium é admitido na tarefa para experiência, sabendo que poderá ser afastado se não adequar-se às normas, que são basicamente: estudo, seriedade, regularidade nas reuniões bem como nas outras atividades da casa espírita e trabalho incessante para vencer suas más inclinações.

Quando um grupo de estudo, com o tempo, transforma-se num grupo de trabalho mediúnico, trabalhando há mais de 7 anos atendendo Espíritos sofredores, suicidas, endurecidos e com ódio, fazendo o trabalho de orientação, doutrinação e passe, esse seria um grupo de desobsessão ou um grupo de desenvolvimento e educação da mediunidade?
O trabalho de desobsessão tem o objetivo preciso de trabalhar para atender os casos de obsessão atendidos na casa espírita. Tem método e desenvolvimento próprios e só trabalham médiuns já educados, com certa experiência, que certamente já passaram pela reunião de educação da mediunidade. Não é aconselhável atender entidades endurecidas e com ódio nas reuniões de desenvolvimento, pelos danos psíquicos que poderão causar ao médium novato por conta de sua natural inexperiência e insegurança. Certamente que esse critério e controle fica a cargo do dirigente da reunião, que é o responsável por tudo o que ali acontece. Geralmente na desobsessão atendem-se às evocações dos casos graves de obsessão, os Espíritos maus inimigos da casa e da Causa e as manifestações espontâneas, onde os mentores trazem aqueles que julgarem necessários.

Por favor expliquem-nos o que vem a ser educação e desenvolvimento mediúnico e qual a diferença da desobsessão.
O termo educação e desenvolvimento da mediunidade são usados para o mesmo fim. Nós preferimos desenvolvimento, pois na verdade no trabalho que é feito nessas reuniões, a mediunidade vai se desenvolvendo na medida do esforço e da característica pessoal do médium. O termo educação pressupõe que a pessoa já tem uma mediunidade ostensiva e vai apenas educá-la, o que na maioria das vezes não é verdade. Mas isso é uma questão de forma. O que se deve saber é que nas reuniões de desenvolvimento estamos trabalhando o dom para servir mais e melhor, ou seja desenvolvendo e disciplinando um tarefeiro de intercâmbio espiritual, para desempenhar suas atividades servindo a Jesus no amparo dos necessitados da alma. Quando estiver seguro e maduro na compressão do que se propõe, bem como se sua mediunidade for de fato produtiva, o médium passará a realizar sua tarefa nas reuniões de desobsessão, se lá houver necessidade dela. Nas reuniões de desenvolvimento ou educação da mediunidade deve-se trabalhar com Espíritos sofredores de uma forma geral. Os Espíritos maus, devem ser instruídos e doutrinados nas reuniões de desobsessão, pois eles caracterizam manifestações que necessitam de médiuns mais maduros e experientes para o serviço.

Como proceder em relação ao desenvolvimento mediúnico e de que forma coordenar esse trabalho? Quando o médium estaria apto para vencer essa etapa de "desenvolvimento" e iniciar o trabalho na desobsessão?
Na verdade o trabalho mediúnico é toda uma ciência prática, que deve estar amplamente fundamentada na teoria kardequiana e nas mãos do dirigente da reunião, que por sua vez deve ser pessoa séria, disciplinada, dedicada ao ideal do Cristo e com autoridade moral sobre o grupo com quem trabalha. Deve ter uma vida de exemplos, se quiser realizar um trabalho que produza no campo do Bem. Visto isto, ele forma sua equipe, sempre tendo em mente que vai fazer experiências com algumas pessoas no campo da mediunidade. Deve ficar bem claro que se a pessoa não produzir bem, será afastada da tarefa e irá servir em outra área da casa. Dentro da própria reunião pode ser aproveitado no trabalho de passes ou do secretariado, funções igualmente sérias e importantes. Este procedimento só poderá ser feito se houver um perfeito intercâmbio entre o dirigente e os membros da equipe, com inteira confiança entre eles, o que necessariamente depende do tipo de organização e administração que tem a casa espírita. Casas espíritas desorganizadas e que não tenham muito critério na admissão de trabalhadores e conseqüentemente na composição do quadro de médiuns, esse tipo de norma é quase impossível de ser implementado, por conta dos melindres que são filhos do orgulho e da vaidade. Se for criado um laço de compromisso eterno entre o médium e o dirigente, certamente será quase impossível afastar uma pessoa improdutiva da reunião, permanecendo alguns indivíduos, às vezes, por anos a fio nas sessões, sem produzirem absolutamente nada. Dormem por todo o tempo e ainda encontram explicações de que "são médiuns excelentes doadores de fluidos". O médium poderá ser experimentado no trabalho de desobsessão quando já tenha segurança ou potencial mediúnico confiável. Ele estará pronto quando der mostras de sua maturidade espiritual (seriedade, disciplina, dedicação, abnegação etc) e se sua mediunidade for produtiva. Ou seja, se der comunicações fáceis, variadas, sem floreios e fantasias. Médiuns imaturos costumam fantasiar muito, acham-se especiais, rejeitam quaisquer observações, são por demais suscetíveis, resistem à qualquer mudança de planos, melindram-se por tudo e não aceitam orientação. Esses não deveriam servir no ministério da mediunidade, pois ainda não compreenderam que o dom é de Deus e que a Ele devemos servir sem barreiras.

Como se dá, em regras gerais, a rotina do trabalho mediúnico? Qual a experiência do Grupo responsável pela seção Perguntas e Respostas?
Buscamos trabalhar dentro da racionalidade kardequiana, abraçando o trabalho com a seriedade devida, com o recolhimento necessário, exercendo a mediunidade de forma religiosa, como nos adverte Allan Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo. Inicia-se com uma prece, depois faz-se 1 (uma) hora de estudo do Evangelho, ou então 30 minutos de Evangelho e 30 minutos de O Livro dos Médiuns, caso não tenha outro dia dedicado ao exame desse Livro, na casa. Depois disso, inicia-se a parte prática que deve durar cerca de 1 hora. Na parte prática propriamente dita, inicia-se com manifestação de um instrutor e depois abre-se espaço para as comunicações espontâneas de sofredores. Pode-se também, evocar Espíritos sofredores de determinada faixa vibratória, como suicidas, acidentados etc. Esta prática ajuda muito no desenvolvimento dos médiuns, bem como serve para aferir o grau de confiabilidade da mediunidade de quem já está há mais tempo na tarefa. Por fim, abre-se espaço para as manifestações de instrutores ou guias espirituais dos médiuns, para as considerações finais. Encerra-se com uma prece. Nas reuniões de desobsessão, segue-me o mesmo roteiro, com a diferença de que ao final, antes das manifestações do Benfeitores, evoca-se os casos graves de obsessão, que estão sendo tratados na casa. Além, é claro, das manifestações espontâneas dos casos trazidos pelos mentores espirituais do trabalho.

Como formar e coordenar um grupo de pessoas novas, para "desenvolvimento" e educação mediúnica?
Só se deve formar novos grupos de médiuns na casa, se houver necessidade de aumentar o quadro de trabalhadores dessa área. A mediunidade não deve ser exercida para atender a necessidade do médium, como comumente se vê, mas para trabalhar em prol de uma causa. O médium disciplinado pode trabalhar em qualquer das frentes de serviço da casa, sem prejuízo nenhum para si, desde que o faça com o verdadeiro sentimento de amor ao próximo. Se a casa já tem sua equipe de desenvolvimento e sua equipe de desobsessão, deverá zelar delas com carinho, tratando de faze-las crescer para produzirem cada vez mais. Cerca de 10 médiuns em cada reunião é mais do que suficiente para atender as necessidades de uma casa espírita que tenha uma freqüência de mais ou menos 500 pessoas por semana. Se for um casa menor, pode-se ter uma reunião com a metade desse número e funciona muito bem, desde que se guie por métodos e deixe de lado o empirismo, as longas conversas com Espíritos endurecidos, as intermináveis comunicações de "guias" e por aí afora. Não se deve esquecer que a maioria dos casos de obsessão encontrados na população podem ser tratados apenas com a correta instrução ministrada nas palestras públicas, com a ajuda da fluidoterapia. Portanto, que não sejam criados novos grupos apenas para "formar" médiuns se a casa já tem sua equipe formada. Se porventura aparecer alguém do grupo de trabalhadores que tenha uma mediunidade muito ostensiva, coloque-o na reunião de desenvolvimento para observar seu comportamento mediúnico por algumas semanas, não sem antes submetê-la a um tratamento espiritual, pois devemos sempre desconfiar das "mediunidades que começam prontas para servirem". Tenhamos cautela com isso, diz Allan Kardec. O ideal em uma casa espírita é que tenha 3 reuniões mediúnicas na semana: uma de Desenvolvimento, uma de Desobsessão e uma de Psicografia.

Gostaria de saber se Allan Kardec fez alguma alusão à prática de doutrinação, ou seja, se podemos doutrinar mais de um Espírito ao mesmo tempo.
Há uma grande polêmica sobre esta questão. Algumas figuras do movimento instruem que não se deve colocar barreiras para as manifestações dos Espíritos nas reuniões de intercâmbio, pois isso seria faltar com a caridade. E defendem a prática das manifestações simultâneas, deixando a mercê dos médiuns, e evidentemente do mundo espiritual, toda a rotina do trabalho mediúnico. Se o que se quer é quantidade de manifestações, esta prática serve, mas se o que se almeja é o auxílio aos irmãos necessitados que são trazidos nas reuniões, deve-se mudar o rumo das coisas. Allan Kardec, na Revista Espírita, instrui incansavelmente sobre a forma de conversar com os Espíritos, e certamente conversava com um de cada vez. Para analisar com racionalidade a questão basta que apliquemos a dúvida em nossa vida prática: consegue-se conversar com duas ou três pessoas ao mesmo tempo? Em assembléias onde muitas pessoas falam simultaneamente logo se estabelece a confusão. Nas reuniões mediúnicas isso deve ser muito mais considerado, pois necessita de um clima vibratório propício de calma e recolhimento, o que é impossível conseguir com a desarmonia que estabelece um ambiente de barulho e desordem.

É proibido evocar os Espíritos? Podemos evocá-los nas reuniões mediúnicas?
Sim, podemos e devemos evocar os Espíritos. Allan Kardec dedicou um capítulo inteiro do Livro dos Médiuns (capítulo 25) ensinando como, por quê e para quê servem as evocações. São suas estas palavras: "Podemos evocar todos os Espíritos, seja qual for o grau da escala a que pertençam" (item 274 de O Livro dos Médiuns). Disse ainda que não é possível tratar de obsessões graves sem evocar as entidades envolvidas no processo. Certamente as evocações, bem como toda e qualquer atividade no campo da mediunidade, só devem ser praticadas por grupos experientes, que tratam a questão com a seriedade devida. Caso contrário, permanecerão sob jugo de Espíritos enganadores e brincalhões, pois eles existem por toda parte.

O espírita deve buscar na sua reforma íntima mudar a alimentação, evitando ou eliminando as carnes de seu cardápio? O consumo de carne prejudica o exercício mediunidade?
O objetivo da Doutrina Espírita é modificar moralmente o homem, fazendo-o melhor em todos os sentidos. A idéia de que o "não comer carne" contribui para a purificação do Espírito vem das doutrinas esotéricas. Isso não tem qualquer fundamento lógico e contraria as orientações dos Espíritos superiores a respeito do assunto. O que acontece é que a carne vermelha tem uma metabolização mais difícil que as carnes brancas ou alguns vegetais, tendo o organismo que despender maior gasto energético para concretizá-la. O hábito alimentar ocidental é cheio de vícios e temos que nos disciplinar para conter os excessos alimentares, que como todo excesso, faz mal para a saúde do corpo. Um corpo em desequilíbrio traz conseqüências danosas ao Espírito e vice-versa. Portanto, é prudente alimentar-se com moderação sempre. Nos dias de atividades mediúnicas, aconselha-se o consumo de alimentação mais leve para evitar desgastes energéticos com a digestão e facilitar a tarefa de intercâmbio, já que em tudo há a movimentação de energias. O consumo de carne em nada prejudica o exercício da mediunidade. O que o afeta profundamente são os vícios morais, esses um tanto mais difíceis de serem erradicados, do que o simples costume de se comer carne.

Gostaria de tirar uma dúvida em relação a saídas fora do corpo (viagem astral). Isto é uma característica de mediunidade?
A experiência do Espírito fora do corpo chama-se Desdobramento e é um dos tipos de mediunidade. Como existe muita facilidade da pessoa fantasiar visões e experiências, deve ser feita com muita cautela e sem qualquer objetivo de colher informações precisas do mundo espiritual.

Questões sobre as evocações
As evocações para tratamento de casos graves de obsessão, devem ser realizadas sempre em reuniões mediúnicas sérias, com médiuns experientes e seguros. Deve ser realizada uma primeira evocação e dependendo do caso poderá ser feitas mais duas ou no máximo três, pois se tiver uma boa assistência espiritual não será necessário mais que isso para se tratar com os Espíritos obsessores. Em qualquer circunstância o médium deverá se concentrar em Jesus e os Espíritos instrutores do trabalho trarão o Espírito, não importando onde ele esteja, se isso for necessário. Não é necessário que os médiuns se concentrem na casa do obsediado. De uma maneira geral, os instrutores espirituais levam o Espírito para locais onde possam ser instruídos.

b) Quais perguntas que um dirigente deve fazer para o Espírito evocado e quantas vezes é necessário evocá-lo?
As perguntas dependem do caso, mas não devem ser muitas, nem se deve estender nas conversas com Espíritos muito endurecidos. Mais vale fazer as preces e encaminhá-los aos planos espirituais para que os amigos espirituais cuidem dele. A necessidade da evocação depende da evolução do processo obsessivo. Mas, na maioria dos casos graves, não excede três vezes.

c) Como o referido Espírito deve se comportar em um centro espírita kardecista, isto é o dirigente deve deixar o mesmo à vontade e fazer o que quer, ou deve manter o controle do referido Espírito, sem cair no chão, dizer palavrões, ficar andando etc.?
O Espírito só faz o que o médium permite. Se o Espírito faz arruaça, quer quebrar, andar, falar palavrões etc, o médium precisa ser educado, pois provavelmente está sendo mal conduzido em sua mediunidade. O Espírito não pode conduzir o médium, mas o médium conduz o Espírito. O dirigente é o responsável por essas coisas. Se for bem orientado na Doutrina Espírita não deixará que coisas dessa natureza aconteçam.

Gostaria de saber se a prática do desdobramento é saudável, pois há quase 3 anos venho saindo de meu corpo físico.
Desdobramento não é coisa muito sadia se não for feito em ambiente de segurança. Os transes só são mais ou menos seguros quando feitos em casas espíritas kardecistas equilibradas, que possam dar uma orientação mais fundamentada na Doutrina Espírita. Sair do corpo solitariamente é muito arriscado, ainda mais nesse ambiente espiritual que aí está. Além disso é muito sujeito à interpretação pessoal do médium. Portanto aconselhamos ter muita cautela com essa prática, apesar da maioria dos espíritas acharem que não é nada demais. Nossa experiência com a mediunidade e os estudos da Doutrina Espírita, nos dizem o contrário.

Sobre a evocação dos Espíritos, Kardec fala das equipes que se prestam às evocações e são procuradas para atender interesses particulares. Ele diz que só com reservas esses pedidos devem ser atendidos, evitando que o médium se transforme em instrumento de consultas. Diante deste fato o trabalho de pesquisa mediúnica, realizado no atendimento fraterno não estaria em contradição com a orientação do Codificador?
O texto de Allan Kardec se refere às pessoas que fazem da mediunidade meio de vida, ou seja, transformam-se em consulentes, coisa muito comum naquela época e ainda hoje. Portanto ele alertava para esse perigo e orienta nesse sentido, quando trata das evocações. O exame espiritual realizado em alguns casos sérios detectados nas entrevistas nada tem a ver com isso, pois trata-se de uma investigação espiritual no sentido de auxiliar o diagnóstico (como um exame complementar). Além disso, a investigação é feita por solicitação de quem faz a entrevista e não de quem está sendo entrevistado, ou seja, apenas em casos de necessidade. As pessoas só são informadas dos resultados em situações de exceção. Portanto a pesquisa mediúnica não entra em contradição com a orientação de Allan Kardec.

Há centros que alternam médiuns em trabalho ostensivo e médiuns de apoio à mesa, durante o trabalho mediúnico. Existe razão para isso, como troca de fluidos, ou não tem fundamento?
Essa prática não encontra fundamentação nas obras de Allan Kardec. Não existe nenhuma razão para ter médiuns de apoio à mesa. A mediunidade serve para intermediar, como diz o nome. Essa idéia nasceu dos livros subsidiários e encontra ressonância no meio espírita que pouco sabe da obra de Allan Kardec. Esse tipo de alternância na tarefa mediúnica também não faz sentido e tem pouca ou nenhuma produtividade.

Como proceder com pessoas que estão envolvidas por um processo obsessivo, que foram forçadas a desenvolver mediunidade?
No Brasil é muito comum encontrarmos pessoas obsedadas pela prática indevida da mediunidade. São criaturas que acabaram vítimas de dirigentes equivocados, que ainda pensam ser a mediunidade uma forma de se fazer "caridade". A vulgarização da prática mediúnica, a irresponsabilidade das federações e dos líderes espíritas frente ao problema deu origem a uma legião de médiuns improdutivos, de mentalidade fantasiosa que pouco fazem em termos de mediunidade. Quando se percebe que alguém está sob o império da obsessão por causa do exercício da mediunidade, basta afastá-lo das sessões e submetê-lo, durante algumas semanas, a um tratamento. Ela ficará livre das contaminações adquiridas na mesa ou da obsessão, caso a tenha, e o mal desaparecerá. Se o problema for num outro centro, não tenha receio de pedir à criatura que se afaste de lá. Faça-o, pois estará prestando-lhe um grande serviço em nome da caridade.

 







 

A obsessão

O que é Obsessão?
A Obsessão é o domínio que alguns Espíritos adquirem sobre outros, quer encarnados ou desencarnados, provocando-lhes desequilíbrios psíquicos, emocionais e físicos É uma espécie de constrangimento moral de um indivíduo sobre outro. Pode ser de encarnado para encarnado, encarnado para desencarnado, desencarnado para encarnado e desencarnado para desencarnado. Essa influência negativa e irracional traz para as pessoas problemas diversos, o que as tornam enfermas da alma, necessitando de cuidados, como toda doença. Normalmente se faz tratamento das obsessões em centros espíritas kardecistas sérios.

Se a Obsessão é uma doença da alma, quais são seus sintomas?
A obsessão apresenta sintomas tais como: angústia, depressão, perturbação do sono (insônia ou pesadelos), mau humor, desinteresse pelo estudo ou pelo trabalho, isolamento social, pensamentos suicidas, desregramento sexual etc. Não se segue daí, que se conclua que todos os portadores desses sintomas estejam obsediados. Há diversas outras causas, conhecidas da ciência médica, que podem provocar sintomatologia semelhante.

E como se pode tratar essa doença espiritual?
A obsessão, sendo uma doença da alma, deverá ser curada definitivamente com a melhoria do indivíduo no campo moral e intelectual. O Espiritismo (doutrina de Allan Kardec) oferece tratamento seguro para essas doenças, pois trata o problema abordando os dois lados da vida. Se for um Espírito desencarnado, ele será chamado por meio de evocações particulares, nas reuniões sérias de intercâmbio espiritual, para uma conversa e conscientização do mal que está praticando. Do lado do encarnado, se cuidará de tratar com a evangelização (moralização) e pela fluidoterapia (aplicação de passes), levando-o ao entendimento do que precisa fazer para libertar-se do mal.

Como o Espírito recém-desencarnado recebe um novo envolvimento amoroso de sua esposa, ainda encarnada no mundo material? Ele não o aceita? Poderá interferir nessa relação? Há um tempo de espera, para que o cônjuge encarnado possa ter novo relacionamento sem magoar quem já desencarnou?
Quando o Espírito se desprende da carne, ele entra em uma outra dimensão de vida que é a vida espiritual. Lá, terá um nova percepção das coisas, tendo um raciocínio mais livre, mais pleno, pois não está mais confinado aos limites da matéria. Compreende que viverá outros aprendizados e que os afetos deixados na vida terrena igualmente terão também experiências necessárias ao progresso individual e coletivo. Entretanto, se ele for um Espírito pouco adiantado, permanecerá preso ao seu mundo mental, vivenciando as situações que vivia quando em vida, principalmente se cultivou paixões e sentimentos de posse exacerbados.
Poderá com isso sofrer, se seus entes queridos agem com desinteresse afetivo por ele, se entram em disputa por heranças ou mesmo se seus "amores" interessam-se por outras pessoas. Poderá interferir na vida das pessoas, muitas vezes originando processos obsessivos.
Neste caso, deve-se procurar ajuda espiritual numa casa espírita kardecista, para que o problema seja devidamente equacionado. Claro, essas situações de perturbações são de exceção. Normalmente o que se observa é a compreensão por parte de quem partiu. Não há um tempo específico que seja adequado para que se tenha novo envolvimento amoroso. Vai depender da situação de cada criatura. Nas relações verdadeiras, sinceras e duradouras, geralmente quando um parte o outro permanece um bom tempo sem que encontre substituição em seu coração, quando não opta por permanecer sozinho. Entretanto, nas relações difíceis, que são maioria esmagadora no planeta, a perda não se constitui em problema. Todas essas coisas são regidas pelos sentimentos. O tempo, neste caso, é o que menos importa.

Gostaria de saber como se identifica uma obsessão de encarnado para desencarnado. E como se livrar disso?
Sabe-se que a obsessão é uma espécie de constrangimento de um Espírito sobre outro e que isso se dá através da lei das afinidades espirituais (vide pergunta 42). Portanto, as influências ruins podem partir dos encarnados para os desencarnados também. Geralmente isso acontece nas situações onde entre os dois indivíduos existe uma relação em desequilíbrio, tanto de "amor" quanto de "ódio". Pode parecer estranho que se afirme que relações de amor possam gerar processos obsessivos, mas o amor desmedido e possessivo entre duas pessoas (mesmo que seja entre mãe e filho), geram desequilíbrios os mais diversos. Se um deles desencarna é claro que o sentimento permanece o mesmo, a menos que um deles venha a se libertar dele através do esclarecimento. Da mesma forma nos casos de pessoas que desencarnam deixando heranças em que os herdeiros ficam insatisfeitos e não tinham boa relação de afeto com o desencarnado, gerando condições fluídicas mórbidas que envolvem os dois planos. A única forma de se livrar desses problemas é buscando o esclarecimento, procurando uma casa espírita que tenha experiência nesse tipo de atendimento. O tratamento espiritual, esclarecendo os envolvidos no processo, aliado à mudança de postura do indivíduo é a chave para os problemas espirituais de toda ordem.

A depressão pode estar relacionada com obsessão? Como?
Os processos obsessivos moderados e graves levam quase sempre a um estado mórbido mental, que favorece enormemente os estados depressivos, com toda a sintomatologia que esta doença produz. Entretanto, nem todos os quadros depressivos podem ser atribuídos às influências espirituais. Existem mecanismos orgânicos, decorrentes de falhas em sínteses hormonais que explicam cientificamente a depressão. Evidentemente que mesmo nesses casos, pode haver influenciação espiritual por conta da atitude mental da criatura, embora não seja esse o agente causador do processo.

Há a possibilidade de ocorrer uma auto-obsessão, ou seja, de uma pessoa encarnada ser obsediada por ela mesma?
Sim, há essa possibilidade e não é rara. São pessoas que se encontram numa condição mental doentia, atormentando-se a si mesmo. Vivem em um mundo de desarmonia interior e buscam culpar tudo o que há em sua volta, gerando cada vez mais sofrimentos para si mesma e para quem com ela convive. As causas geralmente residem nos problemas anímicos do indivíduo, ou seja, nos seus próprios dramas pessoais. São traumas, remorsos, culpas e situações provindas do seu mundo íntimo e que prejudicam sua normalidade psicológica. Certamente, por conta de sua atitude mental, entram em sintonia com ambiente espiritual de igual teor, o que agrava o quadro, embora não seja esta a causa determinante da enfermidade. Além da evangelização espírita, costumam-se beneficiar-se enormemente com as psicoterapias, no que devem ser estimulados.

Uma convulsão poderá ser sintoma de uma obsessão?
Geralmente as convulsões não são sintomas de obsessão (embora ela possa aparecer associada à enfermidade). As convulsões propriamente ditas são ocasionadas por falhas na estrutura orgânica do homem e necessita de tratamento médico especializado. As alterações do sensório ocasionadas por influências espirituais, não configuram convulsões com o cortejo clínico estudado pela ciência médica terrena. Portanto, há que se ter cautela ao lidar com pessoas que tem crises convulsivas e que querem tratar-se nas casas espíritas. Elas podem ser portadoras de enfermidade epiléptica e necessitam de avaliação médica. Crises de subjugação possuem algumas características das crises epilépticas, mas são bem diferentes. Na epilepsia quase sempre o paciente perde a consciência e desfalece, com movimentos motores involuntátios. Na crise de subjugação, não! Observa-se brusca mudança de comportamento e o perturbado pode cair ao chão, porém, não desfalece e comporta-se como se fosse uma outra pessoa.

Como devemos proceder junto a uma pessoa que está sob o império da fascinação?
Casos de fascinação são muito comuns entre encarnados, e mesmo dentro das casas espíritas que endeusam seus médiuns ou dirigentes. Antes de concluirmos se uma pessoa está sendo vítima da terrível fascinação, é preciso pesar na balança do bom senso. Levemos o problema ao exame de sociedades idôneas, que não estejam sob o domínio das nossas idéias, para opinarem. Se tivermos certeza da obsessão, devemos procurar orientar aquele que padece. Havendo abertura, temos que ir esclarecendo o enfermo aos poucos, fazendo-o ver a presença da má influência. O que acontece na maioria das vezes, é a existência. O espírita é orgulhoso e, geralmente, não aceita que esteja mal assistido. Nestes casos, o melhor é deixá-lo nas mãos da influência em que se compraz. Só aprenderá com a dor.

 







 

O Espiritismo e as religiões

Só o Espiritismo salva?
Não é o Espiritismo ou qualquer outra religião que salva. O que faz o Espírito se salvar (tomar consciência da Verdade) é seu esforço em praticar boas ações, instruir-se para vencer suas más inclinações, adquirir sabedoria e fazer todo o bem possível ao seu próximo. O que salva é a doutrina de Jesus, entidade responsável pelo planeta, que esteve no plano físico para revelar a Lei na sua maior clareza. Todo aquele que a compreende e a vivencia em espírito e verdade, entrará no Reino de Deus, ou seja, no mundo do entendimento da realidade.

Porque o Espiritismo teve seu início na Europa e não se desenvolveu? O Brasil é a maior pátria espírita no mundo?
No princípio, quando surgiu a Doutrina Espírita, havia um espírito da época, onde se achava que os ensinamentos da Espiritualidade iriam transformar o mundo para melhor em alguns anos. Certos Espíritos que trabalharam na Codificação e o próprio Allan Kardec assim pensavam. Porém, a história tomou outro rumo. O planeta ainda iria ter de conviver com uma forma bem mais perniciosa de materialismo, ou seja, aquela que hoje predomina na sociedade, onde o ser humano é tratado como mero objeto de consumo. O positivismo da época relativa ao nascimento do Espiritismo desapareceu. Infelizmente o sistema planejado pelo Codificador para dar corpo ao movimento espírita nascente não foi criado. Sem método, sem organização racional e homens de coragem, a doutrina simplesmente desapareceu da Europa. Transferida para o Brasil por alguns intelectuais, a Doutrina continuou não encontrando espaço para se desenvolver conforme esperava Kardec. Transformou-se num movimento caracterizado pela total ausência da metodologia kardequiana, com tendências católicas e segmentos fanáticos que cultivam a idolatria de vivos. Um espírito chamado Ismael, ligado às teses do advogado francês Jean Baptiste Roustaing, usando de uma política católica chamada "unificação" (que mantém a unidade na Igreja), sufocou todos os esforços em se kardequizar o sistema. Pode-se dizer que o Brasil é o maior país espírita do mundo. Mas não é por nenhuma razão especial. Simplesmente é porque quase não há "Espiritismo" em outros lugares do mundo. Enquanto aqui existe cerca de oito mil casas espíritas, no resto do mundo elas não passam de alguns centenas.

Quem é o Consolador Prometido por Jesus: Espírito de Verdade? Jesus? A Doutrina?
O Consolador prometido por Jesus é a Doutrina Espírita. Ela veio fazer renascer no mundo a doutrina do Cristo (cristianismo) que estava esquecida, abafada pelo ceticismo do século XIX.. Trouxe as explicações necessárias às palavras de Jesus, que permaneceram envoltas em um véu desde o seu aparecimento. Alargou os horizontes do conhecimento humano falando ao homem de suas origens, de seu destino e de seu objetivo como Espírito imortal. O Espírito de Verdade é a expressão do pensamento divino manifesto nos Espíritos Superiores responsáveis pela Codificação kardequiana. É uma plêiade de Espíritos que trabalham em nome do Bem e para estabelecimento do Reino de Deus na face da Terra.

Algumas pessoas pretendem retirar o caráter religioso do Espiritismo. O que vocês acham? O Espiritismo é Cristão ou não?
Transcreveremos abaixo a opinião do Espírito de Verdade, encontrada no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 5: "Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana...". E ainda um comentário de Alan Kardec, no capítulo XVII, item 4, que resume esta polêmica a zero: "O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo ao dar uma fé sólida e esclarecimento aos que duvidam ou vacilam". Rejeitar o caráter cristão do Espiritismo é rejeitar toda a essência da doutrina, que é a mesma da doutrina de Jesus. Os intelectuais, de um maneira geral, rejeitam secularmente a religião ou tudo o que se envolve com ela, pois julgam que tais instituições são castradoras da liberdade. Mas, no caso de intelectuais espíritas, tal atitude é incompreensível. Os ensinamentos dos Espíritos superiores resume a questão, dizendo que o Espiritismo não só é cristão, como é o próprio Cristianismo que ressurge mais forte, trabalhando com a racionalidade, ampliando o conhecimento do homem e endereçando o mesmo ao entendimento de si mesmo.

Como é a hierarquia do movimento espírita? Como o movimento faz para se defender de seitas que se intitulam espíritas e que não seguem o kardecismo?
Não há hierarquia no Movimento Espírita. Todos são livres para praticarem o Espiritismo como bem entendem. Isso, por um lado tem vantagens, mas apresenta também seus problemas. A liberdade excessiva e a falta de compromisso com alguma coisa superior, levou ao enfraquecimento das práticas, dando origem a distorções, condutas e pensamentos que envolvem os adeptos da Doutrina Espírita. Os espíritas nada fazem para se defender daqueles que se intitulam "espíritas", sem o ser. Na maioria das vezes, esperam que o tempo resolva o problema ou freqüentemente nem se importam com isso.

A Religião deve temer a Ciência?
Ciência e Religião é igual a razão e fé. Toda fé deverá ser fundamentada na razão, caso contrário sucumbirá às evidências do progresso da ciência. Allan Kardec nos diz que "fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade". Com o progresso da humanidade, ciência e religião caminharão juntas. Assim é a Lei. Infelizmente, muitas religiões ainda têm a ciência como inimiga da fé.

Como os espíritas celebram o Natal (nascimento de Jesus Cristo) e a Páscoa (ressurreição de Jesus Cristo)?
Da mesma forma que qualquer cristão, com o respeito que as datas merecem. Entretanto, não se pode esquecer que essas datas estão inseridas em um contexto comercial, com forte apelo consumista, que deve deixar alerta qualquer pessoa sensata. Sabe-se que a data do Natal foi criada muito depois do nascimento de Jesus, no ano de 749, quando o imperador Bernardino, o Pequeno, por ocasião da inauguração da Nova Roma, aproveitou a data festiva (25 de dezembro) e instituiu como o dia do nascimento de Jesus. Embora a data comemorada não seja a real, pois na verdade não se sabe ao certo o dia em que nasceu o Mestre, ela tem seu valor por concentrar um número grande de bons pensamentos nessa época, onde as pessoas, por seus sentimentos inatos de religiosidade, ficam mais dóceis, amáveis e fraternas. A Páscoa é uma festa judaica que comemora a saída do povo hebreu do Egito. Como nesse dia foi realizada a crucificação de Jesus, os cristãos absorveram, desde aí, como comemoração de Sua imolação. Deve ser vista apenas como um festa cultural religiosa, sem maiores conseqüências.

Como os espíritas avaliam as diversas religiões orientais espiritualistas, que desenvolvem, também, um trabalho voltado para a evolução do ser humano tendo o altruísmo como ensinamento básico?
O Espiritismo é a doutrina de Jesus e, como tal, oferece aos homens a possibilidade de libertar-se da situação de ignorância espiritual, através de Seus ensinamentos, que se sustenta basicamente no exercício do amor ao próximo. Portanto, todas as doutrinas que professem o mesmo sentimento podem levar o homem a compreender melhor sua essência divina. Entretanto, as religiões orientais por desconhecerem os ensinos libertadores de Jesus, embora tenham conhecimento da imortalidade do Espírito, permanecem presas ao atraso material e intelectual reinante nas regiões onde se localizam. Certamente, são religiões que foram criadas para atender um fim específico, ligado ao desenvolvimento de Espíritos encarnados em determinadas áreas do planeta. Mas, de um modo geral, não se coadunam com a modernidade do mundo ocidental, nem com as necessidades dos seus habitantes. A doutrina de Jesus é superior a elas em todos os sentidos, pois não se atrela a ritualismos, exterioridades, nem fanatismos.

É normal que nos Centros Espíritas haja imagens de "preto-velho" ou qualquer tipo de imagens e quadros?
A Doutrina Espírita direciona o homem em busca do entendimento de si mesmo, libertando-o da ignorância das coisas essenciais. As imagens de qualquer natureza denotam o apego do homem à idolatria e aos costumes de suas antigas crenças. Não faz sentido existir imagens em centros espíritas, quer sejam de pretos-velhos, Nossa Senhora ou Jesus, quer sejam quadros de Espíritos benfeitores como comumente se vê. A casa que acolhe esse costume com naturalidade, certamente está ainda sob o jugo do atraso. Falta-lhe o hábito do estudo libertador. Como o costume católico está impregnado na consciência dos espíritas, comumente se vê nos centros quadros dos grandes luminares do Movimento Espírita, alguns ainda encarnados, o que denota uma condição de fanatismo e idolatria.

O que o Espiritismo entende a respeito do que é o Espírito de Verdade?
O Espírito de Verdade é um corpo de idéias trazidas para nós por iluminados missionários de Deus, sob a égide de Jesus Cristo. Não é uma única entidade como a igreja fez crer por longos anos (e ainda acredita até hoje), mas uma plêiade de Espíritos que trabalham em nome do Bem. O Espírito de Verdade e o Espírito Santo são a mesma coisa, ou seja, esse conjunto de idéias que move o mundo em direção à Verdade, à Justiça e à Paz.

Por que a Doutrina Espírita não aceita o Antigo Testamento, como um livro confiável, sendo que Jesus testifica todos eles como inspirados por Deus?
A Doutrina Espírita aceita a Bíblia como um livro de muita sabedoria, pois é lá que estão todos os fundamentos da mensagem de Deus aos homens. Allan Kardec e os Espíritos superiores tratam das Escrituras Sagradas com muito respeito e com o devido valor. O Velho Testamento se ocupa da Lei antiga e o Novo Testamento, da Boa Nova que Jesus, o Cristo, trouxe à humanidade, para todos os tempos. Não sabemos onde você ouviu esta informação, mas saiba que ela não é verdade. Os espíritas que acham que a Bíblia não é confiável estão equivocados e muito longe da compreensão da profundidade da Doutrina Espírita.

Qual a importância de Moisés? Podemos, como espíritas, nos ocupar de seus escritos?
Moisés foi o homem escolhido por Deus para semear entre os primitivos a lei de todos os tempos e de todos os povos. Estruturou-a em Dez Mandamentos, resumindo os deveres que fariam das criaturas, homens de bem. Ao lado disso, porém, estabeleceu leis disciplinares que pudessem deter uma comunidade de homens primitivos dentro de um sentido mínimo de convivência. Há, portanto, que se separar o que é divino (Lei de Deus) do que é humano (lei disciplinar) na obra desse legislador hebreu. A grande missão dele foi preparar o terreno para que mais tarde Jesus pudesse semear a mensagem da fraternidade universal. Recebeu, portanto, a Primeira Revelação de Deus aos homens. A Lei disciplinar de Moisés está contida nos cinco livros atribuídos a ele: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A Lei divina são os Dez Mandamentos. Como espíritas temos o dever de saber a gênese de nossa doutrina que não é outra senão a do Cristo, que por sua vez, veio desdobrar os Dez Mandamentos da Lei de Deus.

 Porque diz-se que o Espiritismo é a Terceira Revelação?
O Espiritismo é a Terceira Revelação de Deus aos homens. Antes dela vieram a Primeira, com Moisés e a Segunda, como Jesus Cristo. É uma Revelação porque mostra a existência e natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo material; desenvolve, completa e explica o que foi dito de forma alegórica por Jesus; dá um sentido à vida e explicação lógica ao sofrimento e dificuldades vivenciadas pelas criaturas e abre um vasto campo de possibilidades de crescimento e dá ao homem a definitiva certeza de sua imortalidade e universalidade. Allan Kardec diz: “Ele (o Espiritismo) é portanto obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a terra” – (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 1, 7).

O que é niilismo. O que se entende por postura niilista da vida?
O niilismo é a doutrina do nada. A postura niilista da vida é a maneira imediatista do homem ver a vida, sem a salutar confiança no futuro. A idéia de que a vida se resume entre o nascer e o morrer tem sido a grande razão pela qual a humanidade se mantém no atraso moral. A dúvida sobre o futuro faz com o que o homem concentre seus pensamentos apenas na vida terrena. Sem idéia do porvir, dedica-se inteiramente ao presente, depositando sobre ele todas as suas esperanças de felicidade. Considera os bens terrenos muito preciosos e sua perda causa-lhe pungente dor e sofrimento.
A idéia da nulidade é o mais grave engano da humanidade, o que leva o homem a posturas de extremo egoísmo que tem caracterizado o comportamento em todos os tempos. Com esse pensamento, o homem elaborou seu alicerce em valores transitórios, dando à vida uma importância calcada unicamente na aquisição de riquezas materiais, único bem a que se dispõe adquirir. Tivesse a idéia da conseqüência danosa desse pensamento para a sociedade e para a edificação de seu Espírito imortal, trataria de rever urgentemente seu ponto de vista. Sem perspectivas de futuro (para o Espírito) todas as suas lutas resumem-se em superar o outro, em contraponto com o verdadeiro objetivo da vida, que é a superação de si mesmo. Como a idéia da vida futura lhe é vaga, e às vezes resume-se apenas a frágeis concepções religiosas ou filosóficas, trata de suprir apenas o presente, esbaldando-se em esforços nas conquistas da matéria, única coisa real e justificável em sua ótica niilista.

Qual o papel do Espiritismo no mundo de regeneração?
O Espiritismo tem preponderante papel nesse processo. Deverá oferecer aos homens as ferramentas para a compreensão das leis de Deus. Ou seja, dar aos homens as condições de entendimento a fim de que possa promover a paz pessoal e coletiva. Os centros espíritas poderão ser estruturados de forma a ensinar a conduta cristã aos homens, que a absorverão com facilidade e rapidez. Serão, no mundo de regeneração, o que deveriam ser hoje, ou seja, núcleos equilibrados onde o homem possa abastecer-se da mensagem de Deus, sem os fanatismos, sem fantasias e idolatrias de vivos, próprios de mundos atrasados. Templo e escola, oferecendo os saberes humano e divino. O Espiritismo oferece um vasto horizonte de crescimento, explicando ao homem sua origem e a origem de seus males. Através da compreensão de seus princípios de reencarnação e da lei de causa de efeito, a humanidade poderá mudar seu ponto de vista e assim melhorar suas condições de vida terrena.

Como proceder para realizar o Culto do Evangelho no lar?
O culto do Evangelho no lar é muito simples e traz grandes ensinamentos e equilíbrio para a família. Deveria ser um hábito de todos as pessoas que se dizem cristãs. Não existe uma fórmula, mas pode-se dar alguns conselhos nesse sentido. Faz-se uma prece no início, pedindo a proteção de Jesus. Lê-se um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, do Novo Testamento ou de livros e mensagens de procedência idônea. Faz-se breves comentários, de maneira que todos exponham seus pensamentos sobre a lição. Depois, o mais experiente fecha o comentário, se houver necessidade. A seguir realiza-se a prece de encerramento e está feito. Dura, no máximo, 30minutos (de 15 a 30). Numa reunião dessa natureza não comporta manifestações de Espíritos, mesmo que sejam supostos guias familiares. Se houver insistência dos Espíritos para essa prática deve-se ter cautela e observar duas coisas: ou o grupo está sob influência de Espíritos pouco esclarecidos ou conta com a presença de alguma pessoa em desequilíbrio de sua mediunidade. O lugar de manifestações de Espíritos é nas reuniões criadas para esse fim, nas casas espíritas.

Tenho um colega, que já foi espírita e hoje é presbiteriano, que afirma ter evoluído ao abraçar a nova doutrina espiritual. Diz, ainda, o referido rapaz, que as lembranças de vidas passadas, tão bem documentada pela Doutrina Espírita, não passam de recordações provenientes do inconsciente coletivo, fato cientificamente comprovada. Sempre ouvi dizer que a nossa doutrina caminha lado a lado com a ciência e isso foi o que me trouxe a ela. Como argumentar?
Em primeiro, dizemo-lhe que não adianta argumentar as teorias da Doutrina Espírita com os irmãos protestantes. Embora seja uma crença séria e muito ligada aos valores do Espírito (exceção feita às pentecostais, que mercadejam com as coisas de Deus), eles se apegam demais à letra das Escrituras e não adentram no espírito dela. E como diz nosso mestre Paulo de Tarso, a letra mata e o espírito (da letra) vivifica.
Não nos causa surpresa a afirmativa dele de que tenha evoluído ao deixar a Doutrina e entrar no presbiterianismo, que é de muita seriedade. Deve ter tido contato com algo que nada tem a ver com o Espiritismo, como estamos cansadas de ver por esse país a fora. Pois, digo-lhe que quem compreende de fato a Doutrina dos Espíritos dela não quer mais se afastar. Mas nem sempre é assim.
A certeza da reencarnação é única e exclusivamente a crença na justiça divina. Se Deus é bom, justo e perfeito, jamais criaria um mundo de desigualdades, sem que suas criaturas tivessem novas chances de se redimir de seus erros. Seria injusto e incompreensível. A tese do inconsciente coletivo é usada largamente pelas ciências psíquicas, que sem acreditar em nada além desta vida, acharam este gancho para explicar os tantos fatos inexplicados de loucura, desajustes, acessos de ódio, violência etc. Essa tese anula a individualidade após a morte e me admira que doutrinas tão belas como o protestantismo, defenda isto que nada mais é que o materialismo escondido por trás da ciência, que lhe dá o aval de seriedade. É a condição de atraso da humanidade. Sugiro que não procure argumentar, mas leia o capítulo IV do Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, no capítulo VI também, perguntas 166 a 221.

Qual a visão espírita com respeito a centenas de pessoas que morrem em acidentes naturais como o que ocorreu no terremoto da Turquia há pouco tempo? Como explicar um acidente de avião onde outras centenas de pessoas morrem? Será que todas tinham que morrer daquela maneira? E o que dizer de um motorista que dorme ao volante de um ônibus levando todos os passageiros à morte? Esse motorista foi um instrumento, quer dizer ele estava fadado a cometer esse ato, causando a morte dessas pessoas que tinham que morrer? Ou será que o descuido do motorista levou todas aquelas pessoas à morte sem necessidade?
Para bem compreender o tema sugerimos a leitura do capítulo VI de O Livro dos Espíritos, sobre guerras, destruição e flagelos. As mortes nem sempre estão programadas, pois muitas vezes são conseqüências do descuido e irresponsabilidade de alguns. Mas, nos grandes acidentes, muitos expiam seus débitos. De todo modo, no mundo atual, devido à situação de dificuldade moral que se vive, muitas pessoas retornam prematuramente por conta dos excessos de toda ordem. Os acidentes por negligência não estão programados e seria injusto se o fossem, mas nessas situações alguns se encontram em situação de resgate, outros já terminaram mesmo sua jornada e outros vão antes da hora. Em tudo , a Lei de Deus, mesmo que nos escape ao entendimento. Sugerimos o estudo de todo o capítulo IV de O Livro dos Espíritos.

Atualmente, temos visto muitos problemas com comunidades carentes e formamos uma Instituição cujo objetivo principal é a filantropia. Estamos atendendo semanalmente 40 (quarenta famílias), sendo estas de diferentes religiões. Seria prudente entrarmos com a divulgação de nossa doutrina?
Existe um equívoco quanto ao que se faz em todo o Brasil em termos de Espiritismo. Por toda parte se pratica apenas assistencialismo. A Doutrina Espírita não veio à humanidade para assistir o homem em suas necessidades materiais. Sua missão principal é a de esclarecer a respeito da verdade em todas as suas conseqüências. Isso, pouca gente sabe fazer de maneira produtiva.
A assistência social deve ser praticada pelos grupos espíritas, mas como conseqüência do entendimento de que é preciso fazer alguma coisa para ajudar quem tem fome. Mas, se não ensinarmos aos homens o caminho do Evangelho, quando desencarnarem, permanecerão em trevas. Concluí-se daí, que o verdadeiro alimento é o conhecimento. O verdadeiro espírita não faz apenas filantropia sem ensinar a Doutrina que liberta o Espírito.

Como interpretar o culto do Candomblé?
O Candomblé é um culto africano. Os negros africanos, ao chegarem ao Brasil, trouxeram um culto primitivo, oriundo de sua pátria, conhecido como Candomblé. Cultuavam alguns deuses chamados por eles de "orixás". Essas divindades seriam, por um lado, ligadas à natureza e por outro aos homens. Praticantes seculares do mediunismo, os negros adeptos do Candomblé, não aceitavam e não aceitam até hoje, a "incorporação" em seus médiuns de Espíritos de "mortos". No Candomblé um Espírito errante é chamado de "egum". Nos terreiros de Candomblé, só se manifestam mediunicamente as divindades chamadas de "orixás".
O Panteão Africano constitui-se basicamente por sete Orixás Maiores e ainda por muitos Orixás Menores. Os primeiros, são voltados para o lado mais divino da obra de Deus. Os últimos, são mais ligados à própria criatura humana.
Os "orixás", ao presidirem a própria natureza através de seus agentes, trariam em si características de personalidade que os ligariam a determinados estados evolutivos da espécie humana. A vibração provocada pelo tipo de personalidade de um certo indivíduo, vai colocá-lo sob a influência de determinado "Orixá". Diz-se, então, que ele é oriundo daquela faixa psíquica, ou como fazem no Candomblé, que ele é "filho de Santo". Nada tem a ver com Espiritismo.

Gostaria de saber se em um centro espírita, onde tudo foge da Doutrina de Allan Kardec como: não tem hora para começar e nem terminar, assuntos supérfluos, moral do dirigente inadequada, consultas nos trabalhos mediúnicos, etc., um médium pode se afastar da tarefa por não concordar com o trabalho? Haverá influência negativa em sua vida? A mediunidade ficaria desequilibrada? Seria falta de caridade?
A respeito de suas perguntas, e levando em consideração seu relato, temos a dizer que estará melhor longe desse grupo, pois está sob jugo de Espíritos atrasados. Procure um grupo sério onde você possa estudar a Doutrina com dedicação e discernimento. Se não encontrar, estude em casa e visite os sites sérios sobre o Espiritismo, lendo os trabalhos escritos sobre as atividades doutrinárias. Estará melhor assistida e terá mais proveito, sem dúvida. Se puder esclarecer outras pessoas de lá sobre essas coisas, tanto melhor. Alguns não sabem que estão se prejudicando nesse tipo de núcleo em completo desequilíbrio. Existem muitos assim, sem dúvida.

Os Adventistas do Sétimo dia e os Judeus têm o dia do Sábado como dia escolhido por Deus para a louvação. Faz parte dos Dez Mandamentos das Antigas Escrituras. Gostaria de saber mais a respeito disso, pois tenho parentes adventistas e amigos judeus, que combatem o Catolicismo por "guardarem" o Domingo.
Guardar o sábado ou o domingo é apenas uma questão de forma. Quando as Leis vieram através de Moisés, o sábado já era um dia reservado à adoração pelos povos antigos. Santificar o dia de Sábado, na verdade quer dizer que pelo menos um dia da semana o homem teria que se dedicar às coisas de Deus. Mas tanto pode ser sábado, como domingo, como qualquer outro dia. É apenas uma questão de forma. Na verdade o homem de bem teria que se dedicar a observar a Lei todos os dias. Mas ainda somos atrasados para compreender isso. Que seja pelo menos em um dia. Não faz sentido achar que é neste ou naquele. Pensar assim é grande sinal de atraso espiritual ainda.

Porque o Espiritismo não aceita banhos, velas, sal, talismãs e outras coisas e usa água fluidificada e passes? Onde Kardec falou desse procedimento?
Importante se definir sob qual orientação espiritual queremos nos manter. O Espiritismo é uma doutrina codificada por um missionário chamado Allan Kardec. Em todos os seus ensinamentos, ele e os Espíritos superiores que trabalhavam com ele, nunca prescreveram qualquer tipo de talismã ou objetos que pudessem servir para ajudar uma pessoa na solução dos seus problemas. Ora, quando examinamos os ensinamentos do Cristo, também encontramos o mesmo espírito. Kardec afirma que certas pessoas utilizam de objetos materiais para despertar a sua fé. Mas deixa claro que isso é uma estreiteza de visão desses Espíritos. Claro, uma doutrina não pode nivelar seus conceitos por princípios ligado à transitoriedade e relatividade das coisas. Quem precisa de objetos para despertar sua fé está mais atrás na senda do progresso e não deve, em hipótese alguma, ser tomado como exemplo a ser seguido.
O passe nada mais é que a imposição das mãos, ensinada por Jesus e muito utilizada na época do Codificador para magnetizar enfermos e obsediados. Quanto à água fluidificada, ela fundamenta-se no princípio de que os objetos materiais podem ser magnetizados. No caso da água, supõe-se que ela seja o elemento mais fácil de receber energias, por causa de sua natureza etérea. Daí nasceu a idéia de se magnetizar esse elemento, para os enfermos pudesse utilizá-los no tratamento de suas doenças. Nas Obras Básicas e na Revista Espírita, Allan Kardec fez longos e sérios estudos sobre o magnetismo e natureza e utilização dos fluidos humanos e espirituais.

A Bíblia condena o Espiritismo?
A Bíblia não condena o Espiritismo, pois o termo Espiritismo surgiu em 1857 com Kardec. O que a Bíblia proíbe, e com justiça, é a pratica da mediunidade de forma incorreta. E a mediunidade não é exclusividade do Espiritismo. Este comentário existe porque Moisés proibiu a evocação dos mortos, pois essa prática havia se tornado um abuso entre os judeus, com videntes sendo consultadas a todo instante, por motivos fúteis, causando grande confusão na coletividade.

 






 

Questões morais

O que é o pecado, segundo o Espiritismo?
Pecado é todo e qualquer ato que contrarie as leis de Deus (leis naturais). Paulo de Tarso, na Bíblia, diz que sem Lei não existe pecado. Isso quer dizer que à medida que o homem toma consciência da Lei de Deus, aumenta sua responsabilidade em relação aos erros e igualmente o rigor em seu próprio julgamento. É somente nessa transgressão que se resume o pecado.

Qual a definição, segundo o Espiritismo, de moral e de intelectualidade?
Moral é um conjunto de princípios que rege a vida dos indivíduos em uma sociedade. São valores adquiridos pelos homens em suas inúmeras experiências encarnatórias. A moral sadia é aquela que se fundamenta nos princípios da doutrina de Jesus que é o modelo maior de virtude que já esteve no planeta. Reconhece-se o adiantamento de um povo quando as leis que regem a sociedade são justas e as pessoas vivem de forma equilibrada. A intelectualidade é o crescimento do indivíduo dentro do conhecimento científico, no sentido mais amplo que se pode dar a esse termo. É o saber conseguido pelo seu esforço pessoal no campo das ciências humanas. O ser intelectualizado, teoricamente, teria condições melhores de compreender os mecanismos das leis divinas (naturais). Entretanto, no nível evolutivo em que se encontram os Espíritos neste planeta, freqüentemente dá-se o contrário, pois julgam-se doutos e sábios por si mesmos, nada atribuindo à sabedoria de Deus. Mas haverá um tempo em que os homens inteligentes também serão sábios (no sentido da moralidade), fazendo avançar mais rápido a humanidade.

Qual a finalidade da infância no homem?
A infância é um estado especial do Espírito encarnado. Nela, o indivíduo ainda não possui o livre arbítrio totalmente disponível. É nesta fase que se pode receber os ensinamentos dos pais, sem refutar. Na infância os sentidos do Espírito estão mais sujeitos a modificações pelo aprendizado através da instrução e principalmente do exemplo dos pais. Nos mundos mais evoluídos o período da infância é menor, pois os seres que ali habitam são mais adiantados, não necessitando de um período de infância muito extenso. Na adolescência o Espírito readquire total liberdade de agir, o que comprova a existência de crianças amáveis, que podem vir a ser adolescentes rebeldes ou vice-versa. Só iremos saber que tipo de Espíritos são nossos filhos nessa segunda fase da vida.

O homem e a mulher são tratados igualmente perante às Leis Divinas?
Se assim não fosse não haveria justiça. Os Espíritos serão reconhecidos pelo bem que fizeram, independentemente do sexo, raça ou condição social que tinham quando encarnados. Reencarnar em ambos os sexos, serve apenas como experiência para aprendizado do Espírito. Reencarnando como homem, podem aprender a usar a razão com maior ênfase do que com o coração, desenvolver atividades que utilizem maior força física etc. Como mulher poderá aprender a usar maior sensibilidade e a abençoada maternidade. Não se segue daí que o homem não tenha sensibilidade ou que a mulher não use a razão, claro. Se reencarnarmos nos dois sexos, teremos um equilíbrio entre as duas forças e formas de aprendizado. A Doutrina Espírita ensina que os homens e as mulheres são iguais perante Deus, e são dotados dos mesmos direitos. No entanto, possuem funções específicas na situação encarnatória em que se situam.

Por que existem tantas injustiças sociais na Terra?
Segundo Allan Kardec, através das instruções dos Espíritos Superiores, a Terra é um planeta atrasado, de provas e expiações. Portanto, morada de Espíritos imperfeitos que necessitam de ajustes decorrentes de sua própria condição espiritual. Não se mandam pessoas sãs aos hospitais e a Terra é um grande hospital, onde habitam criaturas enfermas da alma para sua depuração através de suas experiências na matéria. As injustiças sociais são conseqüências do egoísmo e orgulho do homem atrasado. Com a evolução social e moral da humanidade, o homem aperfeiçoará suas leis e viverá numa sociedade mais justa e fraterna.

Por que sentimos antipatias ou simpatias por algumas pessoas que nem conhecemos?
Tudo se fundamenta na lei das afinidades fluídicas. Os pensamentos que emitimos impregnam o ambiente onde estamos e atrai outros que pensam da mesma forma, assim como funciona como força de repulsão para quem tem pensamentos contrários. Nem sempre as antipatias gratuitas são resultados do passado, como se costuma acreditar. Portanto somos atraídos para os que nos são simpáticos e nos afastamos de quem não temos afinidades. Chegará um dia em que toda a humanidade estará reunida em um único campo energético de amor e paz, e aí não haverá mais sofrimentos, nem dores.

E quanto aos vícios, de cigarro, bebida ou drogas? Porque dizem que esse vícios são morais? Não seriam vícios físicos?
Todos os vícios e virtudes são inerentes ao Espírito encarnado. É uma incoerência afirmar que o vício do cigarro, por exemplo, é físico e nada tem a ver com moral. Se assim fosse teríamos que admitir a supremacia do corpo sobre o Espírito e não o contrário, como se dá de fato. A razão repudia tal afirmativa. Os vícios são uma espécie de muleta psicológica das criaturas que nele vivem, decorrentes de fraquezas em sua estrutura moral. Entregam-se ao vício por alguma razão e é penoso para elas se desvencilharem dele. São pessoas que necessitam de auxílio, se assim o quiserem. Além, é claro, de adquirir débitos com a lei de Deus, por maltratarem seu corpo físico, santuário da evolução do Espírito. Os vícios, quaisquer que sejam, devem ser combatidos e as pessoas que com eles se envolvem, auxiliadas e estimuladas a se libertarem deles.

O que acontece quando uma pessoa comete o suicídio?
Os suicidas são criaturas em débito com a lei de Deus, assim como todos os que a infringem de uma forma ou de outra. Claro que trata-se de grave delito e o Espírito sofrerá as penas dessa infração. Sofrerá as conseqüências de seus atos, que depende muito das circunstâncias que envolveram a situação em si. Cada caso é um caso, pois trata-se de individualidades, e não se deve generalizar como se todos os suicidas tivessem o mesmo destino, em termos da vida espiritual. As experiências de um Espírito nesse campo pode ser completamente diferente de outro. As leis de Deus são justas e sua justiça levará em conta os atenuantes e agravantes de cada caso. Evidentemente que todos experimentam muito sofrimento quando entendem a gravidade do ato que praticaram. Muitos permanecem presos a regiões astrais onde estão outros irmãos com igualdade de pensamento, obedecendo a lei das afinidades. O tempo que permanecem no sofrimento depende da consciência e da condição evolutiva do Espírito.

Qual a opinião do Espiritismo sobre o divórcio?
A Doutrina Espírita nos incita à compreensão de nossas responsabilidades como Espíritos imortais em experiências transitórias na carne, que servem para nosso crescimento. Nos ensina, por exemplo, que estamos juntos com essa ou aquela pessoa para acertar determinados débitos, auxiliando-nos mutuamente, através da convivência baseado no amor e respeito mútuo. O casamento, portanto, é um sério compromisso que deve ser cuidado com zelo, na tentativa de viabilizar nessa experiência o que provavelmente não foi possível em experiências passadas. A freqüência com que os casamentos são desfeitos atualmente é deveras preocupante. São uniões frágeis por conta da imaturidade espiritual dos homens. Entretanto, a Doutrina Espírita, embora encaminhe o homem para encontrar seu equilíbrio dentro de seus lares, não condena o divórcio, pois entende que é uma lei humana necessária, que trata de separar legalmente o que já estava separado de fato. Mas, deve-se tentar por todos os meios preservar o casamento, por conta do conhecimento das leis divinas que é trazida aos homens através do Espiritismo.

Qual o papel dos pais perante os filhos?
Em o Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 9, Santo Agostinho deixa um verdadeiro tratado sobre as responsabilidades dos pais na educação dos filhos. São eles os responsáveis pela condução dos filhos ao caminho reto. Deus coloca em suas mãos a tarefa de fazer deles homens de bem, mas para isso é necessário que os pais também sejam pessoas conscientes da grave responsabilidade assumida. A educação verdadeira demanda exemplificação, pois sem o exemplo a palavra é vã. Quando se recebe um Espírito no seio familiar ele vem com defeitos e qualidades adquiridos ao longo de sua trajetória como Espírito imortal. Diz Agostinho que é necessário aplicar-se em estudá-los a fim de que se possa extirpar os males oriundos do egoísmo e do orgulho. Se isso não for feito e esse filho vier a se perder moralmente por negligência dos pais, eles serão responsabilidades pela grave falta perante Deus.

Podemos repreender uma pessoa? A crítica é falta de caridade?
Para respondermos esta questão, basta que olhemos para nossa vida privada. Se em nosso círculo familiar alguém se encontra em conduta inadequada que possa prejudicar-lhe ou prejudicar outros, o que fazemos? Deixamos a pessoa mergulhada no erro para não feri-la com admoestação ou agimos conforme manda o bom-senso, chamando carinhosamente sua atenção? Seria incompreensível se ficássemos calados, pois aí estaríamos faltando com a caridade, nos omitindo vergonhosamente. Assim mesmo devemos agir em nossa vida cotidiana, pois não podemos ter dois pesos e duas medidas. Podemos sim repreender alguém, se acharmos conveniente, e isso não configura falta de caridade. Mas para isso temos que ter autoridade moral sobre a pessoa em falta, pois nada vale condenar uma falta se ainda a praticamos. O Espírito São Luís, em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo X, item 21, nos diz: "Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois é melhor que um homem caia do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas".

 que a Doutrina Espírita fala a respeito do homossexualismo? É um erro ou um estado de espírito?
A homossexualidade é um desvio de comportamento do Espírito e como tal, deve ser encarada. Às vezes, manifesta-se como uma prova (que alguns deixam-se vencer) e em outras, como expiações tenazes. Todos os que vivem neste planeta ainda atrasado, são portadores de imperfeições. A homossexualidade é uma delas. O sentido da encarnação é justamente a luta para libertar-se de uma forma ou de outra. Entretanto os problemas da sexualidade envolvem muitos aspectos por tratar-se de área nevrálgica do comportamento humano. Como tornou-se problema comum demais em nosso meio, por conta da liberdade de ação do ser, naturalmente busca-se explicar o homossexualismo como algo normal, apenas como uma opção sexual do homem. Daí a reação negativa quando alguém fala que a homossexualidade não é simples opção e sim um desequilíbrio da sexualidade.
Se essa conduta fosse normal não traria tantas dores, decepções e sofrimentos para os irmãos que vivem dessa forma. E o sofrimentos não são conseqüências apenas do preconceito de que são alvo os homossexuais, mas advém principalmente dos danos psíquicos ocasionados pelas relações conflituosas e em desequilíbrio, salvo raras exceções.
Como é algo de difícil controle e geralmente são pessoas que sentem imenso prazer na prática, é muito mais fácil aceitar o círculo de idéias de que é normal, de que trata-se apenas de uma opção sexual, do que aquelas que o endereçam ao reformulamento de conceitos e ao esforço em modificar-se.
Infelizmente, as idéias ditas "modernas" ganham força e os irmãos que necessitariam de uma ajuda grande no sentido do amparo, do amor e da compreensão do problema, são lançados na vida e estimulados a viver cada vez mais intensamente os desvios da sexualidade, trazendo sem dúvida problemas cármicos para futuras encarnações.

Como viver a homossexualidade em conformidade com a Doutrina Espírita? Se a pessoa quer viver essa experiência, não estará exercitando o seu livre arbítrio?
Sim, estará exercitando seu livre arbítrio, bem como quando ama ou odeia, quando estuda ou permanece ignorante, quando trabalha ou prefere a inércia etc. Todos somos imperfeitos e necessitamos de auxílio nos muitos aspectos da vida. O homossexual também o é. Tem um problema e pode tentar resolvê-lo ou fazer de conta que não o tem. Estará exercitando seu livre arbítrio da mesma forma. A mitificação do problema só serve para exacerbá-lo ainda mais, colocando essas pessoas como vítimas e não como criaturas que podem ser auxiliadas, se assim o desejarem. Claro que, se sentem-se felizes e querem vivenciar suas experiências de prazer carnal, deve-se respeitar isso. Porém, quem compreende os objetivos essenciais da existência do Espírito imortal, jamais poderá afirmar que esse é um comportamento normal ou que tal procedimento não trará conseqüências para a vida futura do Espírito.
Jesus viveu entre adúlteros, cobradores de impostos e homens de má índole, não como um deles, mas para tirá-los da vida de erros em que se locupletavam por ignorância. Dizia "sede perfeitos" e não "continueis imperfeitos". No episódio da mulher adúltera, após todos terem ido embora, disse: "vá e não peques mais". Embora não tenha condenado a mulher, estimulou-a a deixar a vida de enganos. Poderia ter dito para continuar com a mesma vida para não ferir a suscetibilidade da mulher, "aceitando-a" entre os seus, mesmo com seus problemas morais. Mas agiu conforme a lógica de sua doutrina.

No âmbito da Doutrina Espírita quais são as conseqüências para a sanidade de quem tem responsabilidade direta pela desencarnação de outras pessoas?
Depende do caso. Tirar a vida de alguém é sempre uma infração à Lei de Deus. Mas em todas as atitudes está sempre presente a intenção. E a intenção agrava ou atenua a falta. Claro que envolve muitas nuanças que não podem ser avaliadas com tanta simplicidade, mas quase sempre se o móvel da ação foi futilidades e irresponsabilidades, a falta é muito maior sobretudo se o agente causal é dotado de conhecimento dos princípios do Evangelho. A sanidade está na razão direta da maturidade do Espírito. As conseqüências estão atreladas à lei de causa e efeito que tomará providências para que futuramente o mal seja corrigido.

Além dos transtornos inerentes a desarmonia de consciência, haverá outras afetações por influências de fatores externos, por exemplo: a possibilidade do indivíduo passar a ser obsidiado por sua vítima?
Sim, isso é possível e por este motivo é aconselhável que se dê amparo espiritual à pessoa que cometeu o delito, inclusive para que ela tenha a consciência da necessidade em mudar de atitudes. Assim poderá dificultar a ação do inimigo invisível, se porventura sua vítima resolver vingar-se. Jesus, em sua sabedoria, instava o homem a "reconciliar-se sem demora com o inimigo, enquanto com ele a caminho", entendendo todas as conseqüências do ódio e da mágoa de um indivíduo a outro, tanto no campo da matéria, quanto no mundo espiritual.

O que uma pessoa que matou a outra pode fazer para diminuir a aflição de sua consciência em virtude dessa atitude, absolutamente grave, porém inexorável quanto a possibilidade de receber reparação direta, pois não há mais vida?
A aflição da consciência pelo ato já dá mostras de que o ser entrou no processo de arrependimento, imprescindível para o restabelecimento do equilíbrio da alma do devedor. No mais, é trabalhar pela sua melhoria moral, única maneira de enfrentar as adversidades da qual foi artífice por conta da ignorância das Leis Divinas. Não há outro caminho. E para isso necessita da ação moralizadora do Evangelho de Jesus e o amparo caridoso dos entes queridos.

São válidas as iniciativas, daqueles que tem responsabilidade pela morte física de uma outra pessa, dedicar orações à sua vítima e ao exercício de reparações, trabalhando para que outras pessoas não tenham o curso de suas vidas interrompidas por monstruosidades semelhantes as por ele práticas?
Todas as iniciativas para minimizar erros e amparar os que sofredores são muito válidas. Nesse campo, as preces feitas com sinceridade de coração são verdadeiros bálsamos a amparar a alma do desencarnado. Quanto ao mais, todas as atitudes no campo do Bem e principalmente naquele em que se cometeu o delito, são extremamente válida, para minimizarem efeitos, tendo em vida o futuro do Espírito imortal.

O que os familiares podem fazer para ajudar a um filho que tem uma responsabilidade tão grave e hedionda, por haver transgredido as Leis Divinas tirando a vida de uma pessoa?
Sobretudo amar com benevolência e caridade, lembrando sempre que talvez muitos dos que o estão amparando já palmilharam esses dolorosos caminhos da ignorância. Em todas as situações de erros graves dessa natureza, os pais deverão assistir sem reservas, estimulando sempre as mudanças internas do filho amado, não se deixando dominar pelo desânimo e descrédito nas melhorias espirituais daquela alma difícil. Em tudo a Sabedoria Divina está presente e coloca-nos sempre onde é preciso estar.

O Aborto é crime perante Deus?
Toda ação que contrarie as leis naturais de Deus são consideradas infrações. Neste caso o erro consiste em interromper o reencarne de um Espírito, tirando-lhe, portanto, a oportunidade de crescimento. Segundo o Espírito de Verdade, somente é permitido o aborto em caso de risco de vida para a mãe. As histórias existentes de que os abortados transformam-se em tenazes obsessores de quem o abortou deve ser observada com desconfiança, pois não é isso o que nos instrui o Livro dos Espíritos. O exagero com que certos livros e mensagens encaram o problema, tratando quem pratica o aborto como assassinos, traz graves conseqüências para essas criaturas que se vêem atormentadas com a possibilidade de sofrerem penas cruéis nesta ou em outras vidas. Não há erros irreparáveis. O aborto é falta grave como qualquer uma outra que desrespeite a lei do amor ao seu semelhante. Sua gravidade será diretamente proporcional ao grau de instrução espiritual dos envolvidos e das circunstâncias que cercaram o fato.

O que acontecerá a uma mulher que provocou o aborto? E os médicos que fizeram o aborto?
Como praticou um ato contrário às leis de Deus, ela irá sofrer em sua consciência a dor moral pelo ato praticado. Como qualquer erro grave cometido pelo Espírito, submeter-se-á a expiações necessárias ao seu reajuste diante da vida imortal. O que acontecerá com ela vai depender de suas necessidades evolutivas e da misericórdia do Alto. Tanto quem se submete ao ato, como o médico que o pratica estão igualmente implicados na infração e não se pode esquecer que a responsabilidade de quem sabe é sempre muito maior, pois, "a quem muito foi dado, muito será pedido".

Interromper uma gestação, quando sabe-se que a criança nascerá sem cérebro, é pecado?
Pecado, significa o ato de transgredir as leis naturais. A interrupção de uma gestação é transgressão à Lei de Deus, em qualquer situação, salvo em casos de risco de vida da mãe. No caso de fetos malformados, não se pode avaliar espiritualmente qual a necessidade que tem as pessoas envolvidas de passarem por esta prova. Certamente que tudo tem um fim útil e os mecanismos da vida são ainda muito desconhecidos para nós, Espíritos que habitamos planetas de provas e expiações. Os meios de reajuste do Espírito é determinado pela lei de causa e efeito, sendo portanto, certas situações justas e necessárias ao reequilíbrio do ser, mesmo que nos pareça incompreensível.

Por que o Espiritismo aceita que se interrompa a gravidez se essa oferecer risco de vida à genitora? A vida desta teria mais valor que a do feto?
Não se trata de valor ou não, mas de coerência. Nos casos em que a vida da mãe está em perigo e se tiver que fazer uma escolha é mais racional sacrificar a vida do ser que ainda não nasceu e pode ter outra oportunidade do que aquele que já está em sua experiência de vida terrena, com responsabilidades assumidas. Em tudo deve prevalecer o bom senso.

O que o Grupo Espírita "Bezerra de Menezes" acha da atual legislação, no que diz respeito à este tema (aborto)?
O Grupo Espírita Bezerra de Menezes é contra o aborto em qualquer circunstância, exceto para os casos que a gestação coloque em risco a vida da mãe. Porém, não trata o aborto como um crime hediondo, nem assassinato, como fazem alguns autores de livros espíritas. Acredita que a gravidade de cada caso será de acordo com as circunstâncias que os envolveram. Uma jovem, por exemplo, poderá se submeter a um aborto pela pressão de familiares incompreensivos, de um namorado ou noivo ignorante. Há casos em que maridos obrigam esposas a cometê-los. Claro, ambos serão responsabilizados pelo ato insano, porém, Deus os julgará conforme a intenção íntima de cada um. A gravidade da responsabilidade pela realização do aborto é diretamente proporcional ao esclarecimento que os envolvidos possuírem a respeito das Leis de Deus, segundo nos ensina o Espiritismo.

É fato noticiado pelos jornais a gravidez de uma garota de 10 anos violentada pelo vizinho. Seria acertada a opção do aborto no caso em questão?
O caso em questão é um tanto dramático e envolve fatores referentes à situação moral da sociedade e necessidade de alguns Espíritos sofrerem resgates de situações delituosas ocorridas no passado. O Espiritismo elucida até essas graves questões morais, fazendo ver em tudo o cumprimento da Lei de Deus e de sua justiça. Claro que ninguém veio à Terra para ser estuprado, mas as contingências da vida e sua necessidade evolutiva, às vezes levam o indivíduo a viver situações difíceis, que levarão à redenção de seu Espírito, embora pareça ao homem algo incompreensível, por causa da sua estreita visão da vida. O aborto só é justificado quando a gravidez põe em risco a vida da mãe, o que não é este caso, segundo consulta feita a profissionais da área. Entretanto, se os pais da gestante optaram por essa alternativa por julgarem estar evitando o que acham um mal maior, estão exercendo o seu livre arbítrio, e mesmo que o caso tenha atenuantes, devido a ignorância dos envolvidos no que diz respeito às leis naturais, cada um receberá segundo suas responsabilidades na decisão de realizar o ato. Quanto maior o esclarecimento, maior a cobrança. O que leva a concluir que a pobre criança/gestante, na verdade, terá menor responsabilidade.

Um ser humano clonado teria Espírito?
Todo ser vivo é portador do princípio espiritual e o homem, que é a mais alta expressão da Divindade, é Espírito imortal criado por Ele para manifestar Seu poder no Universo. Portanto, se um dia for dado ao homem clonar homens (coisa pouco provável), é claro o clonado teria Espírito. Entretanto seriam individualidades diferentes.

 Seria pecado o homem praticar a bissexualidade se lhe dá prazer e não lhe prejudica o corpo, e lhe supre a carência?
A pergunta é um tanto complexa para se dar uma resposta objetiva, pois diz respeito a um problema que envolve uma série de questões. Mas, diremos que se olharmos apenas sob o ponto de vista da vida presente, talvez não tivesse nenhuma conseqüência, a não ser os riscos de contaminação, caso não tenha cuidado com parcerias (risco de doenças sexualmente transmissíveis).
Entretanto, somos seres espirituais também. Temos uma vida futura e uma grande responsabilidade quando encarnamos. Existem as leis divinas (naturais) que são inexoráveis, quer acreditemos ou não. E nelas está a lei e causa e efeito. Num relacionamento bissexual não há compromissos com nada a não ser com os prazeres. E não viemos ao mundo para viver apenas os prazeres, mas para buscar o equilíbrio entre corpo e alma. Procuremos meditar sobre nossas vidas e encontraremos as respostas dentro de nós mesmos. Todas as carências são doenças da alma e se buscarmos resolvê-las com as coisas materiais ou com os prazeres da carne, poderemos entrar em um caminho de grandes insatisfações pessoais. O pecado está em se praticar o erro, quando já se tem condições de discernir a verdade do engano. Estamos em época de luzes, de conhecimento. Não se pode mais pretextar ignorância das coisas do Espírito imortal.

Não é um aborto a rejeição dos embriões congelados pela família? A destruição deles também não constitui um aborto?
Não, isso não constitui aborto, a não ser quando é realizado depois da implantação no útero, como vem fazendo a medicina moderna. O embrião congelado é apenas um corpo, sem Espírito ainda.

De quem é a responsabilidade "espiritual" (perante Deus) desses tipos de procedimentos que permitem descartar embriões como se fossem um lixo qualquer? E mais, como ficam esses Espíritos que não chegam a reencarnar?
Como dissemos, esses embriões ainda não estão destinados a um Espírito e só o serão quando vão ser submetidos ao implante no útero da mãe. A lei de Deus é justa e jamais poderia confinar um Espírito em um embrião congelado esperando a implantação. De todo modo, esses procedimentos são resultados do avanço do homem e quando são feitos sem a ética cristã certamente têm conseqüências desagradáveis para a humanidade. Mas o homem avança só até onde Deus permite.

Qual deve ser nossa atitude diante de trabalhadores e dirigentes que fumam ou bebem?
Eis aí uma delicada questão. No Movimento Espírita, em todos estes anos, se folgou tanto com o mal, que até um ditado hipócrita foi criado. Dizem que é melhor a pessoa fumar ou beber sendo espírita do que não sê-lo. Os espíritas de fachada se escondem atrás deste tipo de filosofia de botequim para justificar seus vícios. Se for admitida uma mentalidade desta natureza, porque não se aceita também o adultério, a separação entre casais, a desonestidade, assassínio etc? E, por conseqüência, a religião de aparências. Todos somos portadores de vícios e imperfeições morais. Nos diálogos que desenvolvemos na intimidade do centro, este assunto deve ser discutido de forma sincera entre os trabalhadores. Para quem é espírita, vencer o hábito de fumar ou o costume de beber é um coisa relativamente fácil. Quem não tiver força moral para vencer isso, deve abster-se do posto diretivo no núcleo de trabalhos e afastar-se das relações com o invisível. Se não se pode com um cigarro, que se fará com a agressão de um Espírito mau?

 






 

Temas diversos

Teria Jesus um corpo físico ou fluídico?
O corpo fluídico que Jesus teve foi o mesmo que possuem todos os Espíritos encarnados no planeta, ou seja, seu perispírito que age na intimidade da matéria servindo de laço entre ela e o Espírito. Certamente, tratava-se de um corpo espiritual bem mais etéreo que os que possuem os comuns dos mortais. Entretanto sua pergunta diz respeito a uma teoria existente no meio espírita de que Jesus não teve um corpo de carne, ou seja, que o corpo de que utilizou quando de sua passagem pelo nosso planeta, foi fluídico, nada tendo de real o seu nascimento, seu sofrimento e tudo o que vivenciou como Espírito encarnado. Esta teoria foi introduzida no meio espírita por meio da obra de um advogado francês, chamado Jean Baptiste Roustaing, que à época da Codificação kardequiana publicou quatro volumes do que ele chamou de "Revelação da Revelação", pois, segundo ele, foi ditado pelos evangelistas e pelo profeta Moisés. Neste livro, chamado os Quatro Evangelhos, ele diz textualmente que Jesus não teve um corpo carnal, mas um corpo fluídico, e que sua evolução se deu em linha reta, ou seja, que não conheceu a ignorância nem o sofrimento, contradizendo o próprio Cristo quando disse que não veio destruir a Lei, mas cumpri-la. Segundo os princípios da Doutrina Espírita isto não tem o menor fundamento e não encontra sustentação na razão. Jesus veio ao mundo como o maior de todos os Espíritos que já encarnaram neste planeta, mas da mesma forma que todos reencarnam: foi concebido através da conjunção carnal, foi amamentado por sua mãe, cresceu normalmente como criança excepcional que era e mais tarde apareceu já adulto para desempenhar sua divina missão de reformador da humanidade. Se assim não fosse Deus teria dois pesos e duas medidas. Essa teoria esdrúxula é apenas uma das muitas existentes nesses livros, que entra em contradição fragorosa com a doutrina codificada por Allan Kardec, mas que inexplicavelmente é editado e divulgado pela Federação Espírita Brasileira.

Gostaria de saber se existe algum preconceito sobre as obras de Ramatís e o porque de elas não serem tão divulgadas?
Não existe nenhum preconceito por obra nenhuma. O que acontece é que a Doutrina Espírita foi codificada por Allan Kardec e tem um corpo doutrinário deixado por ele para que seus seguidores pudessem avançar no conhecimento das coisas espirituais. A isso chama-se Espiritismo. E é essa doutrina que os espíritas (ou os que pretendem sê-lo) devem estudar incansavelmente para compreender sua essência e objetivo. Existe no meio espírita uma avalanche de obras que não são espíritas e que tomaram espaço devido ao desconhecimento da doutrina kardequiana. São opiniões de Espíritos que tem seu valor como opinião pessoal, mas não podem ser incorporadas como parte da doutrina básica, pois não se submeteram à chancela do Controle Universal dos Espíritos. As obras de Ramatís, em boa parte, são baseadas na doutrina esotérica. O médium que as recebeu, chamado Hercílio Maes, nunca foi espírita. Portanto, seus ensinamentos carecem de base doutrinária mais sólida. Sem entrar no mérito dos ensinamentos ali existentes, nosso alerta é para que as pessoas estudem antes a Codificação kardequiana a fim de que possam saber separar joio de trigo existentes nos livros de Ramatís ou em qualquer outro. Sem isso certamente será bem fácil introduzir práticas estranhas e antidoutrinárias nos centros espíritas.

O que acontece com o Espírito da pessoa que entra em coma?
O estado de coma é caracterizado por grave alteração cerebral, com comprometimento das funções neurológicas normais e abolição dos reflexos superficiais e/ou profundos, levando a uma interrupção temporária ou definitiva da capacidade do indivíduo se comunicar com o meio exterior. Se for um Espírito desenvolvido poderá desprender-se do corpo por alguns momentos e mesmo entrever e compreender o que se passa com ele. Mas se for um indivíduo atrelado ao lado material da vida, sem nenhuma noção da dimensão espiritual e de sua condição de Espírito imortal, sofrerá todas as fases do processo, permanecendo preso do corpo físico. Em alguns casos, o Espírito fica também em estado torporoso, experimentado as mesmas sensações do coma.

Qual a opinião da doutrina kardecista sobre a hipnose e a terapia de vidas passadas?
No capítulo V, item 11, de O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec assim instruiu: "Se Deus considerou conveniente lançar um véu sobre o passado, é que isso deve ser útil. Com efeito, a lembrança do passado traria inconvenientes muito graves. Em certos casos, poderia humilhar-nos estranhamente, ou então exaltar o nosso orgulho e, por isso mesmo, dificultar o exercício do nosso livre arbítrio. De qualquer maneira, traria perturbações inevitáveis às relações sociais". Na verdade, o esquecimento do passado é uma bênção. Fica fácil entender isso se levarmos em consideração o estágio evolutivo da maioria dos Espíritos deste planeta. A Terra, sendo um local onde ainda predomina o mal, o passado dos que nela habitam não deve ser nada agradável, pois estamos bem mais próximos do ponto de partida que do de chegada, em termos de evolução espiritual. Portanto, a lembrança de suas experiências ruins certamente trará muito mais prejuízos para o Espírito, do que lucro. Além do mais, muitas dessas chamadas "regressões" estão envoltas em muita fantasia, não havendo a certeza absoluta de que a pessoa fez uma regressão real ou não. As terapias baseadas em regressão a vidas passadas nada têm a ver com a Doutrina Espírita, embora seja divulgada com muita ênfase nos congressos e encontros espíritas. É bom lembrar que não se deve permitir que seja praticada dentro das casas espíritas.

Há fundamento na reportagem que saiu dizendo ser Chico Xavier a reencarnação de Allan Kardec?
Não, não há fundamento nessa afirmativa. Francisco Cândido Xavier é um médium missionário, que teve a tarefa de popularizar a Doutrina dos Espíritos. É um Espírito de inegáveis qualidades, mas de personalidade e pensamentos sem qualquer semelhança com Allan Kardec. Essa afirmativa nasceu no meio de seu "amigos" e é originada do fanatismo e idolatria que infelizmente o envolve. Allan Kardec ensina que podemos reconhecer os Espíritos através de suas idéias e pensamentos. Basta usar o bom senso e analisar as patentes diferenças existentes entre ambos.

Devemos aguardar algum tempo depois de constatada a morte cerebral no indivíduo? E se o corpo for cremado?
Em caso de morte cerebral, é prudente que se espere por um certo tempo, até que as funções vitais orgânicas se esgotem, para que se caracterize a morte propriamente dita. Esse tempo varia de indivíduo a indivíduo e como tudo está atrelado às leis divinas, certamente que depende da necessidade de cada um. Quanto ao ato de cremação, ele deve ser evitado, pois se o Espírito não tiver entendimento da existência da vida espiritual ele poderá sofrer uma perturbação momentânea, caso esteja assistindo o ato. Entretanto, a queima do corpo físico nada significa para os que se desprendem do corpo carnal com serenidade e compreensão dos ensinamentos da Espiritualidade.

O Centro Espírita deve fechar as portas nos feriados?
O Centro Espírita bem orientado funciona como um pronto socorro espiritual. É um posto avançado do Bem na terra. Da mesma forma que não se fecha as portas das emergências nos hospitais, também não se concebe que as casas espíritas não funcionem nos feriados, natal, carnaval, ano novo, ou que tirem férias etc. Um Centro Espírita organizado se estrutura para que seus trabalhadores tenham períodos de férias, havendo uma alternância de equipes, de forma de que o trabalho não sofra prejuízos.

Nos eventos beneficentes da casa espírita devemos servir bebidas alcoólicas? Em caso negativo, não seria desagradável para com os visitantes que gostam da bebida, deixar de servi-la?
O Centro Espírita é uma escola onde o homem aprende a se reeducar para a vida. É um local onde os princípios da moral de Jesus devem ser vivenciados e exemplificados na sua integridade, pois Ele disse: "Sede perfeitos". Os vícios, de qualquer natureza devem ser combatidos, pois escravizam o homem. A Doutrina Espírita nada proíbe, mas mostra ao homem, através da fé raciocinada, que ele é livre para realizar seus desejos, mas deve ter consciência das conseqüências boas ou más de seus atos. O ato de beber ou fumar jamais fez bem a quem quer que seja. Servir bebida alcoólica num evento espírita, sob o pretexto de agradar as pessoas que fazem uso dela ou, como querem alguns, para não ferir o livre arbítrio das pessoas, é uma grande incoerência. Além do mais, as casas espíritas freqüentemente estão envolvidas no tratamento de pacientes que possuem problemas com o álcool e seria um contra-senso tal atitude. Lembremo-nos que o exemplo arrasta mais que as palavras.

É lícito fazer rifas e bingos para arrecadar dinheiro para a instituição espírita?
Embora as rifas e bingos tenham sido legalizados para atenderem interesses de determinados grupos que exploram esse tipo de prática, tratam-se de jogo de azar, com todos os inconvenientes materiais e espirituais que ele produz. Nem tudo o que é lícito é ético e correto, haja vista a legalização do aborto, da pena de morte e da própria eutanásia em alguns locais do planeta. Jogos, incluindo bingos e rifas, são imorais e não se coadunam com os princípios espíritas. O fato de serem realizados com fins "nobres", segundo a justificativa dos que defendem sua realização nas casas espíritas, não os isentam de conseqüências desastrosas para o Espírito imortal. Se os fins justificassem os meios, teríamos que aceitar como corretas as ajudas vindas dos traficantes para as favelas que lhes dão apoio, pois investem numa melhor qualidade de vida dos favelados, embora com dinheiro retirado da podridão humana. Existem maneiras mais éticas e inteligentes de serem arrecadados fundos para as obras dos centros espíritas.

Qual a diferença entre prova e expiação?
A expiação, como o próprio nome diz, é um cumprimento de pena, é um resgate de débitos passados. Está ligada geralmente a existências anteriores. As provas, são situações em que o Espírito será testado em sua capacidade de suportar as dificuldades. Se sair-se bem estará apto a subir mais um degrau na escalada rumo à perfeição. É como numa escola. O aluno assiste às aulas para ser testado com as provas, em determinado tempo, se aprendeu mesmo as lições. Caso comporte-se inadequadamente, será punido com reprovação ou mesmo expulsão da escola, sofrendo as conseqüências de seus atos. É a expiação. Quanto mais evoluído o Espírito, menos expiação ele passa.

O Centro Espírita deve utilizar das práticas de cromoterapia, cristalterapia, receituários, regressão de memória, velas, imagens ou rituais em seus trabalhos?
A casa espírita que se orientar pelos ensinamentos dos Espíritos superiores não realiza tais práticas, pois elas nada têm a ver com a doutrina codificada por Allan Kardec. O Espiritismo ensina tão somente a moralização do indivíduo e suas práticas são desprovidas de aparatos exteriores. Suas terapias, como as de Jesus, fundamentam-se na instrução moral e na reposição de energias e fluidos espirituais, feita pela imposição das mãos. Os centros que praticam tais terapias ou rituais, têm liberdade para fazê-lo, porém não deveriam considerar-se "espíritas". Infelizmente, os centros espíritas estão cheios de modismos e doutrinas estranhas, oriundos da falta de conhecimento da doutrina básica. Não há como saber separar joio do trigo se não soubermos identificar um e outro. Isso só é possível com o estudo sério, disciplinado e sincero das obras da codificação kardequiana.

Os filhos de casais espíritas devem ser batizados? E o casamento na igreja, é permitido?
O batizado é uma prática católica, oriunda do judaísmo. Significa a entrada da criatura na religião cristã. É um ato eminentemente exterior e que nada significa para o Espírito, uma vez que é feito quando ele ainda não tem condições de maturidade para decidir por esta ou aquela crença. Da mesma forma, o casamento na Igreja obedece um ritual que pouco tem a ver com o lado espiritual da relação do casal. É muito mais uma questão cultural que religiosa. Há pessoas que só foram à igreja no dia de seu casamento, portanto, não professam de fato essa religião. Os espíritas, os que realmente compreendem a Doutrina que abraçam, certamente não necessitam disso. Para eles, o casamento é uma instituição humana que deve ser regularizada perante as leis da sociedade. Se ainda optam por práticas religiosas convencionais, ainda estão longe de entender de fato o papel do Espiritismo em suas vidas. São es "espíritas-católicos", aqueles que freqüentam os centros, mas não deixam de acender suas velas, batizar seus filhos, casar na igreja etc.

Por que a Doutrina Espírita aconselha que não sejam acendidas velas para os desencarnados em nossa casa?
O ato de acender velas para os desencarnados vêm da crença antiga de que eles estão precisando de luz. Quando os homens ainda estavam na ignorância em relação às coisas espirituais, esse procedimento era compreensível, pois não se sabia como as coisas se davam de fato. Entretanto, depois do advento do Espiritismo, tudo ficou explicado e sabe-se que a luz que os Espíritos necessitam é a luz do esclarecimento e as boas vibrações enviadas a eles através das preces sinceras e amorosas de seus ente queridos. Apenas os Espíritos atrasados pedem velas por acharem que o escuro em que se encontram pode ser resolvido com a claridade material oferecida pela luz artificial. A Doutrina Espírita explica a razão das coisas, nos levando a ter um conduta cada vez mais racional e equilibrada, pois fundamenta a fé na razão e no bom-senso.

Gostaria de saber como a Doutrina Espírita explica a Transcomunicação Instrumental?
A Doutrina Espírita não fala da chamada Transcomunicação Instrumental - TCI, que tem sido objeto de comentários em artigos e livros contemporâneos. Mas o Espiritismo explica como se originam esses fenômenos que são simples efeitos físicos: ação dos Espíritos no mundo material, por meio de ectoplasma. Nas pesquisas em torno da TCI existem muitas fantasias que devem ser encaradas com cautela, pois a pretexto de explicação científica, os investigadores defendem a tese de que o fenômeno não necessita de médiuns, o que contraria frontalmente a teoria kardequiana. Querem os cientistas que a máquina substitua o homem no intercâmbio espiritual também. Recentemente se descobriu fraudes em uma "transfoto", que foi apresentada como originárias no Além, mas que na verdade fora tirada na Índia, num templo jainista. Muitas pessoas que se envolvem com esses fenômenos acabam fascinadas por Espíritos inferiores e perdem-se em justificativas fantasiosas e irracionais. É preciso ter cuidado, pois é uma área que carece ainda de muitos estudos para que se tire conclusões que atendam ao bom-senso.

Os espíritas, assim como os católicos, são contrários ao uso do preservativo? Por que?
Os espíritas não são contrários ao uso de preservativos, pois seria um contra-senso fazê-lo. Eles são necessários, tanto como método anticonceptivo para planejamento familiar como forma de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como AIDS, Sífilis, Hepatite B e outras igualmente graves.

Um casal tem o direito de escolher a quantidade de filhos que quer ter? O Espiritismo aceita algum método anticoncepcional ?
A Doutrina Espírita ensina ao homem a arte de viver com bom senso e equilíbrio, baseado na racionalidade e sabedoria dos ensinamentos dos Espíritos superiores. O casal escolhe quantos filhos quer ou pode ter, assim como faz todas outras tantas escolhas em sua trajetória de vida. Certamente existe uma programação de vida para os Espíritos, obedecendo as leis das probabilidades, bem como para atender às necessidades do Ser, mas não faz sentido afirmativas de que viemos com uma quantidade de filhos predeterminados para se receber. Se assim fosse teríamos que anular o livre arbítrio e condenar as medidas de controle da natalidade, o que seria um contra-senso. Essa teoria poderia nos levar a pensar também porque teria Deus programado mais filhos para pessoas de condição social mais baixa, quando justamente estas são as que têm menor possibilidade de proporcionar condições dignas de vida. Portanto, a quantidade de filhos que se quer ter deve ser programado por nós, não esquecendo porém que a tudo Deus rege e permite. Evidentemente estamos nos referindo a Espíritos de condição mediana de evolução, pois a vida de Espíritos atrasados obedece mais ao determinismo que ao livre-arbítrio, pela falta de condições destes em exercitá-lo.

Onde é que um hipnotizador atua? Como consegue induzir uma pessoa a fazer as mais bizarras atitudes? Em resumo como funciona o hipnotismo à luz do Espiritismo?
O hipnotizador age como um Espírito obsessor que pudesse materializar-se e exercer domínio diretamente naquele que lhe permite a influência. Atua no campo fluídico, energético e psicológico do paciente, através do consciente (no caso das obsessões a sugestão é feita no inconsciente). Envolve o hipnotizado com suas energias magnéticas, submetendo-o ao seu jugo. Freqüentemente o hipnotizador age secundado por Espíritos que se divertem com suas traquinagens. Alguns profissionais tem usado a hipnose para tratar de algumas tipos de anormalidades comportamentais, mas atuam nos efeitos, sendo que a causa muitas vezes permanece inalterada. Nos casos de sugestão hipnótica consciente, a ordem atravessa o consciente e instala-se no inconsciente, embotando a vontade e a percepção. Atua no mesmo campo onde acontecem os sonhos, sobre o qual, o hipnotizado não tem domínio. É aí que se forma a ilusão de que se faz vítima. O indivíduo só é hipnotizado se tiver afinidade energética com o hipnotizador e com os Espíritos que o assistem.

Li no livro "Os mensageiros" de André Luiz, que antigamente era usado o método do 'sopro' para curar irmãos encarnados. Hoje em dia não se utilizam mais esse método. Qual a sua opinião sobre esse fato?
A técnica chamada "sopro" é de origem esotérica e fundamenta-se na tese de que a respiração absorve um elemento vital chamado pelos hindus de "prana". Seria o fluido vital do Espiritismo. Pensa-se que o ato de soprar o ar (sem deixá-lo ir aos pulmões) sobre um indivíduo poderia transmitir a ele essas energias. Sabemos pelos Espíritos superiores e estudos feitos por Allan Kardec, que o fluido vital é transmitido diretamente pela imposição das mãos. Portanto, não vemos motivo para usar o método. E, não se pode esquecer que ele não tem qualquer base doutrinária.

Qual é a atitude do espírita perante as pessoas que concordam com seus princípios mas gostam de freqüentar igrejas ou outros locais de culto?
Aqui temos que separar as coisas. Há pessoas que concordam com os princípios da Doutrina Espírita, mas têm suas crenças ou religiões, não se dispondo a abandoná-las. Há outras que freqüentam as casas espíritas regularmente, são simpatizantes do Espiritismo, mas permanecem também freqüentando igrejas, e abraçando suas crenças de origem. Há aquelas que se dizem espíritas, estão no trabalho espírita há anos, mas permanecem atreladas ao atavismo das antigas religiões e ainda atendem a ritos e dogmas, como acender velas, batizar filhos, encomendar missa de sétimo dia para entes queridos etc. E há os espíritas verdadeiros, aqueles que abraçam o ideal por compreenderem verdadeiramente a que se destina. Esses, segundo Allan Kardec, são reconhecidos por lutar constantemente para vencer suas más inclinações, com sinceridade e desejo ardente de aprimoramento. A posição do Espiritismo e do espírita é a de respeitar cada um, dentro de suas limitações, entendendo que todos vivem experiências que servirão, de uma forma ou de outra, para seu aprendizado como Espírito imortal. Não esquecendo, entretanto, de se esclarecer pontos de vistas para se fazer a luz nas consciências ainda dominadas pela ignorância das verdades eternas.

Antes de dormir podemos pedir aos Espíritos instruções a respeito de alguma decisão que eu tenhamos que tomar?
Quando dormimos, nosso Espírito desprende-se do corpo e vai viver experiências no mundo espiritual, dependendo de sua evolução e tendências. Freqüentemente nossos amigos do invisível nos instruem sobre questões importantes de nossas vidas, mas nem sempre lembramos, pois assim seria anular o livre arbítrio do ser. Tudo fica no campo da intuição, que podemos aproveitar ou não.

Sendo Alan Kardec o maior expoente da Codificação, gostaria de saber se após estes mais quase 150 anos ele já se comunicou com algum médium e se há psicografias que se possa examinar.
Não há notícias confiáveis de que Allan Kardec tenha se comunicado até hoje. As poucas comunicações que trazem o nome do Codificador são provavelmente apócrifas, pois nada tem do pensamento lógico, racional e lúcido do Mestre. Pelo contrário, são a antítese de sua linha de raciocínio. Como a única forma de se reconhecer um Espírito é pelos seus escritos, é fácil identificar as mistificações que vieram com seu nome. Além do mais, os grandes missionários não se comunicam com a freqüência que se imagina e quando o fazem quase nunca assinam seus nomes.

Explique-nos, por favor, o significado das campanhas do quilo que são feitas pelos espíritas? De onde se originou esta idéia?
As campanhas do quilo, chamadas "Auta de Souza", em homenagem a uma poetisa desencarnada no início do século e que dizem ser a mentora espiritual do trabalho, foram criadas por um grupo de caravaneiros espíritas na década de 50, com o objetivo de angariar recursos para as famílias pobres assistidas por eles. São frentes de trabalho existentes em casas espíritas do país inteiro, que se resumem em pedir, de porta em porta, gêneros alimentícios que possam amenizar a fome de irmãos mais necessitados. Junto a isso, se aproveita para levar mensagens de divulgação da Doutrina Espírita ao povo, que ajuda com as doações. As campanhas de arrecadação de alimentos são criticadas por algumas pessoas que entendem ser esta uma atividade menor dentro da casa espírita. Entretanto, além de dar uma ajuda substancial aos irmãos em estado de pobreza material, trata-se de excelente meio de exercício da humildade. Compreende-se que deve ser prática bem difícil para os que se acham importantes por terem alcançado espaço nos meios científicos ou acadêmicos do mundo, pois geralmente é de onde vêem as críticas mais acerbas. Aos que têm dúvidas se este é um trabalho de caridade ou não, aconselhamos a aplicar o segundo maior mandamento da Lei: "amar ao próximo como a ti mesmo". Ou então, meditar sobre a Parábola do Samaritano, em Mateus 10 - 30 a 37.

Qual a opinião da Doutrina Espírita sobre os métodos de reprodução assistida como "bebê de proveta " e outros?
A Doutrina Espírita auxilia o homem na compreensão dos mecanismos da vida e nisto está implícito a necessidade do progresso em todos os sentidos. A ciência terrena é área onde o homem exerce suas potencialidades evolutivas, seja no que diz respeito a novas descobertas, seja na constatação de sua impotência diante da Criação. Os avanços científicos em todas áreas servem de alavanca para o aprimoramento da humanidade e em tudo está a Sabedoria Divina, que vê com naturalidade as tentativas do homem em busca de si mesmo e seus esforços de melhorias.
Todas as investidas ousadas do homem no campo da ciência está sob o controle da ordem universal, embora os cientistas não acreditem nisso. Enquanto não subverter o equilíbrio do orbe serão consentidos por Deus, que é a inteligência suprema que a tudo rege e provê. Os bebês de proveta são uma realidade e uma conquista do homem nesse campo, resolvendo problemas de muitos casais sem filhos. Entretanto, ultimamente têm assumido uma feição preocupante, pois proporciona gestações múltiplas, muitas vezes inviáveis do ponto de vista da vitalidade do feto, gerando a necessidade de sacrificar alguns deles. Isso, em uma sociedade materialista nada representa, mas para os que já compreendem a realidade da imortalidade do Espírito, certamente geram situações dolorosas de luta íntima e evidentemente conseqüências futuras.
Outro aspecto que preocupa é o da existência de bancos de sêmem, que fornecem espermatozóides de homens desconhecidos, para fertilizarem óvulos de mulheres que desejam ter a chamada "produção independente de filhos". Evidentemente, trata-se de uma questão de graves conseqüências, quando se considera a moral cristã e os interesses da família como célula estruturadora do equilíbrio do homem.

O embrião congelado possui Espírito?
Não possui. Ali está apenas a matéria com seu princípio vital. Quando o embrião é designado para a fertilização "in vivo", então se dará a ligação espiritual, como se naquele momento estivesse acontecendo a fecundação. A matéria, nesse caso, poderá reproduzir matéria orgânica sem que necessariamente haja Espírito ligado a ela.

Como a Doutrina Espírita vê a doação de órgãos?
A Doutrina Espírita não deu opinião sobre o assunto, pois na época da Codificação ainda não havia o transplante de órgãos. O que se sabe dos Espíritos superiores é que o corpo é apenas um instrumento para o progresso do Espírito imortal quando ele está na carne. Depois do desencarne, não há nenhuma razão para pensar no corpo carnal que voltará a integrar-se na natureza pela decomposição. Porém, é preciso entender que em alguns casos onde ocorre o desencarne de pessoas excessivamente apegadas ao corpo ou à vida, pode haver a necessidade do Espírito assistir o período de seu velório. Nessas situações (que normalmente são expiações) o transplante ou a cremação de corpos poderão causar uma perturbação momentânea no desencarnado, por ele não compreender a razão de seu corpo ter algumas partes retiradas ou o motivo pelo qual foi queimado. Tudo isso, no entanto, acontece com a permissão de Deus e, infelizmente, por causa do pouco entendimento das pessoas a respeito do que seja a imortalidade da alma e as conseqüências de um excessivo apego à matéria.

Existe vida fora da Terra?
"Há muitas moradas na casa de Meu Pai", disse Jesus no Evangelho de João, 14: 1 a 3, e assim é. Deus não criaria o Universo para povoar somente um pequeno e atrasado planeta que é a Terra. Há mundos habitados em vários graus de evolução e, segundo os Espíritos Superiores, a Terra está em segundo lugar na categoria dos mundos, que varia de mundos primitivos até mundos divinos, sendo nosso planeta um mundo de provas e expiações.

Que tem o mundo espiritual a dizer sobre os seres extraterrestres? Eles existem?
Um dos princípios da Doutrina Espírita é a pluralidade dos mundos, portanto nada mais natural que existam seres extraterrestres. Mas é preciso tratar do assunto com certa reserva. A vida se manifesta por princípios lógicos e racionais. As leis orgânicas observadas na Terra são as mesmas em qualquer lugar do Universo. Portanto, não há razão para se acreditar em seres constituídos por outra matéria diferente daquela que encontramos no nosso pequeno mundo. A Criação é a mesma em qualquer quadrante que estiver o observador, assim como o mar é o mesmo em todos os pontos onde for examinado. Pode-se supor, no entanto, que futuramente teremos contatos com seres humanos de outros mundos, de feições mais delicadas que as nossas, mas nunca os "monstrinhos" que a imaginação fértil dos produtores de filmes tem apresentado à humanidade. Também não dá para se admitir que aconteçam "guerras nas estrelas". As civilizações mais adiantadas tecnologicamente e que viajam pelo Universo, são moralmente elevadas e não possuem armas bélicas. Guerra é um procedimento de planetas primários como o nosso. Se os extraterrenos estiveram na Terra em algum período, não se sabe. Supõem-se que sim. Se vão estar no futuro, também não se tem certeza. Se estão entre nós, devem ter motivos para se manter em silêncio. Mas o assunto ainda está em aberto para ser estudado por quem se interessa por ele. De concreto, ainda não se viu nada que convença qualquer uma destas hipóteses.

O Espiritismo acredita que, no futuro o homem poderá viajar no tempo? É possível que um Espírito que viveu no século XX reencarne em um século anterior? O que o mundo espiritual nos fala dessa relação espaço-tempo?
O fundamento das encarnações é o progresso do Espírito como ser imortal. Só existe o presente. O passado é o passado e não existe mais, a não ser na memória da criatura que viveu a experiência. Serve apenas como aprendizado para o Espírito, pois permanece gravado em seu patrimônio espiritual. O mundo material também progride, juntamente com o progresso de seus habitantes. O que ontem era novidade, hoje não é mais. Portanto, o século passado, como o próprio nome diz, passou. Não ocupa lugar algum do passado como costumamos ver nos filmes de ficção. Tudo é dinamismo na natureza e as mudanças são necessárias para o aperfeiçoamento das duas grandezas da criação: a matéria e o Espírito.

Na visão espírita, o que realmente significam os sonhos? Mensagens ou avisos dos desencarnados?
Os sonhos são experiências que o Espírito tem no mundo espiritual, quando se desprende do corpo, no momento do sono. Nem sempre são boas por conta do atraso do mundo e das pessoas que nele vivem (nós). Dificilmente nos lembramos dos fatos com clareza. A maioria das lembranças são fantasias da mente das pessoas que sonham.

Os embriões congelados já não constituem uma vida? E assim sendo, ali já não habita um ser espiritual?
Os embriões congelados constituem vida orgânica, mas não vida espiritual, pois o Espírito só estará ligado a ele quando tiver possibilidade concreta de vir a ser implantando, pois de que adianta ligar-se a um "corpo" que não dará seqüência em seu crescimento? Lembre-se de que a encarnação se dá gradativamente, à medida que a gravidez avança e só se completa no momento do nascimento. Sugerimos a leitura dos itens 330 a 360 de O Livro dos Espíritos para melhor compreensão do assunto. Nesse capítulo tem toda a explicação de como isso se dá.

Com relação a uma jovem que desencarna com 29 anos, assassinada por assaltantes, pergunto: Ela teria algo a expiar neste sentido ou é somente conseqüência da maldade que ainda existe na Terra e ela acabou sendo uma vítima?
Não há como se saber com certeza a verdade dos fatos relatados, mas a Doutrina dos Espíritos nos ensina que em todas as circunstâncias a lei (de causa e efeito) está agindo. Neste caso, como foi em conseqüência de assalto, provavelmente ela (que nada tinha a ver com o assaltante) saldou um débito com a Lei. Claro que foi em conseqüência da maldade humana, pois ninguém vem ao mundo para morrer assassinado dessa forma. Mas Jesus disse que era necessário que o escândalo viesse, mas ai daquele por quem o escândalo se desse. O escândalo é o mal. Ou seja, neste mundo de atraso, onde o mal existe e predomina, freqüentemente as situações de dor são ocasionadas pela maldade humana como esse caso e tantos outros semelhantes, sem deixar de considerar as necessidade do próprio Espírito envolvido, sanando seus débitos do passado. Em todas as circunstâncias devemos analisar os fatos de maneira racional. Se, por exemplo, são situações decorrentes da imprudência e da falta de moralidade das criaturas, nem sempre está ali a necessidade, mas a conseqüência do livro arbítrio da criatura. É o caso dos assassinatos em brigas de rua, entre pessoas de má índole etc., ou nos casos de morte no trânsito por imprudência etc. Nem sempre é resgate, mas sim uma precipitação por parte do Espírito e uma antecipação de seu retorno.

Se essa pessoa estivesse na prática da caridade, ela evitaria a sua própria morte prematuramente?
A prática efetiva da verdadeira caridade (em seus aspectos morais), conduz o homem no caminho do Bem. Andando por ele, certamente uma pessoa desencarnará no período previsto pela Espiritualidade, quando de seu regresso à verdadeira pátria do Espírito. Se por razões espirituais, tiver que passar uma situação de perder sua vida, agredida por uma assaltante, ninguém poderá livrá-la desse destino, pois ele foi criado por ações do passado. No entanto, deve-se levar em conta que em todas as provas, a prática dos princípios morais do Evangelho atenua o sofrimento e a necessidade.

Os amuletos tem algum poder sobre os Espíritos?
Os amuletos só impressionam os Espíritos de pouco entendimento. Os superiores não se ocupam de ritos ou superstições, pois a preocupação é com o lado essencial do ser, ou seja sua iluminação interior.

Pode-se consultar cartomantes e videntes?
Pode, mas não se deve, pois corre-se grande risco de receber “orientação” de um Espírito atrasado. Afinal os Espíritos mais adiantados não se prestam a esse tipo de atividade.

 






 

Os animais

Os animais tem alma? Existem animais no mundo espiritual?
Os animais possuem um princípio inteligente, diferente daquele que anima o homem. Mas não pensam, nem possuem o livre arbítrio, apenas instinto. Quando desencarnam, o princípio espiritual que o animou é reaproveitado em outro animal que vai nascer, quase que imediatamente, não existindo, portanto, animais no mundo espiritual, como comumente se lê em obras psicografadas.

Espíritos de animais, plantas e outras formas de vida, podem um dia chegar a condição de Espíritos humanos? No caso da resposta ser negativa, não seria uma forma de desigualdade Divina? Também gostaria de saber sobre os objetos materiais. Nunca evoluirão?
Tudo se encadeia na natureza e Deus não seria injusto impondo uma condição de inferioridade a determinadas formas espirituais. Os Espíritos superiores ensinam que a Criação se fundamenta em três princípios: Deus, Espírito e Matéria. A matéria é o meio onde o Espírito encontra condições para atingir a perfeição através das muitas encarnações. Todos os seres vivos são constituídos por um princípio espiritual que os animam. Este princípio espiritual um dia será um ser inteligente, dotado de vida moral e destinado a atingir o estado de angelitude. Quanto à matéria propriamente dita, ela também está sujeita ao processo de evolução conforme nos ensina a ciência terrena. Basta ver a situação física do planeta hoje e compará-lo ao que era há milhões de anos atrás. Mas é preciso considerar que o elemento material é apenas o instrumento de progresso do Espírito. Não se pode confundir nenhum desses princípios que são absolutamente distintos.

Nos livros de André Luiz, psicografados por Chico Xavier, como também os livros da médium Ivone A. Pereira "Memórias de um Suicida", falam a respeito de animais que ajudam no plano espiritual. Onde está na Codificação de Allan Kardec o ponto ou resposta que diz não existirem animais no plano espiritual?
A resposta à sua pergunta está no Livro dos Médiuns, pergunta 283, sobre Evocações de animais, onde o Espírito de Verdade afirma textualmente que "no mundo dos Espíritos não há Espíritos errantes de animais, mas somente Espíritos humanos". Questionado por Allan Kardec sobre o fato de certas pessoas terem evocado animais e recebido respostas, ele responde: "Evoque um rochedo e ele responderá. Há sempre uma multidão de Espíritos prontos a falar sobre tudo." Ainda encontrará precioso ensinamento sobre o assunto também no Livro dos Médiuns, questão 236, onde Erasto discorre sobre a suposta mediunidade dos animais e nos dá a clareza dos fatos. Busque também no Livro dos Espíritos, questão 600, onde os Espíritos Superiores deixam claro que o princípio que dá vida ao animal é utilizado quase que imediatamente para novas experiências na matéria, não sendo Espírito errante e não se pondo, obviamente, em relação com outras criaturas. Daí se conclui que as obras que divulgaram essas teorias estão em patente contradição com a Doutrina codificada por Allan Kardec.

Se os animais quase não existem do outro lado, se não têm alma e sim um princípio inteligente, se o princípio inteligente é reaproveitado em outro animal, como eles evoluem? Como se individualizam? Não se reconhecem instintos individuais?
Jamais se afirmou que o animal não tem alma. Se têm um princípio inteligente tem algo mais que a matéria e isso é a alma ou o Espírito. O Espírito dos animais são reaproveitados geralmente na mesma espécie, pois a natureza não dá saltos. Só depois de muitas encarnações numa mesma espécie o Espírito que anima o animal muda para uma outra espécie. São focos de inteligência já individualizados, embora mantenham-se cativos de um Espírito grupo, caracterizado pela própria espécie no mundo invisível. Os instintos fazem parte da individualidade, portanto os animais são individualidades também. Em cada espécie ele assimila determinadas características do futuro ser pensante. Necessário entender, porém, que o Espírito não precisa passar por todas as espécies existentes, para chegar à condição de ser humano.

Se o sofrimento com certas doenças significa às vezes problemas relacionados com vidas passadas, porque então alguns animais passam pelos mesmos problemas se eles não possuem Espírito?
Os animais possuem um princípio inteligente, portanto possuem Espírito, porém, numa fase evolutiva anterior à do homem. Quando ficam doentes, não sofrem no sentido em que normalmente se entende o sofrimento. No homem, o sofrimento funciona como um depurador de suas imperfeições, estimulando seu desenvolvimento moral. O animal não tem vida moral e por isso suas dores são apenas físicas. Claro, todas essas impressões positivas e negativas fazem parte das experiências que se acumulam para edificar o futuro ser pensante. Certamente não se está afirmando que o animal (a espécie física) de hoje será o homem de amanhã. Não. O Espírito que o anima, sim. Viaja nos caminhos da evolução em busca do reino dos seres que pensam.

Se obras psicografadas como as de André Luiz, entram em contradição com as obras de Allan Kardec, por exemplo, quanto à existência ou não de animais no mundo espiritual, que segurança temos da validade dessas obras? Será que toda essa literatura espírita sobre a vida no mundo espiritual (André Luiz, Luís Sérgio e outros) é um logro? Não sabemos mais do que no século XIX?
Não afirmou-se que as obras desses autores é logro. Mas existem algumas contradições com os ensinos dos Espíritos superiores. Por isso deve-se estudar e estudar muito. É a única forma de sabermos distinguir a verdade da impostura. A psicografia de Chico Xavier é de grande credibilidade, mas não incontestável, pois ele não é perfeito. Não devemos acreditar cegamente no que os Espíritos dizem sem um exame racional. É isso o que nos ensina Allan Kardec. Isso, no entanto, não invalida sua obra nem de outros médiuns idôneos. A gente só precisa saber o que é certo, para aproveitar o que é útil. Como diz Paulo de Tarso: analisa tudo, retenha o que é bom. Os Espíritos que se aborrecem quando são questionados são de natureza atrasada, segundo o ensinamento do Espírito de Verdade. Se tivermos que rever algum ponto onde se tenha dado uma interpretação errônea das idéias da Codificação o faremos sem o menor constrangimento, desde que seja para o restabelecimento da verdade que emana dos ensinamentos dos Espíritos superiores.

Nota: Veja a mensagem dos Espíritos sobre o assunto, recebida no Grupo Espírita Bezerra de Menezes e Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec.

O sacrifício de animais para acabar com o sofrimento de uma doença incurável ou para controle populacional é certo? Como o Espiritismo vê esta questão?
O sacrifício de animais é visto com naturalidade pela Doutrina Espírita, tendo em vista a natureza evolutiva do nosso planeta que abriga seres que ainda necessitam sacrificar animais para satisfazer suas necessidades básicas de nutrição, por exemplo. Tendo o sacrifício dos animais um fim útil, não sendo para satisfazer desejos insanos (como, por exemplo, as brigas de galo, os clubes de caça etc.), não pode se configurar em delito. Certamente que o julgamento da necessidade ou não do ato deve ser baseado nas leis vigentes estabelecidas, caso contrário o mundo entraria em colapso por desequilíbrio do ecossistema.

Como podemos considerar a eutanásia nos animais? Sendo atribuído aos animais um princípio espiritual, que após a sua morte são utilizados quase que imediatamente, e não uma alma propriamente dita. Seria permitida então a eutanásia, em animais, em casos terminais?
A eutanásia nos animais não pode ser analisada da mesma forma como nos homens. O sacrifício de animais é visto com naturalidade pela Doutrina Espírita, tendo em vista a natureza evolutiva do nosso planeta que abriga seres que ainda necessitam sacrificar animais para satisfazer suas necessidades básicas de nutrição, por exemplo. Tendo o sacrifício dos animais um fim útil, não sendo para satisfazer desejos insanos (como, por exemplo, as brigas de galo, os clubes de caça etc.), não pode se configurar em delito. Certamente que o julgamento da necessidade ou não do ato deve ser baseado nas leis vigentes estabelecidas, caso contrário o mundo entraria em colapso por desequilíbrio do ecossistema. A eutanásia segue o mesmo raciocínio, pois o sacrifício geralmente é para livrar o animal de um grande sofrimento.
Quando ficam doentes, os animais não sofrem no sentido em que normalmente se entende o sofrimento. No homem, o sofrimento funciona como um depurador de suas imperfeições, estimulando seu desenvolvimento moral. O animal não tem vida moral e por isso suas dores são apenas físicas. Claro, todas essas impressões positivas e negativas fazem parte das experiências que se acumulam para edificar o futuro ser pensante. Portanto, o sacrifício dos animais em fase terminal de doença não constitui uma infração à lei. Mas se esse ato, trouxer dor e remorso para quem o faz ou o autoriza, melhor não praticar e esperar a morte naturalmente.

Após a morte dos animais a alma irá habitar que plano? A morada dos Espíritos? Eles continuarão a ser os mesmos? A alma dos animais voltará ao todo? Seu dono quando desencarnar poderá vê-lo?
A vida dos animais não tem a mesma relevância que a vida dos homens. Eles não têm a compreensão das leis, portanto não estão sujeitos a ela com a mesma intensidade e responsabilidade dos homens. Quando morrem vão para os planos espirituais também, mas não para aprender, como fazem os homens, mas para uma breve parada, digamos assim, aguardando que seu princípio espiritual seja quase que imediatamente aproveitado em outros corpos de animais. O instinto de afeto que desenvolvem com seus donos é explicado pelo amor que recebem deles (dos donos) que faz com que neles se desenvolva um instinto, mas que não é um sentimento desenvolvido como nos homens. Basta ver que quando se separam de seus donos rapidamente esquecem seus "afetos" e se acostumam com outro. Se olharem novamente os antigos donos poderão ser estimulados neurologicamente e lembrar da antiga vida, mas isso nada tem a ver com laços verdadeiros de afeto existente entre os homens. As pessoas que se ligam exageradamente a animais geralmente tem grande dificuldade nas relações interpessoais. Os animais não se encontram na vida espiritual com seus donos, principalmente porque não se demoram por lá. O local onde estão é no plano espiritual mais próximo da Terra, nas colônias transitórias. Nos planos superiores da vida não se vê animais.

Por que se verifica entre os animais domésticos, uma variada diferença de sorte? Uns vivem na opulência e outros vagam pelas ruas em estado de miséria. Há algum tipo de débito reencarnatório?
Os animais se encontram numa fase primitiva da evolução. Possuem rudimentos da inteligência, mas não pensam. Como não possuem consciência de si mesmos, não estão sujeitos ao processo expiatório. A situação de abandono em que vivem alguns animais domésticos é reflexo da inferioridade moral das espécie humana. Dentre outras coisas, seria mais justo que o homem cuidasse melhor deles. Se observarmos os animais na natureza, longe dos lugares onde vivem os humanos, veremos que todos são tratados por Deus da mesma forma. Cada um deles vive a experiência orgânica de que necessita naquele estágio, tendo em vista caminharem para um grau mais elevado na hierarquia do Espírito. Recomendamos o estudo das questões 592 e 610 de O Livro dos Espíritos.

 






 

Evocações a respeito de Espíritos de animais

Recebidas no Grupo Espírita Bezerra de Menezes e Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec

Evocação nº 01
Espírito: São Luís
Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec
Data: 30.03.99

Pergunta: Existem animais na erraticidade?

"Analisemos a questão. Sabeis através dos estudos realizados e dos ensinamentos deixados pelas Entidades Superiores que trabalharam no advento do Consolador, que as almas dos animais não têm utilidade e nem razão de ser no mundo espiritual mais elevado. Entretanto, nas colônias transitórias próximos ao vosso orbe eles são encontrados e têm a utilidade parecida com a encontrada na Terra. Razão pela qual encontram-se relatos de cantos de pássaros, bem como de latidos de cães e caravanas de animais que a vós vos parece tão familiar. Certamente que tudo regido pelas leis de Deus e vontade dos Espíritos que trabalham em Seu nome.

Sabeis que as colônias transitórias são como uma projeção mais bem elaborada de vossa morada terrena e tudo o que nela existe tem alguma correlação também alhures, inclusive nos planos astrais mais inferiores. Entendei, porém, que tudo se dá em outra dimensão. Não têm, portanto, a mesma importância que se dá aos eventos da carne. Deveis compreender que a Codificação foi elaborada visando moradas mais elevadas onde não mais existem ambientes materializados como se encontram nas colônias e mundos semelhantes. Moradas, onde os Espíritos já atingiram um grau superior de adiantamento moral. É a esta situação que as obras primeiras se referem. Foi a esse respeito que o Espírito de Verdade deixou instrução.

Vosso pouco conhecimento vos torna embotados ao ensino mais profundo do que é a Verdade. Buscai na humildade e na sinceridade a chave para adentrar num campo mais afortunado do aprendizado e vereis que conheceis muito mais do que pensais, pois os Espíritos do Senhor buscam aqueles que, de boa-vontade e de coração aberto, têm a sede sincera do saber" – São Luís.

Evocação nº 02
Espírito: Erasto
Grupo Espírita Bezerra de Menezes
São José do Rio Preto, SP
Data: 02.04.99

Evocação de um Espírito instrutor para falar sobre os Espíritos de animais

  • Aqui estou para auxiliardes dentro dos meus conhecimentos sobre o tema pretendido.

Poderíeis nos esclarecer se os animais possuem erraticidade e se mantêm suas individualidades?

  • Sim, eles possuem certa erraticidade, pois suas individualidades são mantidas após a morte do corpo físico. Porém, é necessário compreenderdes que não se pode considerar seu estado como aquele que passam os Espíritos dos homens. São duas condições diferentes. Numa, o Espírito tem inteligência e vida moral. Noutra, apenas os rudimentos da inteligência e completa inconsciência de si mesmos. Os primeiros aguardam a reencarnação para expiar o passado delituoso. Os segundos, apenas um novo corpo para seguirem desenvolvendo-se no processo que lhes é próprio.

Poderíeis nos explicar melhor esta diferença?

  • Um deles, o Espírito do homem, encontra-se em determinada região do plano espiritual devido a sua condição moral, que determina a posição na hierarquia espiritual. O outro, o espírito do animal, é projetado após o desencarne em regiões apropriadas ao seu grau de evolução. Como não possuem as mesmas condições mentais, ou seja, de estrutura psicológica, não podem ocupar a mesma situação no mundo dos Espíritos.

Mas, o mundo espiritual não é semelhante ao mundo terreno?

  • Depende do que se entende pela palavra "semelhante". Determinadas regiões astrais são muito parecidas com a superfície terrena e elas freqüentemente abrigam Espíritos de homens e de animais. Mas não na mesma faixa vibratória. Quando encarnados, eles vivem na mesma dimensão devido o aprisionamento que o corpo lhes proporciona, mas, uma vez libertos da matéria, cada um é atraído para as regiões que lhes são próprias. Não deveis fazer confusão entre esses dois estados. Quando desencarnados, não vereis a Jesus, pois entre vós e Ele há uma diferença vibratória considerável, determinada pela alta condição moral e intelectual do seu Espírito. Os animais estão para os Espíritos dos homens, assim como os homens vulgares estão para o espírito do Senhor. Pensai e entendereis.

Mas os Espíritos de animais podem ser vistos em regiões denominadas colônias espirituais?

  • Sim, eles podem ser vistos em ambientes que se delimitam com as regiões astrais onde suas almas estacionam, numa espécie de erraticidade, aguardando serem conduzidos por Benfeitores dedicados à tarefa de os transportar à experiência carnal.

Mas, já se ouviu dizer que alguns Espíritos de animais são utilizados em caravanas socorristas feitas em regiões umbralinas. Isso é verdade?

  • Sim, esses Espíritos de animais podem ser guiados por entidades esclarecidas de modo a procederem de determinada maneira. Mas sua ação no plano invisível limita-se a certas faixas vibratórias e à vontade desses Espíritos que lhes impõem o desejo à vontade.

Eles sabem que estão fazendo um serviço junto a outros Espíritos?

  • Como vos foi dito. Animais são sempre animais. Não possuem consciência de que agem por vontade de Entidades superiores.

Mas, sem a ação dessa vontade superior, como ficaria o Espírito desses animais?

  • Estacionados nas faixas que lhes são inerentes, aguardando seu renascimento na matéria; um tempo que poderá ser mais ou menos longo, conforme o plano dos Espíritos diretores do orbe.

Tem-se ouvido falar que em regiões trevosas Espíritos de animais ferozes e de aparência horripilantes, aparecem a visitantes que "viajam" a essas regiões. Como pode ser isso? Esses Espíritos são verdadeiros?

  • Pensais e encontrareis a resposta facilmente. Como determinar se o Espírito de um animal é bom ou mal, se ele não tem vida moral? Qual lei determinaria sua situação no plano invisível, se ele não pensa ou se conduz por atos morais? Assim, podeis compreender que tais formas horrendas, que atormentam almas ou Espíritos que vão a estas regiões são, em verdade, Espíritos maus transfigurados, ou projeções mentais provocadas por eles. Já afirmamos e repetimos: As formas espirituais que animam os animais e as plantas, possuem cada uma, as faixas vibratórias das "regiões espirituais" que lhes são apropriadas. Nos mundos transitórios, "as colônias", só são observadas tais formas caso esses ambientes estejam em relação direta com essas faixas. De outro modo, plantas ou animais que ali são vistos são produtos da projeções mentais de Espíritos superiores que cuidam de administrar esses lugares reservados a desencarnados a caminho da luz.

Os Espíritos afirmaram na Codificação que as formas espirituais que animam os animais são utilizadas quase que imediatamente para novas reencarnações. Que tendes a dizer a respeito?

  • Afirmo-vos que as coisas não se passam tão rapidamente como imaginam. Considerai que o tempo entre o plano material e espiritual possui significativa diferença. Já não foi dito que um ano para Deus é mil anos para os homens? Pensais e obtereis a resposta.





Outras perguntas

Porque os livros de Ramatis não são estudados com aprofundamento nos centros espíritas?
Os livros de Ramatis sofreram influência do esoterismo, pois o médium Hercílio Maes, que os psicografou nunca foi espírita. Não vemos motivo para que sejam estudados nas casas espíritas, uma vez que conceitos exarados dessas obras, muitas vezes são contraditórios com os ensinos da Doutrina Espírita.

Porque vocês evocam Espíritos se os livros psicografados instruem para não fazê-lo?
O conselho para evitar as evocações dos Espíritos foi dado pelo espírito Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier e foi assimilado pelo movimento espírita como uma verdade. Entretanto, Allan Kardec ensina exatamente o contrário. Dedicou todo o capítulo 25 de O Livro dos Médiuns para este tema, instruindo em como fazê-lo com segurança.

Qual a importância da Bíblia?
A Bíblia é o livro que mais influência exerceu e exerce em toda a história da Humanidade. Contém a Mensagem Divina, trazida por Jesus para libertar o homem da situação de ignorância espiritual em que vive, além da evolução do pensamento divino e o plano do Criador para suas criaturas. Deveria ser examinado com respeito e interesse de aprendizado, mas é visto com preconceito pela maioria dos espíritas, pela pouca compreensão dos reais objetivos da Doutrina Espírita.

Temos uma reunião de desobsessão para resolvermos problemas da casa, dos trabalhadores e dos pacientes. É prudente separar as reuniões em dias específicos só para trabalhadores?
As reuniões de desobsessão têm um objetivo só e todos que precisam dela são necessitados de ajuda, quer sejam trabalhadores ou não. O trabalhador que entra em tratamento, o faz como qualquer paciente e as reuniões são realizadas do mesmo jeito, no mesmo horário, sem que haja necessidade de se ter um dia apenas para atender trabalhadores. Convém recordar aqui que as reuniões de desobsessão são privativas e não devem ter a presença de trabalhadores ou mesmo pacientes obsediados.

Temos uma equipe médica espiritual que em uma sala específica e incorporados atendem aos pacientes com problemas físicos. Em outra sala ou na mesma do atendimento anterior, os pacientes que apresentam problemas obsessivos são orientados a freqüentarem as reuniões de desobsessão, por mais tempo até que obtenham melhora. Algum inconveniente nisso?
Em dias de reunião de desobsessão ou da lida com a mediunidade não deve haver público, nem mesmo trabalhadores perturbados. Os pacientes não devem participar das sessões, mas apenas da reunião de explanação do Evangelho, em dia específico, que não seja o dia da desobsessão.
- Não há necessidade dos médiuns atenderem os pacientes, "incorporados". Esse é um procedimento inadequado e estimula a fantasia nas pessoas atendidas e a vaidade nos médiuns menos vigilantes. É um procedimento que tem origem na Umbanda e foi trazido para as práticas espíritas por quem não tinha conhecimento das orientações de Allan Kardec sobre a mediunidade. Deve ser abolido nas casas espíritas sérias e assistidas por Espíritos superiores. Os passes (comum, desobsessão e cura) devem ser dados de forma simples, por passistas, e mesmo que sejam médiuns ostensivos, não precisam “incorporar”.

Temos uma sala, onde ficam os médiuns de passividade, médiuns de sustentação e doutrinadores para atendimento às pessoas com seus problemas obsessivos. Algum inconveniente?
A reunião de desobsessão deve ser feita em dia específico só para esse fim, sem que os pacientes assistam. É uma reunião reservada, e só as pessoas idôneas e que tenham conhecimento da mediunidade, segundo as instruções de O Livros dos Médiuns, podem participar. “Médiuns de sustentação” é um termo impróprio que Allan Kardec não considera. Os médiuns devem trabalhar no intercâmbio ou nos passes. O que sustenta o trabalho não são os fluidos deste ou daquele médium, mas a força fluídica que decorre do equilíbrio, harmonia e seriedade que existe entre os membros da equipe. Tal conceito é retirado da literatura acessória, não é orientação kardequiana.

No salão público ficam os pacientes, ouvindo um dos palestrantes onde se orienta a todos sobre os trabalhos, e estuda-se vários temas à luz da Doutrina Espírita, com obras subsidiárias de Emmanuel e André Luiz, além de algumas outras que venham a ser necessárias.
Nos estudos públicos deveriam ser feitas palestras sobre o Evangelho Segundo o Espiritismo, complementadas com orientações de O Livro dos Espíritos. As obras de Allan Kardec devem ser estudadas em dias apropriados para esse fim, com grupos de pessoas que queiram se aprofundar no estudo da Doutrina. A prioridade é a evangelização ou moralização do Espírito. O povo sofredor, aquele que procura o centro por problemas de toda ordem, precisa das lições moralizadoras do Evangelho de Jesus. Os livros da literatura acessória deveriam ser lidos em outras oportunidades.

Em nosso trabalho, os médicos espirituais fornecem remédios aos pacientes com problemas físicos e/ou àqueles que eles vejam a necessidade de algum medicamento. Sendo esses em garrafas de 500ml com água fluidificada. Orientados a tomarem este medicamento em jejum pela manhã e a noite ao deitar-se.
Não se deve prescrever remédios em centros espíritas, mesmo que sejam por orientação de Espíritos. A medicação utilizada deve ser apenas através da fluidoterapia. Necessário fazer uma distinção entre a terapêutica espiritual e a terrena. A água fluidificada que deve ser consumida do jeito que a pessoa quiser, na hora que achar conveniente. Importante evitar fantasias em torno desse simples procedimento. Não é aconselhável a prescrição de medicamentos alopáticos, fitoterápicos ou homeopáticos nas atividades espíritas.

Como proceder no passe em crianças? É bom ter um horário só para atendê-las?
O passe em crianças em nada difere do passe ministrado aos adultos. O procedimento é simples e deve ser feito após as reuniões públicas, juntamente com todos.

Temos conhecimento do apoio da FEB ao Esperanto e, ultimamente, do Conselho Espírita Internacional. Há instrução expressa desse Conselho para divulgação e estudo do Esperanto entre os espíritas. No próximo Congresso Internacional de Espiritismo o Esperanto (por determinação desse Conselho) será a língua oficial. Há mensagem de Emmanuel, através de Chico Xavier e de outros Espíritos, através de Divaldo Franco, recomendando o Esperanto aos espíritas. Pelo exposto, gostaria de saber a razão pela qual este site não dá nenhuma atenção ao Esperanto?
O Esperanto e sua finalidade no mundo é mais uma das fantasias que faz do movimento espírita uma grande babel doutrinária. Não concordamos com essa idéia, portanto não vemos razão em divulgá-la. Que queiram estudar o Esperanto com uma língua a mais a ser incorporada ao patrimônio intelectual do Espírito é um direito que assiste a todos, mas daí a dizer que será a língua do futuro ou que é a linguagem dos Espíritos em torno do orbe, vai uma distância muito grande. Esta é mais uma das opiniões perdidas entre os espíritas que não encontram sustentação na racionalidade. Pretender que o Esperanto seja a língua oficial de um congresso é o mesmo que voltar às fábulas do catoliscismo da Idade Média, com o seu indispensável “latim”. Não é de supreender-se que tal procedimento esteja em pauta, afinal, o movimento espírita é produto do pensamento de Jean Baptiste Roustaing, com seu catolicismo disfarçado de Espiritismo. A FEB divulga seus livros e espalha o espírito dessa perniciosa doutrina entre os mais simples, que sequer sabem de sua existência.

No estado de loucura quem está doente? O Espírito, o corpo físico ou ambos?
Na loucura verdadeira, ambos estão enfermos, pois trata-se de uma expiação para o Espírito em débito com a Lei de Deus. Importante ressaltar que a loucura pode, em alguns casos, aparecer sem que o cérebro físico esteja comprometido. É a loucura observada por Esquirol, onde o organismo físico não apresentava avarias e que o Espiritismo veio explicar mais tarde como loucura obsessiva, provocada por um Espírito desencarnado.

Porque o suicídio é um erro tão grave e sem perdão se a pessoa só fere a si mesmo?
Não existe erro sem perdão. Todos estão sujeitos à Lei de Causa e Efeito, pois Deus é justo e misericordioso. Quanto ao fato de que o suicida só fere a si mesmo, diremos que em todos os danos que se causa aos outros, o primeiro ferido é a própria pessoa. No suicídio, o ato pode se tornar bem mais grave, porque a vida é uma oportunidade que se têm de crescimento e apenas a Deus cabe decidir até quando se há de permanecer nela. Os suicidas sofrem muito quando descobrem essa realidade, como sofrem todos os que praticam qualquer ato contrário às leis de Deus. Sua gravidade depende unicamente da intenção que ocasionou a falta.

Em minha cidade tem uma jovem que recebe um Espírito de uma mulher que pede para ela desenhar, escrever música, poesia e tudo mais, na casa dela, fora da casa espírita. Muitas pessoas estão estimulando e achando bonito o procedimento, inclusive dirigentes de casas espíritas. Isso é correto?
A mediunidade praticada sem a segurança de uma casa espírita idônea e sem a orientação devida é muito perigosa. Os Espíritos que se envolvem com esse tipo de prática são brincalhões, enganadores e muitas vezes fascinadores. Situações como essas são características de processos obsessivos e só estimula quem desconhece completamente as orientações de Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, sobre a prática da mediunidade.

Tenho mediunidade e sinto necessidade de trabalhar, portanto trabalho sozinho em casa. Há algum inconveniente nisso?
Os médiuns que trabalham sozinhos são muito mais sujeitos à ação nefasta dos Espíritos enganadores. Não aconselhamos tal procedimento. Ninguém pode trabalhar na mediunidade porque tem necessidade ou porque quer praticar a caridade. Isso é um equívoco. A mediunidade é um dom que Deus dá ao homem para servir à causa do Bem e, dessa forma, crescer em moralidade. A prática da mediunidade sem orientação causa muitos prejuízos a que dela se serve.

Qual a missão do Espírito na Terra?
A missão maior de todo Espírito encarnado na Terra é a de trabalhar para sua evolução espiritual através da busca do conhecimento. Todas as oportunidades que o homem tem na vida, trabalho, profissão, religião etc, são ferramentas que deverão ser utilizadas para esse fim.

Qual a visão do Espiritismo sobre a epilepsia?
A epilepsia é uma doença neurológica, como qualquer outra doença que pode afetar o organismo humano. Deve ser tratada com os especialistas da medicina terrena. A terapêutica espírita poderá ajudar na recuperação do equilíbrio físico do enfermo, se for ministrada adequadamente, sem nunca dispensar a assistência médica. Muitas pessoas confundem as crises epilépticas com sintomas obsessivos ou mediunidade a ser desenvolvida, o que é um grave erro.

A epilepsia é obsessão?
Não. Epilepsia é uma coisa e obsessão é outra. A obsessão pode, às vezes, se apresentar com os sintomas da epilepsia, e o epiléptico pode ser portador de um processo obsessivo. Daí a confusão que muitas vezes é feita entre uma coisa e outra. O conceito que existe no meio espírita de que os epilépticos são médiuns que deveriam desenvolver suas mediunidades é completamente errônea.

Sobre a polêmica dos livros de Roustaing, penso que as Obras da Codificação são a pedra basilar da Doutrina Espírita, portanto imprescindíveis. Mas acho também que a Federação Espírita Brasileira é uma instituição séria e não merece as críticas feitas a ela. Porque não tentar o entendimento?
O fato da Federação Espírita Brasileira ser uma instituição séria não a isenta de ser criticada quando suas ações são contraditórias em relação ao ideal kardequiano. Reconhece-se o valor do trabalho empreendido por ela, mas também sua responsabilidade maior na grande confusão em que se tornou o movimento espírita. Se tivesse seguido as instruções de Allan Kardec desde sua formação, teria desenhado um outro desfecho para o pensamento espírita em nosso país e não esse que se vê por aí, cheio de idolatria, fantasias e vaidades.

A obra de Roustaing é falsa?
Não se trata de dizer se a obra de Roustaing é verdadeira ou falsa. Ela é simplesmente contrária aos princípios espíritas, portando não deve ser estudada e nem divulgada como uma obra espírita. O pensamento extraído desses livros contaminou o movimento espírita, sob o aval da Casa Máter do Espiritismo no Brasil. O resultado é a prática de um “Espiritismo católico” feito à moda do Brasil, bem distante do que prescreveu Allan Kardec em sua Constituição do Espiritismo.

Gostaria de obter informações sobre princípio vital?
O fluido universal é a matéria básica fundamental de todo o Universo material, a matéria elementar primitiva que serve de ponto de partida para a origem dos elementos físicos conhecidos. Este fluido universal preenche todo o espaço existente entre os mundos. Tudo está envolvido por este fluido, podendo-se dizer que o Universo vive imerso nele como peixes num aquário. A matéria é uma das variações do fluido universal e existe em diversos estados na natureza, variando infinitamente da ponderabilidade (solidez) à imponderabilidade (eterização).O fluido vital é a modificação mais importante do fluido universal. Ele é o responsável pela força motriz que movimenta os seres vivos. No capitulo IV de O Livro dos Espíritos, os instrutores explicam que a mesma força (lei de atração) une os elementos orgânicos e os inorgânicos, porém nos orgânicos é animalizada, ou seja, está unida ao fluido vital que lhe dá a vida. Os seres inorgânicos não possuem vitalidade e são formados apenas pela agregação da matéria.

Se o sonho é a libertação do Espírito em momento de descanso do corpo físico, como se explica o fato de se sonhar com pessoas que não estão dormindo naquele momento?
Durante o sono, que é o momento de descanso para o corpo físico, o Espírito desliga-se parcialmente e normalmente é atraído para os locais de sua afinidade. Alguns, porém, não conseguem sair das proximidades de seu corpo em função de sua extrema ligação com a matéria. Com relação aos sonhos, nem sempre são recordações das experiências do Espírito durante o sono. A maioria deles são imagens gravadas no subconsciente relacionadas às atividades do dia-a-dia que afloram durante o sono. São muitas vezes imagens misturadas e sem conexão entre si, razão pela qual alguns sonhos são incompreensíveis. Quando o indivíduo sonha com uma determinada pessoa, nem sempre significa que a encontrou durante o repouso do corpo físico. Uma pequena porcentagem apenas se refere a experiências reais do Espírito durante o sono. Quando ocorre estas experiências, embora não haja a lembrança, as lições que por ventura foram dadas ao Espírito neste momento, ficarão gravadas no seu subconsciente e aflorarão no momento oportuno, quando puder trazer ao Espírito os benefícios necessários.

Se quando estamos na vida terrena não mais lembramos dos erros que cometemos em vidas anteriores, como podemos corrigi-los? Como se explica os conflitos entre seres de uma mesma família que deveriam viver em harmonia?
Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", no capítulo V, que trata das aflições, Allan Kardec explica a razão e a necessidade que se tem de esquecer o passado. No entanto, este passado não fica totalmente esquecido, pois basta verificar as tendências do Espírito para se ter uma idéia do que ele foi. Os erros voltarão a incomodar o Espírito devedor e, diante do livre-arbítrio e poderá corrigir-se definitivamente. A correção das deficiências passa pelo conhecimento da Lei, no esforço pessoal de cada um para melhorar-se. No capítulo IV, o Codificador trata das questões familiares. As encarnações nos núcleos familiares podem se dar por afinidade ou compromissos de ajustes. Assim pode-se compreender que entre os membros de uma família há os que são mais afinizados e outros que têm dificuldades de relacionamento. Podem também encarnar em um núcleo familiar Espíritos que não tenham afinidade ou débitos. Neste caso eles podem estar ali com o objetivo de ajudar aquele núcleo ou então de serem ajudados pelos que compõem aquele grupo familiar.

Quais as provas da existência de Deus?
Em "O Livro dos Espíritos" na questão 4, Allan Kardec faz esta pergunta aos Espíritos Superiores que assim respondem: "Num axioma que aplicais às vossas ciências: Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá". O Codificador acrescenta: "Para crer em Deus é suficiente lançar olhos às obras da Criação. O Universo existe; ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pode fazer alguma coisa".

A reencarnação em nosso atual estágio evolutivo pode ser obrigatória, mesmo quando o Espírito ainda não se sinta pronto para reencarnar? Em caso positivo, como fica o livre-arbítrio?
O livre-arbítrio aumenta na medida em que o Espírito evolui. Assim, um Espírito ainda primitivo tem o livre-arbítrio limitado e sofre reencarnações compulsórias, ou seja, obrigatórias para seu crescimento. O Espírito de evolução mediana tem o livre-arbítrio relativo à sua evolução, porém não poderá ficar indefinidamente no plano espiritual a pretexto de não ter condições de reencarnar. Neste caso, poderá ser obrigado a isto para seu próprio bem.

O que se pode fazer para ajudar uma pessoa que desencarna sem saber da realidade da vida depois da morte? O que se deve fazer para que ele fique bem?
Todos os Espíritos ao desencarnar passam por momentos de perturbação de duração variável, dependendo de seu nível evolutivo. Após este período, são ajudados pela equipe espiritual a se adaptarem no mundo do além-túmulo, mesmo os que não têm maiores conhecimentos sobre este mundo, pois o que importa são os bens morais que levam consigo. Pode-se ajudá-lo através de preces sinceras, pedindo aos amigos espirituais que os amparem.

Gostaria de saber a opinião de vocês sobre a Transcomunicação Instrumental (TCI). Sobre a seriedade das pesquisas, sobre as "revelações" da espiritualidade neste campo. Se tais mecanismos de intercâmbio seriam um desenvolvimento natural da comunicação entre os dois planos?
Segundo o que ensina Allan Kardec, tratam-se de simples fenômenos de efeitos físicos e os Espíritos que se utilizam deste meio de comunicação são pouco adiantados, não tendo condições assim, de fazerem grandes revelações. Estes mecanismos não podem ser um desenvolvimento natural da comunicação entre os dois mundos pois, como sabemos, quanto mais evoluído é o Espírito, mais sintonizado está com o mundo espiritual. Assim, nos mundos mais evoluídos os Espíritos encarnados estão em sintonia direta com os desencarnados dispensando, portando, qualquer parafernália material. Achar que este é o meio de comunicação do futuro entre os dois mundos é admitir que Deus substitui o homem pela máquina, o que é contrário aos ideais de purificação do Espírito. A tese da Transcomunicação não se sustenta e não encara a razão face a face. Ruirá como ruiu todas as doutrinas de homens pelos séculos afora.

Deve-se forçar as crianças a participar do estudo do Evangelho no Lar?
Forçar não, mas deve-se ter argumentos convincentes para fazê-los ouvir as instruções, afinal é a base moral que está sendo alicerçada na vida deles. Se não se convencerem da necessidade, os pais devem utilizar de sua autoridade como o fazem para que eles se instruam nas escolas de formação intelectual. Deixar que as crianças escolham o que fazer é atitude insensata de que os pais poderão se arrepender amargamente mais tarde.

Gostaria de maiores esclarecimentos sobre o batismo. Por que os espíritas não batizam, uma vez que Jesus foi batizado?
O batismo é um dogma católico, proveniente do judaísmo. É um ritual, apenas. Jesus foi batizado porque João, O Batista, batizava as pessoas no rio Jordão para assinalar uma nova ordem que estava por vir, e que ele anunciava. Jesus foi até ele e se submeteu ao batismo para que se cumprisse o que estava escrito sobre o reconhecimento de Jesus por João, como de fato se deu. A partir dali, João se recolheu e Jesus iniciou sua tarefa. Mas Jesus não batizou ninguém, a não ser com o batismo do Espírito Santo que era o de colocar o homem em condições de divulgar a Boa Nova. O Espiritismo é o Cristianismo redivivo e, como tal, não tem dogmas, nem rituais nem atos exteriores.

Grupo Espírita Bezerra de Menezes

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